Quanto custa não se encantar pela Guerra?

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ANTES de qualquer coisa, que fique claro, a guerra é uma máquina de destruição, um rolo compressor. E, assim como o rolo compressor, a guerra não tem propósitos benignos e não tem concebivelmente como ter. A metáfora, aliás, é perfeita. Assim como a guerra, o rolo compressor tem a missão de destruir e passar o pano na mesma viagem.

Por mais estranho que pareça, há quem ainda se deixa fascinar pelo poder de destruição da guerra, pois crer que o poder para destruir pode ser usado para propósitos benignos. É desse mórbido fascínio que surge a pergunta quem tem razão? Só quem já perdeu a sanidade pode pensar com sinceridade que diante da catástrofe é possível aplaudir um lado estando entre o terror e a admiração. Portanto, quem tem razão entre Árabes e Judeus? Não é a minha intenção prolongar esse debate. Na verdade, creio que todos têm razão! E por isso ninguém tem razão! E o conflito não tem fim… é muita razão e pouca sanidade.

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Quanto custa não se encantar pela Guerra?
Quanto custa não se encantar pela Guerra? (Imagem: Ahmad Hasaballah – Getty Images/Reprodução)

Você pode pensar que sou contra à guerra. Mas não sou. Eu sei que isso pode ser um pouco contraditório com o início desse texto. Mas veja bem:

Todos conhecemos os argumentos contra a matança – e até mesmo contra a luta. A Bíblia é bastante clara. “Não matarás.” “Se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra”.  A maioria das pessoas é contra a guerra. Isso é normal. Há algumas pessoas que se opõem à guerra porque, bem, a guerra é violenta. Mas isso não constitui uma objeção moral válida. Se apenas ser fisicamente assustador é a base de um veredicto moral, então não haveria diferença entre um torturador e um cirurgião.

Toda guerra é horrível e deve ser evitada. Mas aqui está a questão: existe alguma razão justificável para ir à guerra? Usarei as palavras de Chesterton a essa pergunta: “A única guerra defensável é uma guerra de defesa.” Por vezes, a triste verdade é que a única forma de parar uma guerra é combatê-la. Às vezes, a única maneira de parar a luta é lutar. Por vezes, a única forma de acabar com uma guerra é vencê-la – mas apenas como um ato de defesa e não como um ato de agressão. “Um verdadeiro soldado não luta”, diz Chesterton, “porque tem diante de si algo que odeia. Ele luta porque tem algo que ama nas costas.”

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Você não pode amar algo sem querer lutar por isso. Você não pode lutar sem algo pelo que lutar. Amar uma coisa sem querer lutar por ela não é amor; é luxúria.

“A única guerra defensável é uma guerra de defesa.”

Autobiografia: G.K. Chesterton

A conexão entre dois aparentes opostos aponta para a ideia de que a verdade é sempre um incrível ato de equilíbrio. O equilíbrio é a chave para a beleza, para a sanidade, para a justiça. Se nos inclinarmos demais em uma direção ou outra, perderemos o equilíbrio. Assim, tanto o militarismo como o pacifismo representam uma perda de equilíbrio. Por isso não sou contra a guerra.

Mas vamos entender esse conflito.

Quem tem razão? Judeus? Palestinos? Na verdade, a luta entre eles remonta ao patriarca Abraão (2.000-1.500 a.C) na desavença entre suas duas mulheres – Sara e Agar. Da primeira, descendem os Judeus, da segunda, os Árabes.

Da perspectiva religiosa, a história do povo judeu tem início com Abraão, considerado o patriarca dos judeus. De acordo com as escrituras, Abraão morava em Ur dos Caldeus, na Mesopotâmia, atual Iraque, quando Deus o chamou e lhe fez promessas. Deus prometeu que ele seria o pai de muitas nações. Mas ele já tinha 75 anos e não tinha filhos, sua esposa era estéril. Deus cumpriu sua promessa e Abraão teve 2 filhos: Ismael (pai dos árabes) através de Agar; e Isaque (pai dos hebreus) através de Sara.

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Desses dois saiu às três maiores religiões do mundo: judaísmo, cristianismo e islamismo. Abraão é o pai dessas três religiões, portanto, o pai de muitas nações, conforme a promessa.

Deus prometeu também que uma determinada terra seria dada aos descendentes de Abraão: Canaã, atual Palestina. Mas a possessão da terra seria dada somente aos descendentes de Abraão por meio de Isaque: os hebreus. Os hebreus, lembre-se: os hebreus, tomaram de fato posse da terra, fundaram seu reino e ali viveram. Ao longo da história, porém, eles sofreram várias derrotas e foram conquistados muitas vezes. Este é outro episódio recorrente na história de Israel: este território (Canaã, atual Palestina ) foi, ao longo do tempo, dominado por – judeus, assírios, babilônios, persas, macedônios, romanos, bizantinos e otomanos. Esse é um dos motivos para essa guerra territorial.

No primeiro século da nossa era (ERA CRISTA) o imperador romano Adriano (135 d.C) expulsou os judeus de Jerusalém e decretou que a cidade e o território ao redor fizessem parte de uma entidade maior chamada Síria Palestina. A Síria Palestina foi criada a partir da fusão das antigas províncias da Síria e da Judeia. É nesse momento da história que se dá a criação do povo conhecido como palestino.

