O Marinheiro Tocado Pelo Vento

Farrel Kautely

Trabalho leve não dá direito a segundo prato

Por acaso o vento que me sopra do norte é o mesmo vento que me sopra do sul?, demonstrando que, ao contrário do que se mostraram minhas expectativas, não são todos os ventos distintos e sim todos os ventos apenas um?

São as marés oceânicas que movem um navio das Américas à África as mesmas que movem as embarcações chinesas aos arquipélagos da Oceania? São os ventos o assobio de um deus entediado e o Oceano Atlântico um mero punhado de água numa bacia?

A maré tocou-me os pés ao tempo em que os pelos dos meus braços eriçavam-se devido ao frio de um vento gélido que não vinha do norte e tão pouco do sul, e sim do leste, enquanto o Sol punha-se imponente à minha frente.

Ora, se o vento é um simples assobio e as ma-rés uma poça d’água, é o Sol quem sopra e toca o mar no horizonte.

“É o Sol quem me sopra e toca o mar no horizonte.”

“Quem me sopra e toca o mar no horizonte é o Sol.”

“Quem toca o mar no horizonte e me sopra? O Sol.”

Agora que percebo isso, não ouso navegar no-vamente nessa bacia… o Sol pode decidir afundar meu barquinho de papel.

 

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