Duas visões do romance realista: comparando ‘Dom Casmurro’ e ‘O Primo Basílio’

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O romance realista é um gênero literário que surgiu no século XIX e teve como principais características a representação fiel da realidade e a descrição minuciosa do cotidiano. No Brasil, dois dos principais expoentes desse movimento foram Machado de Assis, com seu clássico “Dom Casmurro”, e Eça de Queirós, com “O Primo Basílio”. Neste ensaio, iremos comparar essas duas obras e analisar suas respectivas visões sobre o romance realista.

Em “Dom Casmurro”, Machado de Assis apresenta uma história intrigante, na qual o narrador, Bento Santiago, conta sua vida desde a infância até a velhice. O ponto central da trama é o relacionamento conturbado entre Bento e sua esposa, Capitu, que é acusada de traição. O romance é marcado por um estilo de escrita que mescla a narrativa em primeira pessoa com digressões e reflexões do narrador.

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Duas visões do romance realista: comparando ‘Dom Casmurro’ e ‘O Primo Basílio’

Já em “O Primo Basílio”, Eça de Queirós apresenta uma trama que se passa em Lisboa, e que tem como protagonista a personagem Luísa, que é casada com Jorge, mas que acaba tendo um caso com seu primo, Basílio. O romance é narrado em terceira pessoa e tem um estilo mais descritivo, com um grande foco na ambientação e nas características psicológicas dos personagens.

Duas visões do romance realista: comparando ‘Dom Casmurro’ e ‘O Primo Basílio’ 1

Uma das principais diferenças entre as duas obras é a forma como os autores abordam o tema da realidade. Enquanto Machado de Assis faz uso de recursos como a metalinguagem e a reflexão sobre a natureza da narrativa, Eça de Queirós se concentra na descrição detalhada da sociedade portuguesa do século XIX, apresentando personagens que são representações de diferentes camadas sociais.

Outra diferença importante é a maneira como as relações amorosas são retratadas em cada obra. Em “Dom Casmurro”, o romance entre Bento e Capitu é apresentado de forma ambígua e misteriosa, deixando em aberto a possibilidade de que Capitu tenha mesmo traído o marido. Já em “O Primo Basílio”, a relação entre Luísa e Basílio é retratada de forma mais clara, sem ambiguidades, e com um tom mais crítico em relação à moralidade da época.

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Apesar dessas diferenças, há também pontos em comum entre as duas obras. Ambas retratam uma sociedade conservadora e hipócrita, na qual as aparências são valorizadas em detrimento da verdade. Além disso, tanto Machado de Assis quanto Eça de Queirós exploram o tema da infidelidade conjugal e suas consequências, apresentando personagens que são moralmente ambíguos e que vivem em conflito com suas próprias emoções.

Em termos de estilo, as duas obras também apresentam diferenças e semelhanças. Machado de Assis é conhecido por seu estilo irônico e sofisticado, que faz uso de recursos como a metalinguagem e a ambiguidade para questionar a própria natureza da narrativa. Já Eça de Queirós apresenta um estilo mais descritivo e realista, que se preocupado em retratar com precisão a sociedade portuguesa do século XIX.

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Em relação à estrutura narrativa, “Dom Casmurro” tem uma narrativa em primeira pessoa, o que permite uma maior proximidade do leitor com o narrador e suas reflexões. Já “O Primo Basílio” é narrado em terceira pessoa, o que permite uma visão mais ampla da trama e dos personagens.

Em relação à recepção crítica, ambas as obras foram muito bem recebidas pelos leitores e pela crítica literária. “Dom Casmurro” é considerado uma das obras-primas de Machado de Assis e um dos grandes clássicos da literatura brasileira. Já “O Primo Basílio” é considerado uma das obras mais importantes de Eça de Queirós e um marco do realismo português.

Em conclusão, “Dom Casmurro” e “O Primo Basílio” são duas obras-primas do romance realista, que apresentam visões distintas sobre a representação da realidade na literatura. Apesar dessas diferenças, ambas as obras têm em comum uma crítica à sociedade hipócrita e conservadora da época, e abordam temas como a infidelidade conjugal e as consequências de nossas escolhas emocionais. Em suma, são duas obras que merecem ser lidas e apreciadas por todos os amantes da literatura realista.

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