Conto
Baby – por Zé Ciabotti
Baby, Já sequei a garrafa de Jack Daniels que compramos naquela noite em que dormimos no quarto doze do motel Delírius. Foi a primeira vez que sussurrei em seu ouvido ‘eu te amo’, ‘eu te amo’, ‘eu te amo’, enquanto a rádio AM tocava uma versão lenta de “Don’t Let me Down. I guess nobody … Ler mais
Cap. V
~> V – A caminho do trabalho – V <~ Até então meu dia estava perfeito, e eu refletia sobre isso enquanto caminhava por ali. Quando estava chegando perto da faixa de pedestres notei que um botão do meu terno havia desabotoado. Parei para abotoar, distraído, quando alguma coisa agarrou meu tornozelo. Levei um puta … Ler mais
Sujas de glacê
Desde muito cedo, aos onze, Paulinho já tinha responsabilidades demais. Apertava-se em um barraco de dois cômodos com a mãe e duas irmãs menores. O pai, alcoólatra, saiu cedo um dia e nunca mais voltou. Abandonara o colégio aos nove anos para ganhar alguns trocados lavando para-brisas, vendendo chicletes no semáforo e o que mais … Ler mais
[Conto] As ampulhetas do amor
Passei o dia tentando recriar a imagem mental daquela que seria a minha futura calma. Talvez semanas, obnubilado que eu estava. Mãos de algodão, que eram a expressão máxima do conforto, cabelos que a tornavam superior a qualquer outra da festa. Meu coração, hemorrágico, ainda não retomou seu ritmo habitual, descompassando os pulmões. Era o … Ler mais
Vai cortar essa unha, menino!
— Vai cortar essa unha, menino — a mãe disse, talvez pela septuagésima sétima vez. Ele a ignorou, gostava das unhas grandes. Estava se arrumando para ir a uma festa. Terminou de se arrumar. A mãe o acompanhou até o ponto de ônibus. — Você não cortou essas unhas? Ele aproveitou que o ônibus tinha … Ler mais
Homenagem
O Uno vermelho fosco tinha os dizeres Corações a Mil adesivados nas portas. Uma mulher com o cabelo descolorido desceu e passou a chamar o nome de Cristiane que, por sua vez, só abriu o portão depois da certeza de que a vizinhança ocupava as calçadas. Nos minutos seguintes, os alto falantes do Uno tocaram … Ler mais
Passarinho dismétrico
Um passarinho nasceu com uma perninha muito maior que a outra, e por isso não lhe convinha ficar no chão dando os pulinhos que os passarinhos dão quando estão catando os ciscos que estão por ali. Uma vez um moço jogou uma porrada de alpiste no quintal da casa e os outros passarinhos correram para … Ler mais
Pipa — por Zé Ciabotti
Cauã comemorou a paralisação dos professores por melhores salários, afinal seriam dois dias sem aula. Apanhou as moedas das sobras do seu trabalho como entregador de panfletos e correu pra papelaria. Comprou vareta, papel de seda, cola e linha dez. Sentado na calçada, como um artesão, confeccionou uma bela pipa. Corriam de um lado para … Ler mais
[Coluna semanal de Farrel Kautely]
— E aquela ali? Aquela ali não deixa a filha comer doces, mas fica mais gorda a cada dia. — Os doces são apenas pra ela. — Sem dizer que deixa o cachorro cagar no quintal do lado. — Sim, mas isso porque a vizinha jogou um pouco de lixo atrás da casa dela uma … Ler mais