Agora com Roberta Oliveira

— …com Roberta Oliveira. Boa noite, Roberta!
— Boa noite, Eduardo! Estou aqui no quadragésimo primeiro batalhão da polícia civil, local para onde [pausa] o agressor foi conduzido, Eduardo. Como você disse, Eduardo, Gustavo Arantes agrediiiu um rapaaaz que saiu de uma sessão do cinema e, ao ver uma fila para assistir o filme que tinha acabado de ver, gritou o final. A vitima teve o nariz quebrado e foi encaminhado para o hospital, Eduardo. Gustavo foi ouvido pela policia, Eduardo, e conversou com a gente aqui agora a pouco e alegou não se arrepender. É isso mesmo, Gustavo, você não se arrepende de ter quebrado a fuça do spoilero?
— Não me arrependo.
— Então você acha que é com violência que resolvemos nossos problemas?
— Quem está dizendo isso é você, não penso assim. Bati nele porque ele foi um otário. Não era o caso de evitar um ato infeliz, o ato já tinha sido feito. Então meio que o que fiz foi me vingar.
— Mas você não estava saindo da sessão também?
— Sim. Tinha acabado de ver o mesmo filme que ele.
— Então por que bateu nele?
— Já disse, ele foi muito otário. Mas também não acredito em justiça poética. Então tinha de fazer alguma coisa se quisesse me sentir melhor comigo mesmo.
— Bater nele fez você se sentir melhor?
— Ainda está fazendo.

 

 

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