Sam Levinson Teria Se Inspirado na Estética de Outra Diretora para Euphoria?

Sam Levinson, o renomado escritor e diretor, novamente encontra-se envolto em polêmicas. O criador de “The Idol” e “Euphoria” foi alvo de manchetes no início deste ano devido a um artigo viral da Rolling Stone que expôs os bastidores tumultuados de “The Idol”, tornando a série uma das mais comentadas do ano antes mesmo de sua estreia. Além dos problemas de produção, Levinson também foi criticado por objetificar jovens mulheres e utilizar seu trabalho como uma resposta desajeitada às críticas que recebe.

Recentemente, Levinson se viu no centro de outra polêmica após postagens viralizarem no X (anteriormente conhecido como Twitter) com trechos de uma entrevista concedida pela artista multifacetada Petra Collins. Em uma conversa com a revista online Punkt em janeiro deste ano, Collins alegou que Levinson se inspirou diretamente em sua fotografia para criar a estética de “Euphoria”. Ela afirmou ainda que Levinson a havia inicialmente convidado para dirigir a série, mas ela acabou não sendo contratada e não recebeu nenhum crédito por sua contribuição.

Sam Levinson Teria Se Inspirado na Estética de Outra Diretora para Euphoria?
Sam Levinson Teria Se Inspirado na Estética de Outra Diretora para Euphoria? (Imagem: Annamaria Ward/Reprodução)

Quem é Petra Collins?

Petra Collins, de origem canadense-húngara, é uma renomada fotógrafa, diretora e artista visual. Seu trabalho ganhou destaque quando ela começou a compartilhar suas fotografias no Tumblr nos primeiros anos da década de 2010. Collins também teve contribuições significativas para a extinta revista online Rookie e fundou seu próprio coletivo de arte, The Arduous, que promovia o trabalho de artistas femininas em ascensão. Ela construiu um extenso portfólio como fotógrafa, trabalhando com marcas de moda de renome, como Gucci e Bimba y Lola, e contribuindo com publicações de prestígio, incluindo Vogue, i-D e Elle.

Além disso, ela capturou imagens de uma variedade de personalidades, desde Young Thug até Kim Kardashian. Collins também dirigiu vários videoclipes para artistas pop, como Carly Rae Jepsen e Selena Gomez, e rappers como Cardi B e Lil Yachty. Mais recentemente, ela colaborou com a estrela em ascensão Olivia Rodrigo, dirigindo quatro de seus videoclipes, incluindo “good 4 u” e “vampire”.

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O estilo visual de Collins é distintivo e vem sendo aprimorado ao longo de uma década. Caracteriza-se por uma qualidade etérea e onírica que permeia tanto suas fotografias quanto os videoclipes que dirigiu. Seu trabalho explora temas de feminilidade, a transição da infância para a vida adulta e as complexidades da sexualidade feminina. Os videoclipes que dirigiu para Olivia Rodrigo refletem não apenas a estética característica de Collins, mas também capturam de forma brilhante o som pop angustiado da cantora. Sua colaboração mais recente com Alexa Demie, estrela de “Euphoria”, mergulha em um universo de folclore erótico no livro “Fairy Tales”.

A Participação de Petra Collins em ‘Euphoria’

Segundo o relato de Collins à revista húngara de fotografia Punkt, Sam Levinson inicialmente a procurou para informar que havia escrito uma série de TV inspirada em sua fotografia e a convidou para dirigir. Essa proposta levou Petra a se mudar para Los Angeles, onde trabalhou em colaboração com a HBO por cinco meses. No entanto, ela foi informada de que não seria contratada porque era considerada jovem demais para o cargo. Acreditando que sua versão da série não seria adiante, Collins encarou a experiência como um aprendizado valioso. No entanto, sua surpresa foi imensa quando, em um dia comum, ela se deparou com um outdoor promovendo a série, apresentando uma representação quase idêntica de seu próprio trabalho.

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Esse momento marcou uma virada criativa na carreira de Collins. Ela se viu obrigada a modificar seu estilo, uma vez que as pessoas passaram a associá-lo exclusivamente a “Euphoria”. Nas palavras dela, “Foi uma experiência intensa para mim, porque essa é a estética que construí ao longo de toda a minha vida, e agora preciso mudá-la, pois ela se tornou mainstream e foi apropriada. O pior foi quando as pessoas começaram a dizer, sem saber, que essa série se parecia com as suas fotos.”

Um artigo recente do The Daily Beast traz o depoimento de uma fonte não identificada próxima a Levinson que nega a versão dos acontecimentos conforme relatada por Collins. Segundo a fonte, Levinson, na condição de fã do trabalho de Collins, estava esperançoso de que houvesse a possibilidade de trabalharem juntos nesse projeto. Entretanto, nada foi prometido, e a decisão final cabia à rede de televisão.

Apesar disso, é difícil ignorar as semelhanças visuais evidentes entre a estética da primeira temporada de “Euphoria” e as fotografias de Collins, particularmente sua série “Coming of Age” de 2016/17, conforme destacado pela escritora e fotógrafa Cat Cardenas no X.

Esta não é a primeira vez que Sam Levinson é acusado de se inspirar no trabalho de uma diretora e, posteriormente, assumir o controle da produção. Em outro projeto seu, a série “The Idol”, a cineasta Amy Seimetz estava originalmente designada para dirigir os seis episódios. Levinson co-criou a série ao lado de Abel Tesfaye e Reza Fahim.

No entanto, conforme noticiado pelo Deadline em abril do ano passado, Seimetz deixou o projeto devido a uma “revisão criativa significativa”. De acordo com a exposição da Rolling Stone já mencionada, Seimetz deixou “The Idol” com cerca de 80% da série completa, mas Tesfaye sentiu que a visão da diretora estava se inclinando muito para uma “perspectiva feminina”. Não está claro quanto da visão original de Seimetz foi mantido no produto final, mas, em última análise, Levinson dirigiu todos os seis episódios.

Considerando que a estética de “Euphoria” – desde a cinematografia até a maquiagem e o figurino – se tornou a característica definidora da série, gerando inúmeras postagens no TikTok e painéis no Pinterest, é desanimador descobrir que a chamada “estética de Euphoria” na verdade teve origem em uma artista jovem que nunca recebeu o devido crédito por um estilo visual que desenvolveu como forma de expressão. Enquanto alguns espectadores lamentaram a versão de Amy Seimetz para “The Idol”, que nunca viu a luz do dia, agora nos questionamos como “Euphoria” teria se apresentado sob a direção de Petra Collins.

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