Jacques Fux, vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura, participou do Recorte Entrevista desta semana.
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O Recorte Entrevista dessa semana teve o prazer de conversar com o autor Jacques Fux, 39, vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura (categoria de autores com menos de 40 anos) e que participou na última semana do Litercultura, em Curitiba. O escritor mineiro falou sobre suas referências literárias, a relação com as obras clássicas, a produção criativa dos seus recentes trabalhos (“Antiterapias” e “Brochadas – Confissões Sexuais de um Jovem Escritor”), entre outros temas. Conversa exclusiva ao blog Recorte Lírico, e você confere agora!
Foto: Alexandre Rezende/Folhapress |
RL – Você venceu o Prêmio São Paulo de Literatura na categoria “autor estreante” com a seguinte alegação do júri: “pela intensidade dramática, pelo olhar arguto e pela prosa poética com que arregimenta sua narrativa, a obra é uma grata novidade no cenário atual da nossa produção literária”. Acredita que sua obra de estreia na ficção sintetiza o que a literatura contemporânea exige dos escritores modernos?
Jacques – Acho que não. A literatura contemporânea é bastante diversa e híbrida. Temos que buscar novas formas de expressão, de linguagem, de intertextualidade e de releitura dos clássicos. Também acredito que minha literatura seja um pouco diferente: os contemporâneos brasileiros, creio, são muito sisudos, muito sérios e, por vezes, herméticos. Eu busco o lúdico, o chiste, a brincadeira, porém com rigor literário. É muito difícil fazer rir com qualidade literária, mas é isso que busco.
RL – Você coloca Borges como uma das suas principais referências literárias. Como a leitura desse autor, que é clássico – e que afirma em “História Universal da Infâmia” que o escritor une histórias alheias – influenciou sua produção literária?
Jacques – Eu considero Borges um dos mais inventivos escritores de todos os tempos. Além disso, ele sabe, como ninguém, fazer uso da história e teoria literárias para criar ficção. Eu também tento buscar nos clássicos, nos contemporâneos, e em todas as áreas do conhecimento, motivos e argumentos ficcionais. Quero e preciso criar, inventar, ludibriar e jogar com os leitores, como os grandes escritores já fizeram.
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Foto: Alexandre Rezende/Folhapress |
RL – Em algumas entrevistas você define o seu segundo livro, “Brochadas – Confissões Sexuais de um Jovem Escritor”, como a ‘’’Ilíada’ da impotência”. Qual sua relação com a literatura clássica, seja como leitor ou escritor.
Jacques – Acho muito importante ler e reler os clássicos. Estudar, investigar, descontruir e reinventar os grandes livros. Vejo isso como mais uma possibilidade literária e artística.
RL – Por ser formado em matemática, e logicamente ter uma cabeça mais lógica, facilita o processo de suas produções literárias, no quesito do pragmatismo editorial, com o foco no consumidor final?
Jacques – Não acho que essa minha formação ‘exata’ influencie nessa busca por vendas e por mercado. Acho que o escritor, hoje, não pode se dar ao luxo de apenas escrever. Tem tanta coisa sendo feita (e tanta coisa boa) que é simplesmente impossível esperar que alguém descubra sua obra e, então, divulgue seu trabalho. Cabe ao autor a difícil tarefa de escrever um bom livro, e, mais difícil ainda, ir à luta para divulgar seu trabalho. Eu acredito na qualidade literária dos meus livros, e esse meu desejo (enorme) de ser um escritor me faz correr atrás do meu sonho.
Da Redação