
Não era mais o tempo de dar frutos Quando o Senhor pediu maduros figos Para a figueira em folha e galhos brutos, E assim, então, tornaram-se inimigos. De praxe que o divino amaldiçoa – e isso já se vê desde os antigos – Aquele que ouve o Verbo e não entoa O canto que do Verbo tem ouvido. Se ouvires hoje a voz que te apregoa Não feches os sentidos, abatido. Não digas "já não há mais Poesia", Afina a lira e limpa o seu ruído. Verás que nesta triste travessia A graça supre o que in natura falta. Procura ter a santa teimosia; Por entre escombros, a Beleza exalta. Se o tempo da colheita te afigura Passado, tal cadáver que ressalta O infértil coração dado à secura, Que o Verbo se te encarne nas palavras E colha o fruto e traga, enfim, a cura Ao campo de tristezas que tu lavras.







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Maravilhoso!