“Certas pessoas”, de Jonah Hill e Eddie Murphy, é insuficiente
A mais nova comédia da Netflix, lançada na última semana, o filme Certas pessoas (2023), estrelados pelos atores Jonah Hill e Eddie Murphy é decepcionante.
Com uma premissa interessante, porém nada inovadora (até aí tudo bem), a história acompanha o podcaster Ezra (Hill), um homem branco que por acaso conhece Amira (Lauren London), uma mulher negra, e se apaixona mesmo dentre as suas diferenças evidentes.
Na comédia, quem não estava mesmo disposto a lidar com esse fato eram as famílias. Eddie Murphy, que interpreta o pai da Amira, se vê diante do futuro genro que nunca sonhou, simplesmente pelo fato de ser branco. Do outro lado, a família de Ezra, sobretudo a sua mãe, aproveita toda e qualquer chance que tem de tratar a sua nora, a quem mostra até algum apreço, somente como uma mulher negra. Fica claro que a ela não importa nenhuma outra característica além do fato do seu filho ter trazido uma pessoa de raça distinta à família. É mais uma daquelas histórias que a família faz de tudo para atrapalhar um relacionamento promissor.
É em cima dessa premissa que a série se baseia, entretanto a comédia não se aproveita de abordar os temas, que são relevantes, com a naturalidade necessária. Pelo contrário, as abordagens são sempre jocosas e vazias. E claro, não é preciso mencionar, caro leitor, de que trata-se de uma comédia. É sabido. Mas até mesmo delas esperamos alguma profundidade, alguma coisa de seriedade na crítica, sobretudo quando estamos falando de um elenco tão importante, e não estou falando apenas do Murphy e Hill.
Para além do tema racismo e as diferenças culturais presentes no longa, o filme tem uma camada interessante no relacionamento do casal principal. Mas o desenvolvimento da trama caminha para uma superficialidade inesperada e o desfecho é tão pastelão como outras comédias que cansamos de ver ao longo das décadas.
Estamos falando de uma comédia que atraiu sobretudo pela premissa e pelo elenco, mas entregou resultados bem aquém da expectativa. Uma pena que “Certas pessoas” não seja, de fato, “tudo isso” que esperávamos.