Três maneiras de escrever para crianças, segundo C. S. Lewis

Sara Muniz

Três maneiras de escrever para crianças, segundo C. S. Lewis

Clive Staples Lewis é o autor de “As Crônicas de Nárnia” que reúne sete livros, ou melhor, sete histórias para crianças que acabaram se tornando obras aclamadas pelos leitores e autores de ficção fantástica. Na edição em português, da editora Martins Fontes, o último texto do volume único é justamente intitulado como “Três maneiras de escrever para crianças” e, após lê-lo e fazer algumas anotações, trouxe para vocês as ideias principais de cada uma dessas 3 maneiras.

Primeiramente, C. S. Lewis explica que para ele existem 3 maneiras de escrever para crianças: uma delas é má e as outras duas são boas.

A primeira maneira é a má, na qual os autores acham que escrever para crianças é um departamento pessoal, você precisa dar às crianças o que elas querem, o que elas supostamente gostam, assim como se faz com histórias para adultos. O autor até dá o exemplo de que muitos acham que para escrever uma história adulta, basta colocar uma cena de sexo, porque é disso que adultos gostam: coisas de adulto. E, quando ele descreve em “O leão, a feiticeira e o guarda-roupa” uma cena de chá, na qual ele descreve todas as delícias servidas pelo fauno Tumnus à garotinha Lúcia, ele não escreveu aquela cena pensando no quanto as crianças gostam de guloseimas, mas, sim, no quanto ele gosta de comer e beber. Então, jamais escreva para crianças pensando em “dar o que o público quer”.

A segunda maneira é quando você consegue não deixar evidente que você está escrevendo para crianças e pensando somente nelas. Então, não é necessário se referir especificamente a uma criança para escrever uma história para crianças. Segundo o autor, não se deve usar técnicas calculadas para agradar o gosto infantil, pois as crianças percebem. Para concluir, ele diz que deve-se criar um acordo, uma composição de personalidades, da qual surge a história.

A terceira e última maneira é escrever uma história para crianças fazendo uma leitura realista da infância, e não como um adulto pensando sobre a infância, porque de fato, é muito difícil uma adulto escrever uma história infantil sem pensar na nostalgia de ser criança para ele. Então a dica é, seja natural, não deixe que a sua maioridade estrague a sua narrativa. O autor coloca que para ele, um ótimo jeito de fazer parecer mais naturais as suas histórias, é usando a fantasia (literalmente o conto de fadas), porque esse o estilo do qual ele mais gosta e mais se identifica, portanto, tendo domínio sobre isso, ele consegue trabalhar muito melhor a sua leitura da infância.

“Uma história para crianças de que só as crianças gostam é uma história ruim. As boas permanecem”. (p. 743)

Para concluir, o autor diz que é necessário negar a pergunta “do que as crianças modernas gostam?” e adotar a pergunta “qual é a moral de que eu preciso?”, referindo-se à questão de que trazer uma moral com a sua história irá enriquecer muito mais a leitura que a criança irá fazer do que simplesmente dar elementos que ela supostamente gosta de encontrar quando lê.

Referência bibliográfica

LEWIS, Clive Staples. As crônicas de Nárnia. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009. (p. 741 – 751)

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