Inclusão para quem?
Segundo o MEC – Ministério da Educação e Cultura – a escola inclusiva é aquela que respeita e reconhece a diversidade de cada aluno, de acordo com sua potencialidade e necessidade, independente de sexo, etnia, idade, deficiência ou condição social. Um discurso belo, comovente e inspirador, que precisa de mais autoridades e cidadãos engajados em fazer a diferença e tirar este discurso do papel.
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Imagem: Reprodução |
Em um artigo publicado pelo G1 em agosto de 2015, foram apresentados dados mostrando que três em quatro escolas, não possuíam equipamentos de acesso aos cadeirantes. Já em 2005, segundo o PNDE/MEC, foram distribuídos mais de 40 mil livros em braile para alunos cegos, onde nem todas as escolas receberam tais livros. Em relação aos surdos, o Decreto nº 5. 626/05 regulamenta a lei 10.436/02 e a lei 10.098/00, artigo 3° institui que a Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior […] A formação de docentes para o ensino de Libras na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental deve ser realizada em curso de Pedagogia ou curso normal superior, em que Libras e Língua Portuguesa escrita tenham constituído línguas de instrução, viabilizando a formação bilíngue. Estes dados são importantes para que reconheçamos os projetos que estão sendo feitos, mas ainda é muito pouco quando falamos em inclusão.
Sabemos que o Brasil encontra-se em uma fase de mudanças, porém um assunto que deve ser o foco das autoridades, se querem realmente melhorar a situação do povo, é em relação a educação e principalmente educação inclusiva. Nossas escolas enfrentam dificuldades imensas em vários estados, com seus métodos ultrapassados, falta de qualificação e estruturas adequadas, para a formação de futuros cidadãos e para a garantia de igualdade social. Exemplificando as dificuldades que a educação enfrenta, vemos a situação de crianças surdas, que em muitos casos não possuem interpretes em escolas regulares, salvo em alguns casos. Como educar estas crianças?
A educação inclusiva para surdos é um assunto a ser discutido com mais profundidade do que é citado aqui, pois não é apenas colocar um interprete em sala de aula, deve-se trabalhar a interação entre o aluno surdo e os demais alunos, ouvintes. Além de ser necessário a compreensão de que o surdo tem como língua materna a Libras – Linguagem brasileira de sinais e a oficial de seu país (português) como segunda língua, ou seja, é importante que ele saiba a libras, pois é firmada a ela que aprenderá o Português. Outro fator determinante para a eficácia no aprendizado de alunos surdos, é de que as autoridades considerem a inclusão da libras como matéria obrigatória nas escolas, afinal a mudança na inclusão não ocorrerá de imediato, mas com o tempo e com preparo tanto de professores quanto de alunos. O grande buraco na educação também fica por conta da falta de profissionais qualificados de acordo com a necessidade de seus alunos, pois muitos pedagogos e professores saem da academia formados somente com um básico da língua brasileira de sinais.
Desta maneira, partindo do princípio da educação, percebemos que há muita coisa a ser feita para que as escolas sejam de todos e para todos. Investir em qualificação profissional, em escolas bilíngues, infraestrutura adequada e livros didáticos em braile, é a chave para mudar o cenário educacional inclusivo. Mas, devemos entender que, além do investimento das autoridades, cabe também a população se conscientizar da importância dessas mudanças, pois é preciso que o povo lute pela inclusão e para a inclusão, e reconheçamos o déficit que a rede pública e cada um como indivíduo e cidadão carrega ao ignorar essas necessidades. Falta muito das autoridades? Falta sim, mas falta um pouco de cada um e é esse pouco, que somado faz a diferença.
E então, a inclusão é para quem?
Por: Aline Ribeiro