[Recorte Entrevista] Anelise Vaz: a escritora de avental na Bienal do Rio

Redação Recorte Lírico

Anelise Vaz: a escritora do avental na Bienal do Rio

A bienal do livro do Rio de Janeiro, que teve cobertura parcial do portal Recorte Lírico (veja um pouco aqui), trouxe-nos vários encontros de ilustres do mundo literário, entrevistas com empresários do ramo, estandes bem montados, entre tantas outras atrações. Agora, talvez, nada tenha sido tão comentado nas redes sociais quanto a garota que apareceu vestindo um avental para vender os seus livros. A foto viralizou sobretudo nos grupos literários do Facebook (como no “Sociedade secreta dos escritores vivos”), chegando até o conhecimento da Editora Hope que, ontem (8), ofereceu à Anelise Vaz um espaço em seu estande. Nós fomos entrevistar a Anelise para conhecê-la melhor, o seu trabalho literário e como surgiu a ideia de fazer “o tal avental” para participar da 18ª edição da Bienal. Confira o bate-papo completo no Recorte Entrevista!

 

Recorte: Como você chegou à ideia de construir um avental como forma de veículo para publicitar os seus livros na Bienal do Rio?

Anelise Vaz: Quem me deu esta ideia foi a minha psicóloga. Estávamos conversando sobre minha possível ida a bienal e falei sobre a vontade de vender os livros que estavam faltando. Então, ela me sugeriu isso. Meu pai comprou os tecidos e mandei a costureira fazer. Ai usei avental-estande na bienal.

Recorte: Na Bienal, qual foi a receptividade do público aos livros e a sua ideia?

Anelise Vaz: Meio difícil brigar com estandes de 3 metros de altura quando você tem meros 1,58 m. Acho que as pessoas deviam pensar que eu era doida. Muita gente olhava, por razões óbvias, mas quando ia falar com elas, bom, elas até ouviam, mas não demonstraram tanto interesse. Já outros autores acharam engraçado e perguntaram: “Você tá fantasiada de estande?” Isso tanto para mim quanto ao meu namorado, que vestiu o avental por um tempo também.

 

Anelise Vaz: a escritora de avental na Bienal do Rio
A psicóloga sugeriu e Anelise criou um avental/estande para divulgar os seus livros. A foto viralizou nos grupos literários. (Foto: Acervo Pessoal/Reprodução)

 

Recorte: Quando a Editora Hope entrou em contato e lhe cedeu um espaço no estande dela, qual foi a sensação? De que tudo valeu à pena? 

Anelise Vaz: Foi depois que a minha foto viralizou. O Thiago Messias, uma pessoa que nem me conhecia até essa semana, virou a noite e ficou buscando todas as informações para, desesperadamente, falar comigo. Mas eu tinha ido deitar, porque tinha que trabalhar no dia seguinte. Fui abrir o Facebook lá no estágio, pela manhã, e tava explodindo de notificação. E bem no meio estava a sessão do estande da Editora Hope, falei com a Jéssica Molato, marcamos direitinho… Na verdade, ainda não tinha caído a ficha de que aquilo estava acontecendo comigo. Como assim? Do nada? Postei a foto na inocência e ganhei uma sessão de autógrafos num estande. Alguém para o mundo que eu quero descer!

Recorte: Sobre o seu livro “As Aventuras de Jimmy Wayn – O Menino Virgem”, conte-nos mais sobre: quais os principais temas… Ele aborda a temática do bullying? 

Anelise Vaz: Não diria que ele aborda sobre bullying, mas sim sobre a liberdade, tanto masculina quanto feminina, porque o Jimmy não tem vergonha de ser quem é. Virgindade não é atestado de “nada”. Até recebe algumas tentativas de bullying das pessoas que não gostam, mas ele não liga para elas. O que importa é: tem que ser no momento que tem que ser, sem se forçar a fazer nada que não quer.

Tenho também algumas outras coisas escritas no wattpad, como “O Diário da Escrava Amada”, que é uma exploração do gênero erótico. Também fala sobre desigualdades sociais e como o amor pode vir de qualquer lugar.

Recorte: Você participou de várias antologias com os seus contos e já publicou um romance. Como a composição desses contos colaborou com a escrita de uma obra mais densa?

Anelise Vaz: Na verdade, escrevi livros antes de escrever contos. As Aventuras de Jimmy Wayn, por exemplo, foi escrito entre 2008 e 2009. Meu primeiro conto em antologia é de 2014. Fiz o caminho reverso! Primeiro livros, depois contos, mas não quer dizer que, pelos contos terem vindo depois, não me ensinaram nada. Ensinarem-me a escrever em um espaço limitado. Acho que o limite nesses casos ajuda o escritor a ter uma ideia mais sucinta e desenvolvê-la em menos páginas.

 

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Anelise no estande da Editora Hope. (Foto: Acervo Pessoal/Reprodução)
Recorte: Após o evento de ontem com a Hope: Qual o sentimento?
Anelise Vaz: Me senti bem e realizada. Talvez até um pouco frustrada por não ter aparecido muita gente, pelo menos das que confirmaram a presença, mas não se pode confiar muito nesse tipo de coisa. O que valeu foi o carinho das pessoas do estande, a Jéssica, os outros autores que estavam por lá. Meus pais também foram. O que importa é que eu consegui um espaço, pequeno, mas grandioso por ser o primeiro passo de muitos outros que darei.
Nota: Pelo visto Anelise Vaz deixou, rapidamente, de ser a garota do avental para se torna uma escritora do mundo. 
Da Redação

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