[Hora do Enem] Ambiguidade e redundância

Verônica Daniel Kobs

Ambiguidade

Quando a ambiguidade aparece, em um texto, caracteriza-se pela duplicidade de sentido, geralmente causada pela ordem das palavras no texto. Exemplo: O secretário da escola, Luís Xavier Silva, é querido pelos alunos. No período, o aposto “Luís Xavier Silva” gera dúvida. Esse será o nome da escola ou do secretário?
Corrigindo:
1. O secretário, Luís Xavier Silva, é querido pelos alunos.
2. A escola Luís Xavier Silva tem um secretário que é querido pelos alunos

Outros exemplos:
1. Este é o dono do carro de que lhe falei.
Ambiguidade: o interlocutor já havia falado do dono ou do carro?
Correção: Este é o carro de que lhe falei e aqui está o dono dele.

2. O chefe chamou o assistente nervoso.
Ambiguidade: quem estava nervoso (o chefe ou o assistente?)
Corrigindo:
O chefe, nervoso, chamou o assistente.
O chefe chamou o assistente, que parecia estar nervoso.

3. Arrumei a casa de minha mãe, que estava com problemas.
Ambiguidade: os problemas eram da casa ou da mãe?
Corrigindo:
Arrumei a casa, que estava com problemas e era de minha mãe.
Minha mãe estava com problemas e eu a ajudei, arrumando-lhe a casa.

Redundância
Redundância é a repetição de sentido, conforme demonstram estes exemplos: “criação de novas…”, “há cinco anos atrás”, “elo de ligação”, “encarar de frente”, “panorama geral”, “manter a mesma linha”, “pequenos detalhes”, “planos (ou projetos, ou sonhos) para o futuro”, “decisão unânime de todos”, “repetir de novo”, “reler mais uma vez”,…
Na escrita ou na fala, a redundância é um problema comum, mas que precisa ser corrigido. Nesse processo, ocorre um excesso de informação, marcado pela duplicidade, ou seja, por duas ideias que têm o mesmo sentido. Vejamos abaixo alguns exemplos recorrentes e o modo de evitá-los:

“Agora falta apenas o acabamento final.”
(Os dicionários já conceituam “acabamento” como “arremate final”. Sendo assim, a forma correta é: “Agora falta apenas o acabamento final.”)

“A escola promove a interação entre alunos e professores.”
(“Inter” é um prefixo latino que já significa “entre”. Portanto, o correto é: “A escola promove a interação entre de alunos e professores.”)

“Documentos importantes, como CNH, RG, CPF e etc., podem ajudar no processo.”
(“Etc.” é uma abreviatura latina que significa “e outras coisas”. Dessa forma, usá-la com o “e” duplica o sentido. Excluir o “e” é um modo de corrigir o problema: “Documentos importantes, como CNH, RG, CPF, etc., podem ajudar no processo.”)

“Baseado em fatos reais, o filme será exibido amanhã.”
(O termo “fato”, por si só, indica algo que é real. Então, a forma correta é: “Baseado em fatos reais, o filme será exibido amanhã.”)

“Qual é a outra alternativa?”
(A palavra “alternativa” veio do latim, língua em que “alter” significa “outro(a)”. Dessa maneira, basta a exclusão de uma palavra, para tornar o exemplo correto: “Qual é a outra alternativa?”)

“O eixo central do projeto é o enredo.”
(O termo “eixo”, por sua definição, sempre se refere ao centro. Sendo assim, mais uma vez a exclusão apresenta-se como o modo mais fácil de corrigir o erro: “O eixo central do projeto é o enredo.”)

“As cartas são o elo de ligação entre os capítulos.”
(“Ligação” e “união” são sinônimos de “elo”, razão pela qual usar o termo em questão associado a um sinônimo resulta em uma repetição gratuita e desnecessária. A forma correta é: “As cartas são o elo de ligação entre os capítulos.”)

“Prefiro mais doce a salgado.”
(Já está embutida a ideia de “gostar mais” no verbo “preferir”. Sendo assim, o certo é usar: “Prefiro mais doce a salgado” ou “Gosto mais de doce que de salgado.”)

“A empresa divulgou a criação de novos setores.”
(Para evitar a repetição de sentidos, nesse caso, basta optar por uma destas formas: “A empresa divulgou a criação de novos setores” ou “A empresa divulgou criação de novos setores.”)

“Quais são os seus planos para o futuro?”
(“Planos”, “projetos” e “sonhos” são coisas ou ações que ainda poderão ser realizadas. Sendo assim, o tempo futuro está implícito nessas palavras. Um modo eficaz de corrigir essa redundância é dizer ou escrever apenas: “Quais são os seus planos para o futuro?”).

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