La Plêiade, uma geração de poetas

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Existem vários movimentos poéticos dentro dos períodos literários, podemos citar, por exemplo, os Byronianos, os poetas da Inconfidência Mineira, a Geração de 22, os Condores ou a Tríade Parnasiana, isso que eu só estou citando os brasileiros. Se voltarmos na história, encontraremos vários exemplos de grupos de poetas que criaram um Zeitgeist, ou um Espírito de Época. Nesse texto irei falar sobre um movimento de poetas franceses do século XVI, ou seja, da França renascentista.

O movimento do qual irei tratar teve início em 1549 e era chamado Brigade, mas se consolidou em 1556, quando passou a ser chamado la Plêiade. O nome Plêiade é referente à sete estrelas da constelação de Touro. Não por coincidência, esse movimento foi inicialmente formado por sete poetas, sendo cada um equivalente a uma estrela. São esses poetas Joachim du Bellay, Pontus de Tyard, Rémy Belleau, Pierre de Ronsard, Jean-Antoine de Baif, Étienne Jodelle e Jean Dorat. Houveram algumas mudanças nessa formação ao longo do tempo, recebendo mais dois nomes: La Péruse e Guillaume des Autels.

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Em 1549, Joachim du Bellay publicou o manifesto la Défense et illustration de la langue française, onde expõe as ideias que seriam adotadas pelo grupo, servindo como guia para as suas produções. As intenções dos poetas do la Plêiade eram buscar na lírica helenística a erudição e o conhecimento da cultura grega, trazendo para seus poemas a filosofia e a mitologia. Ao mesmo tempo, eles visavam utilizar o francês, já que até então o latim era a língua em evidência na criação literária.

Esses poetas objetivavam quebrar com os padrões da língua, utilizando um francês moderno e com neologismos, a fim de enriquecer a criação poética e valorizar a língua francesa. O grupo adotou como molde o soneto alexandrino e o decassílabo, ou a medida nova, que foi também uma quebra com a medida velha, mais difundida na Idade Média.

Ao mesmo tempo que esses poetas tinham a intenção de criar inovações linguísticas na poesia, eles também se mantinham ligados ao ideal erudito da Grécia Antiga ao retomarem alguns aspectos desse momento. Podemos apontar o Carpe Diem e o epicurismo, vindos diretamente das influências de Horácio e Epicuro. Além disso, os poetas da la Plêiade também incorporaram a ideia de Memento Mori (do latim “lembra-te que és mortal”), ligada a essas filosofias. Em vários poemas é possível encontrar referências diretas à ideia de “aproveite o dia, porque és mortal”. Assim, conferimos quase uma ideia de claro/escuro: aproveita a luz do dia para aceitar bem a escuridão da morte.

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Pois bem, vamos falar um pouco dos poetas? Eu pretendo aqui falar somente dos dois nomes mais importantes:

 

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Pierre de Ronsard. (Imagem: Reprodução)

 

Pierre de Ronsard (1524-1585), nomeado entre eles o “Príncipe dos Poetas” (Não Bilac, você não foi o único), foi o maior nome do la Plêiade, tendo publicado várias obras. Ronsard, buscando referências em poetas gregos, escreveu odes cantadas para Cassandra e para Helena, imagens femininas presentes em alguns de seus poemas. Além disso, escreveu também sonetos tematizando a morte e a felicidade.

Joachim du Bellay (1522-1560) foi o segundo nome mais famoso do grupo. Assim como Ronsard, ele também possui versos dirigidos a uma dama, Olive. No entanto, a poesia de Bellay é mais voltada para a temática do arrependimento e da saudade, tanto da amada quanto da terra natal.

 

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Joachim du Bellay

 

Bem, agora vamos dar uma olhadinha em dois poemas? Infelizmente, os autores do movimento la Plêiade possuem poucas traduções para o português, já que são poetas bastante antigos. No entanto, para que meus leitores possam ter no mínimo um pequeno vislumbre dessas obras, disponho a seguir poemas traduzidos, um de Ronsard e um de du Bellay:

 

“Quando fores bem velha

Quando fores bem velha, à noite, à luz da vela
Junto ao fogo do lar, dobrando o fio e fiando,
Dirás, ao recitar meus versos e pasmando:
Ronsard me celebrou no tempo em que fui bela.

E entre as servas então não há de haver aquela
Que, já sob o labor do dia dormitando,
Se o meu nome escutar não vá logo acordando
E abençoando o esplendor que o teu nome revela.

Sob a terra eu irei, fantasma silencioso,
Entre as sombras sem fim procurando repouso:
E em tua casa irás, velhinha combalida,

Chorando o meu amor e o teu cruel desdém.
Vive sem esperar pelo dia que vem;
Colhe hoje, desde já, colhe as rosas da vida.”

 

Poema de Ronsard, tradução de Guilherme de Almeida.

 

“Feliz quem como Ulisses…

Feliz quem como Ulisses fez tão bela viagem,
Ou como o que buscou e conquistou o Tosão,
E prenhe regressou, de ciência e de razão,
A viver entre os seus o mais desta passagem.

Ai quando reverei da minha aldeia a imagem,
Seus lares fumegando,e qual será a estação
Em que verei de novo esse pobre mansão
Que para mim val mais que torre de menagem?

Mais me praz de avós meus este solar tranquilo,
Que de palácio em Roma o audacioso estilo.
Mais do que o duro mármore uma ardósia fina,

Mais o meu Loire gaulês que o Tibre tão latino,
Mais o menor Liré que o Monte Palatino,
E mais que o ar marinho a doçura angevina.”

 

Poema de Joachim du Bellay, tradução de Jorge de Sena.

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