Céu ausente é o novo livro de contos da Cepe
O escritor Gustavo Rios, de 48 anos, lança seu novo livro “Céu Ausente” pela Cepe Editora. O lançamento será na Livraria LDM, em Salvador, no dia 9 de fevereiro, às 19h. Gustavo Rios é conhecido por sua habilidade em escrever contos curtos e poéticos.
“Céu Ausente” é uma coletânea de 13 contos, escolhidos entre mais de 30 histórias que o escritor guardou em seus arquivos. A obra aborda temas da vida real como casamentos fracassados, divórcios adiados, solidão, medo e tédio, mostrando a realidade de todos nós, independentemente de ser escritor, pintor ou capitão de um navio.
Para Gustavo Rios, tudo é ficção, e ao mesmo tempo, nada é. Ele afirma que considerando a reinvenção das nossas vidas, toda mentira é verdadeira e toda verdade é um apanhado de mentiras mais ou menos bem-sucedidas. Diante disso, a literatura é um confronto extraordinário, onde podemos dizer verdades que de outra forma não seriam aceitáveis. Em sua obra “Céu Ausente”, Gustavo Rios mostra como a literatura pode ser uma ferramenta poderosa para explorar as verdades da vida.
TRECHOS DO LIVRO “CÉU AUSENTE”:
Repetíamos o dia anterior no seguinte. O pouco para nos manter em pé, levantar da cama, lavar o rosto e seguir… A convulsão das velas distorcia os movimentos já sem o peso da culpa; a alma pedia alimento, eu obedecia.
O esquecimento: não lembrava a solidão forçada, a fileira de gangorras vazias, silêncio incomum para a manhã de verão… Sempre depois da resposta. Passaria sem as imagens definidas do cenho, as sobrancelhas tensas, o espanto, crianças carregadas com pressa. Rostos de medo ao ouvirem seu nome. Meu nome é Cipriano, o Santo, dizia o menino. A culpa era do pai. Soube bem depois.
Já quis estar perto do mundo dos literatos, aquela febre caótica e prodigiosa — a anarquia, os punks, até mesmo a barba-comunista; Artaud e seus paradoxos; Zaratustra. Mas só depois descobriu a inutilidade daquilo… Sua batalha era particular, logo aprendeu… Seu velho abria a porta e examinava as paredes, o tapete, a árvore de Natal num canto se igualando a um bicho morto, vértebra inútil e dissimulada para um janeiro ou março… Queria que o dia seguinte, metido num brilho inesperado, fosse a alvorada definitiva de sua utopia.
O AUTOR
Natural de Salvador (BA), Gustavo Rios é autor dos livros de contos O amor é uma coisa feia (7Letras, 2007) e Allen mora no térreo (Mariposa Cartonera, 2015). De poesia, lançou Rapsódia bruta — poemas e outras brutalidades (Mariposa Cartonera). E ainda integra as coletâneas Tempo Bom (Iluminuras), As Baianas (Casarão do Verbo), além da Revista Confraria (Confraria dos Ventos).
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