Bombom mágico

Farrel Kautely

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Teve um dia que a galera foi para a pista de skate a fim de fazer o que usualmente se faz lá e topamos com um cara meio aéreo segurando uma vasilha de plástico numa mão e uma placa anunciando bombom mágico na outra.


— E aí, véi! Quanto tá o bombom?
— Um é dois e dois é cinco.
— Então a gente vai querer… peraí, como é que é?
— Um é dois e dois é cinco.
— Tem algo errado nisso aí, tem não?
— Está tudo numa nice.
— Dois não tinha que ser mais barato que um?
— O que foi que você chapou prachar que vou vender dois bombom mais barato que um só?
— Cara, se um é dois, dois por cinco faz os dois saírem a dois e cinquenta. Então dois está mais caro que um, ou o segundo está um real mais caro que o primeiro.
— Ah, tá! Tô ligado no motivo da confusão. Acontece que o valor é mesmo acumulativo. O bombom é tão bom que não é justo uma pessoa só comer mais de um enquanto outros não comem nada. Daí eu tento balancear essa injustiça cobrando mais caro quando a pessoa quer mais.
— Entendi. Então cada um de nós vai querer um, individualmente. Quanto dá?
— 14.


Compramos e nos afastamos, achando graça do vendedor. Ainda estávamos rindo meia hora depois, e gargalhando depois de uma hora.

Resolvemos que queríamos mais mágica e fomos atrás dele, dispostos a gastar o acumulativo que ele propusesse para três bombons pra cada um.
Nunca mais achamos o sujeito. Toda vez que a gente vai na pista, é a primeira coisa que procuramos.

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