O Império Romano começou a declinar e, no século 4, perdeu sua força. Surge então o Império Bizantino ficou com os espólios de Israel. O Império Bizantino nasceu da divisão do Império Romano, no ano de 395. Mas sua vida foi curta: no século 7, após a conquista islâmica do Oriente Médio, os povos árabes começaram a se estabelecer na antiga Palestina. Os descendentes dessa população hoje são chamados de palestinos. A maioria dos palestinos são muçulmanos.

Mas como você já percebeu, aquela região gosta de uma guerra e, em 1517, a região de Israel passou a ser controlada pelo Império Otomano. O Império Otomano, foi uma potência muçulmana, controlou aquela região por 400 anos. O controle sobre Israel durou até o fim da Primeira Guerra Mundial, quando os otomanos, já em declínio, se alinharam com as Potências Centrais (Alemanha e Áustria-Hungria). É este episódio que condiciona o fim do Império Otomano e a conquista do território de Israel (então Palestina) para o controle do Reino Unido: foram os britânicos que venceram a Primeira Guerra Mundial.

Nesse momento, no início do século 20, este território era habitado por uma minoria judaica e uma maioria árabe. Onde estavam os judeus? Espalhados pelo mundo. Apenas 10% da população total da Palestina era composta por judeus (cerca de 60 mil pessoas). Até 9 milhões de judeus viviam na Europa antes da Primeira Guerra Mundial. A maior concentração desse grupo estava no Império Russo (que incluía partes da atual Polônia, Ucrânia, Bielorrússia e outros territórios). Os judeus também tinham populações significativas na Hungria, na Romênia e na Alemanha. Por que a Europa?

Diferentes episódios de perseguição e conflito levaram os judeus a um capítulo de suas histórias conhecido como diáspora – é na disporá que Palestina, foi ocupada, massivamente, pelos árabes: Palestinos. É bem verdade que alguns hebreus foram para a Palestina viver com os árabes, mas a convivência era pacífica.

Como os judeus voltaram para Israel?

No final do século 19, em resposta ao crescente antissemitismo na Europa e à aspiração nacionalista de ter um lar seguro e soberano, surgiu um movimento conhecido como sionismo. Eles pregavam o retorno dos judeus para a Palestina, agora ocupada em massa por árabes. Até que foi fundado o Estado Sionista de Israel. E, claro, isso gerou profundo incômodo nos palestinos. Esse é só mais um dos dilemas do conflito.

As tensões entre os dois povos aumentaram quando a comunidade internacional deu à Grã-Bretanha a tarefa de estabelecer um “lar nacional” na Palestina para o povo judeu. Para os judeus, era a sua casa ancestral, mas os árabes palestinos também reivindicaram a terra e se opuseram à mudança. Em 1947, a ONU votou a favor da divisão da Palestina em estados judeus e árabes separados, com Jerusalém se transformando numa cidade internacional sob administração da ONU.

A ideia por trás disso era garantir o acesso e a proteção dos locais sagrados de Jerusalém para todas as religiões e evitar conflitos sobre a cidade. O plano foi aceito pelos líderes judeus, mas rejeitado pelos palestinos e os países árabes vizinhos. E por isso nunca foi implementado.

Por que os palestinos rejeitaram o plano da ONU? Muitos palestinos acreditavam que a proposta da ONU violava os princípios de soberania e autodeterminação. Para eles, como a maioria da população da Palestina era árabe, a terra deveria permanecer sob controle árabe. Os árabes sentiam que estavam sendo forçados a pagar o preço pelo sofrimento dos judeus na Europa – em especial o Holocausto. Os estados árabes vizinhos também se opuseram ao plano e exerceram pressão sobre os palestinos. Havia um sentimento de solidariedade árabe e uma crença de que a causa palestina era uma causa árabe.

Como nasceu o Estado de Israel?

Em 1948, incapazes de resolver o dilema, os britânicos partiram e os líderes judeus declararam a criação do Estado de Israel. A cizânia levou a crescentes episódios de hostilidades e eventualmente a um conflito militar, em 1948 – conhecido como Guerra da Independência, por parte dos judeus, e al-Nakba (“A Catástrofe”), por parte dos palestinos. Como consequência desse conflito, até 800 mil árabes palestinos fugiram ou foram expulsos de suas casas.

Quando o conflito terminou com um cessar-fogo em 1949, os judeus controlavam a maior parte do território. A divisão inicial da ONU prometeu 56% da Palestina britânica para o Estado judeu; no final da guerra, Israel possuía 77%. Bom, com isso você não precisa de muito para perceber que esse conflito está longe de terminar.

Hoje o estado de Israel, da perspectiva religiosa, a população de Israel hoje é 74% judia, 18% muçulmana, 2% cristã, e outra/variação/desconhecida. A população árabe de Israel é próxima de 21%, e inclui quase todos os muçulmanos, drusos e a maioria dos cristãos que vivem no país.

(Para quem tem interesse nos dados e informações. Parte substancial desses dados está disponível no canal da BBC no You-Tube)

Onde entra o Hamas na história?

O Hamas foi fundado por líderes da Irmandade Muçulmana na Faixa de Gaza. A Irmandade Muçulmana, originária do Egito, é uma organização muçulmana sunita. O nome “Hamas” é um acrônimo em árabe para “Movimento de Resistência Islâmica” (Harakat al-Muqawama al-Islamiya). Também significa “zelo” em árabe.

O Hamas é, antes de tudo, uma organização terrorista que busca governar a Palestina e defende a destruição do Estado de Israel.

A paixão com que os Hamas luta é a luxúria, enquanto a paixão de Israel é o amor.

Isso é tudo que tenho a dizer.

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