Crítica de ‘O Sol Também é uma Estrela’: Diferentes abordagens para o amor ou quando arte e ciência se colidem

O filme “O Sol Também é uma Estrela” é uma adaptação do livro homônimo escrito pela autora jamaicano-americana Nicola Yoon. Lançado em 2019, o longa-metragem nos convida a mergulhar na história de Natasha Kingsley (interpretada por Yara Shahidi) e Daniel Bae (interpretado por Charles Melton), dois jovens com perspectivas de vida e crenças muito diferentes, que se encontram em um dia crucial e têm suas trajetórias transformadas.

Essa narrativa, ao mesmo tempo em que aborda temas como o amor e o destino, também explora o encontro entre arte e ciência, apresentando uma interessante colisão entre essas duas esferas. Nesta crítica, iremos analisar essa abordagem, assim como os aspectos positivos e questionáveis do filme.

A Colisão entre Arte e Ciência em “O Sol Também é uma Estrela”

Crítica de O Sol Também é uma Estrela: Diferentes abordagens para o amor ou quando arte e ciência se colidem
Crítica de ‘O Sol Também é uma Estrela’: Diferentes abordagens para o amor ou quando arte e ciência se colidem. (Imagem/Reprodução)

A trama do filme é construída em torno do encontro improvável entre Natasha, uma jovem apaixonada pela ciência e com o sonho de se tornar astrônoma, e Daniel, um poeta romântico. Natasha é uma pessoa racional, que se guia pela lógica e pela explicação científica dos acontecimentos, enquanto Daniel acredita em coincidências e no poder do destino. Essa dicotomia entre arte e ciência é explorada ao longo do filme, representando duas formas distintas de olhar para o mundo e entender as relações humanas.

Por um lado, temos Natasha, cuja perspectiva científica é influenciada pela teoria da Interpretação de Muitos Mundos (IMM), proposta pelo físico quântico Hugh Everett. Essa teoria sugere a existência de múltiplos universos, onde cada escolha ou evento se desdobra em realidades alternativas. Natasha vê o mundo como um sistema determinístico, regido por leis naturais, e enxerga as relações humanas como meras consequências de uma série de eventos passados.

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Por outro lado, temos Daniel, cuja visão romântica do amor e do destino colide com a abordagem científica de Natasha. Ele acredita que há um propósito maior por trás dos encontros e conexões entre as pessoas, e que o amor pode superar as barreiras impostas pela lógica e pelas circunstâncias. Ao propor a Natasha um desafio baseado nas 36 perguntas que levam alguém a se apaixonar, Daniel busca provar que é possível despertar sentimentos profundos em um curto espaço de tempo, desafiando a visão científica de sua companheira.

A Construção Narrativa e as Questões de Representatividade

Crítica de ‘O Sol Também é uma Estrela’: Diferentes abordagens para o amor ou quando arte e ciência se colidem. (Imagem/Reprodução)

Uma das características marcantes do filme é a sua narrativa não apressada, que permite ao espectador mergulhar na história e acompanhar o desenvolvimento dos personagens de forma gradual. Natasha e Daniel exploram a cidade de Nova Iorque juntos, compartilhando momentos simples e significativos, como caminhadas pelas ruas, visitas a lugares favoritos e conversas profundas. Essa abordagem mais lenta proporciona uma imersão emocional e nos permite sentir a conexão que vai se estabelecendo entre os protagonistas.

Além disso, “O Sol Também é uma Estrela” traz consigo uma importante representatividade ao apresentar um elenco diverso, composto por atores e atrizes de diferentes etnias e origens raciais. Essa inclusão é um aspecto positivo e necessário, considerando a indústria cinematográfica que frequentemente marginaliza vivências que fogem de uma narrativa hegemônica.

No entanto, é válido questionar algumas escolhas de elenco dentro do filme. Ainda que a produção se esforce para representar a diversidade étnica, há a questão da representatividade de pessoas asiáticas. O personagem de Daniel é interpretado por Charles Melton, um ator mestiço com ascendência caucasiana, enquanto havia um ator coreano-americano de ascendência coreana disponível para o papel. Essa escolha levanta questionamentos sobre a representação autêntica de personagens com identidades marcadas pelo fato de serem filhos de imigrantes.

Conclusão

“O Sol Também é uma Estrela” é um filme que aborda diferentes abordagens para o amor, assim como a colisão entre arte e ciência. Através dos personagens de Natasha e Daniel, somos convidados a refletir sobre a influência das escolhas, do destino e das conexões interpessoais em nossas vidas. A narrativa não apressada nos permite imergir na história e acompanhar o desenvolvimento dos protagonistas de forma gradual, explorando momentos cotidianos e dramas românticos que são muitas vezes negados a certos grupos sociais.

Apesar das escolhas de elenco questionáveis, o filme traz uma importante representatividade ao apresentar um elenco diverso. Essa inclusão é um passo significativo em direção a uma indústria cinematográfica mais inclusiva e capaz de contar histórias autênticas.

Em última análise, “O Sol Também é uma Estrela” nos convida a refletir sobre a importância de nos permitirmos parar, olhar para cima e abrir espaço para o inesperado em nossas vidas. O filme reforça a ideia de que, mesmo diante de desafios e obstáculos, é possível encontrar esperança e significado nas pequenas e grandes conexões que estabelecemos ao longo do caminho.

Veja o trailer de O Sol Também é uma Estrela:

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