Os Mercenários 4: Jason Statham em uma Sequência de Ação Desastrosa
Nota: Este artigo analisa o filme “Os Mercenários 4” sob uma perspectiva crítica. O conteúdo pode conter spoilers.
Na indústria cinematográfica contemporânea, raramente nos deparamos com filmes de ação que conseguem combinar a adrenalina das sequências de combate com uma narrativa emocionalmente envolvente. No entanto, “Os Mercenários 4,” o quarto capítulo da série de ação “Os Mercenários”, parece ter perdido completamente essa fórmula mágica.
O filme, estrelado por Jason Statham, deixa uma impressão de ser mais um jogo de celular do que uma obra cinematográfica, resultando na pior entrada da franquia até o momento. Apesar de uma generosa dose de elementos clichês e cenas de ação exageradas, “Os Mercenários 4” carece de charme e maestria.
Um Eco de Primeira Instância
Para os cinéfilos mais veteranos, “Os Mercenários 4” traz à mente “Rambo: Programado para Matar,” o filme de 1982 dirigido por Ted Kotcheff, que contou a história de John Rambo, interpretado por Sylvester Stallone. Rambo, um veterano traumatizado da Guerra do Vietnã, retorna para casa apenas para descobrir que não há mais lugar para ele na sociedade, enfrentando hostilidade constante como lembrança de sua trágica experiência na guerra.
O que tornou o final de “First Blood” marcante foi a ausência de tiroteios e a presença de um momento inesperadamente reflexivo. Após lutar contra o xerife corrupto local e seus capangas na floresta durante todo o filme, Rambo se entrega, chorando pela série de eventos trágicos que o cercaram. Esse final impactante elevou o filme de ação a um nível mais profundo, tornando-o uma experiência cinematográfica memorável.
Infelizmente, nos dias de hoje, raramente encontramos filmes que buscam essa profundidade emocional. Em vez disso, muitos optam por explorar o legado de suas franquias em vez de criar algo novo e impactante.
Um Início Promissor Desperdiçado
“Os Mercenários 4” começa com uma leve reverberação de “First Blood” ao reintroduzir o agora com 77 anos Sylvester Stallone no papel de Barney. Embora o filme não alcance a profundidade emocional de seu predecessor, ainda nos apresenta um herói de ação que enfrenta o peso de seus anos de serviço. No entanto, essa abordagem é interrompida rapidamente.
É evidente que cada filme da série “Os Mercenários” tenta fazer uma homenagem leve aos elementos do gênero de ação e aos papéis desempenhados pelos atores em suas carreiras. O segundo filme da série foi o que melhor conseguiu esse equilíbrio. No entanto, “Os Mercenários 4” perde a oportunidade de fazer algo similar, apesar de um breve momento no início, quando vemos Barney e Jason Statham no papel de Christmas conversando descontraidamente. Nesse momento, surge a esperança de que algo divertido está por vir. Infelizmente, essa esperança é rapidamente dissipada.
A Trama de “Os Mercenários 4”
A história de “Os Mercenários 4” é, ao mesmo tempo, insignificante e excessivamente complicada. Começa com um grupo de vilões roubando uma arma nuclear, com a intenção de desencadear uma guerra entre os Estados Unidos e a Rússia.
Quem mais poderia detê-los além da equipe improvisada conhecida como Os Mercenários? Essa equipe inclui Barney, Christmas, Gunner, Easy, Galan e Toll, liderados por seu manipulador, Marsh. Quando a operação sai terrivelmente errada e uma tragédia ocorre, eles devem rastrear as armas antes que seja tarde demais para evitar uma catástrofe global.
No entanto, a trama em si parece não importar muito e, ao mesmo tempo, é apresentada de maneira confusa. Os espectadores podem se sentir perdidos em meio a uma série de eventos que não têm um impacto emocional duradouro. A narrativa parece apressada e mal desenvolvida, resultando em uma experiência cinematográfica desconexa.
Problemas Técnicos e Desperdício de Talento
“Os Mercenários 4” sofre não apenas na narrativa, mas também na sua realização técnica. Desde o início do filme, percebemos momentos em que parece que os personagens nem estão na mesma sala. Alguns enquadramentos parecem artificiais, com cenários que não se integram naturalmente à ação. Isso prejudica a imersão do espectador.
As cenas de ação, em particular, são prejudicadas por efeitos especiais que lembram mais um jogo de celular do que um filme de grande orçamento. O diretor Scott Waugh parece ter tido dificuldades em criar sequências de ação envolventes e visualmente atraentes. Essa falta de cuidado na direção torna as cenas de luta pouco inspiradas e desinteressantes.
Além disso, o filme desperdiça o talento de sua elenco. Stallone, que deveria ser o protagonista, parece mais um ator coadjuvante em uma participação estendida. A dinâmica entre ele e Statham, embora promissora, é prejudicada por diálogos pouco engraçados e uma falta geral de química entre os personagens.
Destaque para Tony Jaa
Um dos poucos destaques do filme é a atuação de Tony Jaa, que interpreta um ex-mercenário que tentou deixar sua vida anterior para trás. Jaa brilha nas cenas de ação, trazendo energia, humor e emoção para o filme. Sua presença na trama é mais envolvente e emocionante do que qualquer outra parte do filme.
Conclusão: Um Fracasso na Franquia “Os Mercenários”
“Os Mercenários 4” é, sem dúvida, o pior filme da série “Os Mercenários”. Apesar de contar com um elenco de estrelas de ação, o filme não consegue aproveitar o potencial desses talentos. A narrativa é confusa, os efeitos especiais são questionáveis e as cenas de ação carecem de energia e criatividade. A promessa inicial de uma dinâmica divertida entre Stallone e Statham é rapidamente desfeita, deixando os espectadores com uma experiência cinematográfica insatisfatória.
Em última análise, “Os Mercenários 4” é um lembrete de que, embora o gênero de ação tenha produzido muitos filmes memoráveis no passado, nem todas as tentativas de reviver essa magia serão bem-sucedidas. É uma pena ver uma franquia que tinha o potencial de ser emocionante e divertida afundar em uma mediocridade sem inspiração. Resta esperar que futuros filmes de ação possam aprender com os erros de “Os Mercenários 4” e nos proporcionar experiências mais cativantes e envolventes nas telonas.
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