5 obras para entender a relação entre doença e diferentes culturas, por Michel Laub
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Michel Laub, jornalista e escritor brasileiro, indica 5 obras para entender a relação entre doença e diferentes culturas.
O tema da doença e de suas simbologias culturais sempre me interessou. É inevitável que, ao escrever um romance que (também) trata disso, como “O Tribunal da Quinta-Feira”, algumas obras tenham me ajudado a dar forma ficcional a essa reflexão. Algumas delas:
Laub é jornalista, advogado e escritor. (Foto: Reprodução) |
Longe da árvore
Andrew Solomon
Como em seu ótimo tratado sobre depressão, “O demônio do meio dia”, e tendo como centro histórias de filhos radicalmente diferentes dos pais, o autor investiga as relações entre patologia e identidade misturando ciência, cultura e relato pessoal.
A doença como metáfora
Susan Sontag
Ensaio clássico em que, também a partir de um relato pessoal, a autora sintetiza as ressonâncias simbólicas do câncer na história, nos costumes e na linguagem, o que mais tarde ela faria em relação a outra doença estigmatizada em “Aids e suas metáforas”.
Para o amigo que não me salvou a vida
Hervé Guibert
Espécie de complemento biográfico (ou autoficcional) do livro de Sontag, um testamento literário de impacto escrito por um soropositivo no auge do grande pesadelo médico e cultural dos anos 80.
O filho eterno
Cristovão Tezza
Outro relato autobiográfico/autoficcional, em que um pai olha para si e para o filho portador da Síndrome de Down com um distanciamento corajoso em termos morais e artísticos. Triunfo raro numa tradição às vezes beletrista e sentimental como a da prosa brasileira.
Homem comum
Philip Roth
Curto e sábio romance que poderia ser sintetizado em uma de suas frases: “A velhice é um massacre”. A exemplo de “A morte de Ivan Ilitch”, de Tolstói, as reflexões metafísicas sobre a proximidade da morte (ou algo análogo a isso) se formam a partir da decrepitude física. É o ponto alto da fase final da carreira desse escritor prolífico e imenso.
Michel Laub nasceu em Porto Alegre, em 1973, e vive atualmente em São Paulo. Escreveu sete romances e foi publicado em doze países e nove idiomas. Lançado em 2016, “O Tribunal da Quinta-Feira” (Editora Companhia das Letras) é o seu trabalho mais recente.