Sob As Águas do Sena e Tubarão: O Filme da Netflix é um Remake do Clássico de Spielberg?

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“Sob As Águas do Sena” (Under Paris), o novo filme da Netflix, tem gerado discussões consideráveis devido às suas semelhanças com o clássico Tubarão (Jaws), dirigido por Steven Spielberg em 1975. Ambos os filmes giram em torno da ameaça de um predador aquático que aterroriza os humanos, mas há diferenças e semelhanças notáveis entre eles que merecem ser exploradas com profundidade.

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A Abertura dos Filmes

Sob As Águas do Sena e Tubarão: O Filme da Netflix é um Remake do Clássico de Spielberg?
Sob As Águas do Sena e Tubarão: O Filme da Netflix é um Remake do Clássico de Spielberg? (Imagem: Netflix/Reprodução)

A introdução de “Sob As Águas do Sena” e “Tubarão” estabelece de forma distinta suas ameaças aquáticas. Em “Tubarão”, Spielberg introduz o tubarão de maneira indireta, utilizando a icônica trilha sonora de John Williams para criar tensão e medo antes mesmo de o público ver a criatura. O ataque inicial, onde uma jovem é brutalmente atacada durante um mergulho noturno, define o tom para o restante do filme. Esse método de criar suspense através da ausência visual do monstro foi revolucionário para a época e continua a ser um marco na construção de tensão em filmes de terror.

Em contraste, “Sob As Águas do Sena” apresenta uma ameaça mais imediata e visualmente explícita. O filme francês começa com a descoberta de um corpo desfigurado nas margens do Sena, um prelúdio para a aparição da criatura conhecida como Lilith. Esta abordagem direta cria uma sensação imediata de perigo e estabelece a conexão entre Lilith e a protagonista, Sophia, desde o início. A criatura, que habita os esgotos de Paris, é uma metáfora para os horrores escondidos sob a superfície da cidade, trazendo um aspecto de crítica social que “Tubarão” não aborda de maneira tão explícita.

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Negação e Descrença das Autoridades

A reação das autoridades em ambos os filmes é um ponto crucial que direciona a narrativa. Em “Tubarão”, o prefeito de Amity Island, Larry Vaughn, é um exemplo clássico de negacionismo em face de uma ameaça iminente. Ele se recusa a fechar as praias antes do movimentado feriado de 4 de julho, temendo as consequências econômicas para a cidade. Essa decisão imprudente leva a mais ataques e aumenta a sensação de impotência e desespero.

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“Sob As Águas do Sena” apresenta uma situação similar com a prefeita de Paris, que ignora os primeiros sinais de ataques para não cancelar uma importante competição internacional de triatlo. A decisão dela é igualmente desastrosa, resultando em uma série de eventos catastróficos que culminam em uma inundação devastadora quando Lilith é libertada das profundezas. Este paralelo entre os dois filmes mostra como a política e a ganância podem agravar crises, transformando problemas controláveis em desastres completos.

Escala dos Ataques e Suas Consequências

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Sob As Águas do Sena e Tubarão: O Filme da Netflix é um Remake do Clássico de Spielberg? (Imagem: Universal Pictures/Reprodução)

Os ataques em “Tubarão” são relativamente contidos, mas eficazes em criar uma atmosfera de terror. O tubarão, embora perigoso, não mata muitas pessoas ao longo do filme. No entanto, cada ataque é orquestrado para maximizar o impacto emocional no público. A morte de Alex Kintner, por exemplo, é uma das cenas mais lembradas, onde a mãe do garoto confronta o chefe de polícia Brody em uma cena emocionalmente carregada.

Por outro lado, “Sob As Águas do Sena” opta por uma abordagem de terror mais explícita e com um número de vítimas muito maior. Desde o início, Lilith é retratada como uma criatura implacável, com ataques gráficos nos esgotos e um massacre final durante a maratona internacional. Esta escolha narrativa cria uma sensação de caos e desespero muito mais intensa, refletindo talvez uma visão mais moderna e menos contida do terror cinematográfico.

