As casas de Fernando Pessoa

Frank Wan

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1888 — Largo de São Carlos, n.º 4-4.º Esq. — Casa onde nasceu Fernando António Nogueira Pessoa, a 13 de Junho de 1888. Tem placa comemorativa. O edifício pertence à Caixa Geral de Depósitos, foi classificado pelo Instituto de Gestão do Património, recuperado e alugado.

As casas de Fernando Pessoa 1

1888 — 21 de Julho — Igreja dos Mártires, no Chiado, onde foi baptizado
Teatro de S. Carlos (na altura Real Teatro de S. Carlos), que o poeta frequentou. O pai, Joaquim de Seabra Pessoa, para além de funcionário público, era crítico musical no Diário de Notícias

As casas de Fernando Pessoa 2
Igreja dos Mártires
Chiado

1893-1896 — Rua de São Marçal, n.º 104-3.º — Depois da morte do pai, em Julho de 1893, a mãe, Maria Magdalena Pinheiro Nogueira, muda-se com os filhos para uma casa mais modesta nesta morada, onde também viria a morrer o seu irmão Jorge, apenas com um ano de idade. Poderá ter sido aqui que, aos sete anos, Fernando Pessoa escreveu a sua primeira quadra “ À minha mamã”.
Eis-me aqui em Portugal Nas terras onde eu nasci Por muito que goste delas Ainda gosto mais de ti
Em 1895 a mãe casa-se em segundas núpcias com o comandante João Miguel Rosa, cônsul português em Durban.

Em Janeiro de 1896 Fernando Pessoa parte com a família para Durban, na África do Sul, de onde regressaria definitivamente em Agosto de 1905. Entretanto, vem a Portugal passar férias em Agosto de 1901, vivendo temporariamente numa casa, cujo número se desconhece, numa transversal da antiga Rua Direita, em Pedrouços

Durante este período de férias vai com a família visitar outros familiares à Ilha Terceira, Açores, em Maio de 1901
1901-1902 — Ainda durante a sua estadia em Portugal, com a família, vive na Av. D. Carlos I, n.º 109-3.º-Esq, onde nasceu o irmão João Maria.

Parte novamente para Durban em Setembro de 1902, onde viriam a nascer os outros irmãos Henriqueta Magdalena, Magdalena Henriqueta e Luís Miguel

1905 — Tendo regressado sozinho definitivamente a Portugal, vai viver para casa da tia-avó Maria Cunha, em Pedrouços.

1905 — Rua de São Bento, n.º 19-2.º Esq. Aqui viveu com a Tia Anica, irmã de sua mãe.

1906 — Vai viver com o padrasto, a mãe e os irmãos, que tinham vindo de férias a Lisboa, para Calçada da Estrela, n.º 100-1.º, onde morreu a sua irmã Maria Clara.

1907 — Após o regresso da família a Durban, vive na casa da avó Dionísia e das tias-avós maternas, na Rua da Bela Vista à Lapa, n.º 17-1.º, e resolve criar a “Empresa íbis — Tipográfica e Editora”, na Rua da Conceição da Glória, 38 e 49.

1907 – Hotel Brito em Portalegre, onde passou escassos dias

1908 — Começa a trabalhar para escritórios comerciais como correspondente estrangeiro e vai viver sozinho para a Rua da Glória, n.º 4, r/c. Muda-se no mesmo ano para um quarto alugado no Largo do Carmo, n.º 18-1.º.

1912 —Vai viver com a tia Anica, na Rua de Passos Manuel, n.º 24-3.º-Esq.

1914 — Rua Pascoal de Melo, n.º 119-3.º-Dt.º A tia Anica muda-se para esta morada e Pessoa continua a residir com ela.
1915-1916 — Aluga um quarto, após a partida da tia Anica para a Suiça, em casa de uma engomadeira, na Rua D. Estefânia, n.º 127-r/c-Dt.º.

1916-1917 —Muda frequentemente de quartos alugados: da Rua Antero de Quental, para a Rua Almirante Barroso, n.º 12, à Estefânia (na sobreloja da Leitaria Alentejana) e ainda para a Rua Cidade da Horta, n.º 48 ou 54, 1.º esq.º (em casa do Sr. Sengo).

1917-1918 — Passa a viver num quarto também alugado na Rua Bernardim Ribeiro, n.º 11-1.º
1918 — Muda-se para a Rua St. António dos Capuchos, ao Campo de Santana (quarto alugado).

1919/1920 — Mora em Benfica: Alto da Boa Vista e, depois, na Av. Gomes Pereira, ainda em quartos alugados.

1920-1935 — A Mãe e os irmãos regressam a Portugal em 1920 e Fernando Pessoa acompanha-os na nova morada — um apartamento na Rua Coelho da Rocha, n.º 16-1.º Dt.º em Campo de Ourique. Esta será a sua última residência durante quinze anos e até à data da sua morte.

1935 — É internado a 29 de Novembro e morre a 30 de Novembro, às 20:30 horas.
no Hospital de S. Luís dos Franceses, Rua Luz Soriano, n.º 182

1935 — Cemitério dos Prazeres. Rua 1, Direita, n.º 4371 – O enterro é realizada a 2 de Dezembro, sendo o corpo do poeta depositado no jazigo da sua avó.