Os Confrontos Finais

Ambos os filmes culminam em confrontos explosivos, mas com consequências significativamente diferentes. Em “Tubarão”, o chefe Brody finalmente destrói o tubarão de maneira triunfante, trazendo um senso de alívio e resolução ao filme. A explosão do tubarão é um momento icônico que simboliza a vitória da humanidade sobre a natureza.

“Sob As Águas do Sena”, no entanto, apresenta um desfecho mais sombrio. O confronto final resulta em uma inundação catastrófica que submerge partes de Paris, simbolizando a incapacidade dos protagonistas de derrotar completamente a ameaça de Lilith. Este final mais ambíguo e apocalíptico sugere um futuro incerto, onde a ameaça não é completamente erradicada, mas sim transformada. Sophia e Adil, os protagonistas, são deixados em um mundo onde os tubarões mutantes agora são uma ameaça constante, sublinhando a ideia de que algumas forças da natureza são indomáveis e apenas podem ser contidas, não derrotadas.

Metáforas e Temas

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Sob As Águas do Sena e Tubarão: O Filme da Netflix é um Remake do Clássico de Spielberg? (Imagem: Universal Pictures/Reprodução)

“Tubarão” é frequentemente interpretado como uma metáfora para o medo do desconhecido e a luta do homem contra a natureza. O tubarão representa um perigo primordial que desafia a supremacia humana sobre o ambiente. A tecnologia, representada pelas armas e equipamentos de caça, é muitas vezes mostrada como ineficaz contra a astúcia e a força bruta do tubarão.

“Sob As Águas do Sena” expande essa metáfora ao incluir temas contemporâneos como poluição e mudanças climáticas. Lilith, uma criatura criada pela poluição nos esgotos, é uma representação direta das consequências do descuido humano com o meio ambiente. O filme francês utiliza a figura da criatura para criticar a sociedade moderna e sua relação destrutiva com a natureza, destacando a futilidade da tecnologia moderna frente a essas forças. Além disso, a conexão simbiótica entre Lilith e a água poluída de Paris reforça a ideia de que as ações humanas têm consequências duradouras e muitas vezes irreversíveis.

Representação de Gênero

Uma diferença notável entre os dois filmes é a representação de gênero. “Tubarão”, como muitos filmes de sua época, é dominado por personagens masculinos. Os heróis do filme – Brody, Hooper, e Quint – são todos homens, refletindo as normas de gênero da década de 1970.

“Sob As Águas do Sena”, por outro lado, oferece uma abordagem mais moderna e inclusiva. O filme apresenta protagonistas femininas fortes e uma antagonista feminina, Lilith. A relação entre Sophia e seu parceiro Adil também desafia as normas de gênero tradicionais, incluindo um casal lésbico que desempenha um papel central na narrativa. Esta inclusão não apenas reflete a evolução social desde os tempos de “Tubarão”, mas também acrescenta profundidade aos personagens e à narrativa, mostrando que o terror pode ser enfrentado por qualquer um, independentemente de gênero.

Conclusão

“Sob As Águas do Sena” é, sem dúvida, um sucessor espiritual de “Tubarão”, combinando homenagens ao clássico com temas contemporâneos e uma abordagem modernizada das representações de gênero. Enquanto “Tubarão” estabeleceu o padrão para os filmes de terror aquático com sua construção de suspense e personagens memoráveis, “Sob As Águas do Sena” atualiza o gênero para o século XXI, abordando questões ambientais e sociais pertinentes.

A comparação entre os dois filmes revela tanto a evolução do cinema de terror quanto a permanência de certos temas universais. A luta contra forças incontroláveis da natureza, a crítica à inação das autoridades e a exploração das consequências da poluição são temas que ressoam tanto em “Tubarão” quanto em “Sob As Águas do Sena”, embora apresentados de maneiras distintas.

“Sob As Águas do Sena” pode não ser um remake direto de “Tubarão”, mas certamente é uma homenagem respeitosa e uma atualização temática que oferece uma nova perspectiva sobre os medos aquáticos que “Tubarão” tão eficazmente explorou há quase meio século. A maneira como cada filme aborda suas respectivas ameaças e o contexto social e ambiental em que se situam oferece uma rica tapeçaria para análise e apreciação dos fãs de cinema.

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Veja o trailer do filme “Sob As Águas do Sena”:

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