1988 — Mosteiro dos Jerónimos . No centenário do seu nascimento, os restos mortais de Fernando Pessoa foram transladados para o Mosteiro dos Jerónimos.

FIRMAS ONDE TRABALHOU

Rua da Prata. No n.º 267-1.º Dtº. Aqui foi correspondente no escritório Lavado, Pinto & C.ª Lda., entre 1913 e 1915.
No 1.º andar do n.º 71 existiam os escritórios da joalharia Moitinho, onde FP trabalhou de 1924 a 1935.
Rua de São Julião. No n.º 101 existia a firma Xavier Pinto & C.ª, FP recebeu a notícia do suicídio de Mário de Sá carneiro, em 1916.
No 3.º andar do n.º 41 da mesma rua, FP dirigiu outra firma de representações, entre 1917 e 1919.
Também no 1.º andar do n.º 52 da Rua de São Julião, FP possuiu outro escritório pessoal, na década de 20.
Rua do Ouro, n.º 87-2.º. Aí existiu, entre 1917 e 1918, a firma de “comissões e consignações” de Fernando Pessoa, Geraldo Coelho e Augusto Ferreira Gomes.
Rua dos Fanqueiros, n.º 44-1.º Aqui, nos escritórios da firma Palhares, Almeida & Silva, Lda. FP escreveu alguns excertos do Livro do Desassossego.
Rua da Victória, n.º 53-2.º Esq. Durante a década de 20, FP frequentava os escritórios de Frederico Ferreira & Ávila, Ld.ª
Rua da Assunção. No 2.º andar do número 42, era a sede da firma Félix, Valladas & Freitas, Ld.ª, onde o poeta e Ophélia Queiroz se conheceram, em 1919.
No 2.º andar do n.º 58 existiu a sede da editora Olisipo, dirigida por Fernando Pessoa e seu primo Mário Nogueira de Freitas, entre 1920 e 1923, e onde publicou os seus English Poems I e II e English PoemsIII.
Rua da Madalena, 109, onde existiu a primeira sede da Casa Serras.
Rua da Betesga, à Praça da Figueira. No 3.º andar do número 75, existia a firma Lima Mayer & Perfeito de Magalhães
Rua de S. Paulo, n.º 117. Neste edifício funcionavam os escritórios da firma Toscano & Cruz, Lda., onde FP foi correspondente a partir de 1920
Rua Augusta, n.º 228-1.º. Entre 1934 e 1935, FP trabalhou nesta morada, na Casa Serras (E. Dias Serras, Lda., Importação – Representações).
Campo das Cebolas, n.º 43-1º. No escritório de A. Xavier Pinto & C.ª Fernando pessoa recebeu, entre 1915 1 1917, grande parte da sua correspondência de pessoal.

LUGARES QUE FREQUENTOU

Dos vários cafés e restaurantes que Fernando Pessoa frequentou e que foram locais de animadas tertúlias ou de solitárias deambulações, destacam-se os seguintes.
Rossio:
A Brasileira do Rossio – inaugurada em 1911 e encerrada em 1960, foi referida frequentemente por FP em cartas á Tia Anica, a Mário de Sá-Carneiro e em apontamentos pessoais.
Restaurante Irmãos Unidos. O restaurante fechou em 1970 e a sua área foi anexada pela Camisaria Moderna. FP reunia-se neste café com Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros, António Ferro, Armando Côrtes-Rodrigues, Luiz de Montalvor, José Pacheko e Alfredo Guizado, a cuja família pertencia o restaurante. Nele esteve exposto, a partir de 1956, o célebre quadro de Almada Negreiros (pintado em 1954), representando FP à mesa de um café. Em Janeiro de 1970 este quadro foi adquirido em leilão, por Jorge de Brito, por um valor elevadíssimo para a época, e doado em Julho do mesmo ano à Câmara Municipal de Lisboa. Encontra-se actualmente exposto na Biblioteca da Casa Fernando Pessoa.
Largo D. João da Câmara, perto do Rossio. Café Martinho, onde se realizaram inúmeras reuniões do grupo de Orpheu. Este estabelecimento, contemporâneo do Passeio Público, foi substituído por uma agência bancária em 1969.
Cais do Sodré:
Café Royal
Café Gibraltar
Praça do Comércio, n.º 3 — Martinho da Arcada, ou Café da Arcada, como era conhecido na época.
Gaveto da Rua da Assunção com a Rua de Santa Justa — Café Montanha. Inaugurado em 1864, encerrou em 1952.
Rua Garrett 120 a 122 — A Brasileira (do Chiado). Foi inaugurado em 1905
Rua Primeiro de Dezembro — Restaurante Leão Pobre.
Rua dos Douradores — Restaurante Pessoa, onde o poeta almoçava frequentemente em 1913.
Rua dos Fanqueiros — Abel Pereira da Fonseca, onde foi tirada a célebre fotografia de Pessoa, de pé ao balcão, a beber um copo de vinho e na qual escreveu, com humor, a seguinte dedicatória a Ophélia Queiroz: Fernando Pessoa em flagrante delitro.

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