Aquaman 2: O Reino Perdido | Análise Crítica Detalhada do Filme de James Wan
O Universo Estendido DC, é uma montanha-russa de altos e baixos desde seu início com “O Homem de Aço”. Passou por diversas fases, algumas memoráveis, outras não tão bem-sucedidas. No entanto, nunca se recuperou verdadeiramente do conturbado tratamento dado a Zack Snyder. As mudanças na direção, o cancelamento de projetos e a repentina decisão de reiniciar tudo criaram um cenário instável. E, no momento em que escrevo este artigo, surgiram rumores de que a Warner Bros. poderia se fundir com a Paramount, o que tornaria todas as mudanças anteriores irrelevantes.
Nesse contexto, assisti a “Aquaman 2: O Reino Perdido” com a difícil tarefa de avaliá-lo sem considerar as versões anteriores de Aquaman e Liga da Justiça de Zack Snyder. O resultado não é animador.
Uma História Derivada
“Aquaman 2: O Reino Perdido”, dirigido por James Wan e co-escrito por David Leslie Johnson-McGoldrick, Jason Momoa e Thomas Pa’a Sibbett, acompanha a vida de Arthur Curry, que tenta conciliar seu papel como pai de Arthur Jr. e governante de Atlântida ao lado de sua esposa, Mera. Enquanto isso, David Kane, em busca de vingança pela morte de seu pai, busca armadura e armas atlantes e acaba encontrando um tridente negro-verde que o submete a um senhor das trevas. Cinco meses depois, uma crescente ameaça ambiental alerta Arthur e os reinos sob sua governança. Eles tentam deter o Manta Negra, mas suas armas provam ser poderosas demais. Sem opções restantes, Arthur busca a ajuda do prisioneiro Orm.
É difícil compreender os bastidores da escrita e pré-produção de um filme sem fazer parte da equipe. No entanto, o filme tem uma narrativa que levanta algumas questões. Os roteiristas afirmam que sempre foi sua intenção focar em Arthur e Orm, tornar o filme mais sério que o anterior e transmitir uma mensagem relevante. Porém, também é impossível ignorar a controvérsia em torno de Amber Heard, que afetou a percepção do filme.
Mera, que desempenhou um papel importante em “Aquaman”, parece ser relegada a um papel de mãe, esposa e rainha, enquanto Orm, antes um personagem complexo, perde profundidade. A trama ambientalista parece apenas um adereço superficial. Isso nos impede de assistir ao filme como uma sequência natural de “Liga da Justiça” de Zack Snyder e “Aquaman”.
O Estilo Distintivo de James Wan
James Wan é conhecido por seu estilo único de direção, que se destaca por momentos visuais e sonoros memoráveis. Ele é responsável por cenas icônicas em diversos filmes, como “Jogos Mortais”, “Silêncio dos Inocentes”, “A Sentença de um Agente”, “Sobrenatural”, “Invocação do Mal” e “Velozes e Furiosos 7”. No entanto, Wan parece enfrentar desafios ao dirigir a segunda parte de franquias, como vimos em “Sobrenatural: Capítulo 2” e “Invocação do Mal 2”. Esses filmes muitas vezes parecem mais como respostas às demandas dos estúdios do que uma expressão genuína da visão de Wan.
“Aquaman 2: O Reino Perdido” parece seguir essa tendência. Embora tecnicamente competente, o filme não apresenta o mesmo brilho que esperamos de Wan. A trama, ambientada no submundo aquático, lembra “Thor: O Mundo Sombrio”, com uma pitada de ambientalismo. Até mesmo uma referência a Loki torna a natureza derivada do filme evidente. Os visuais, os trajes, os monstros mecânicos e os cenários são impressionantes, mas nada se destaca como uma marca registrada de James Wan.
Comparação com “Aquaman 1”
Assisti novamente a “Aquaman 1” antes de ver “Aquaman 2: O Reino Perdido” e reconheci suas falhas, mas também apreciei a narrativa cativante e a habilidade de Wan em tirar o máximo proveito de cada cena. Lutas em ambientes diversos, duelos em coliseus subaquáticos, perseguições por Sicília e batalhas épicas eram emocionantes e envolventes.
“Aquaman 2: O Reino Perdido” carece desse mesmo impacto. A ação não atinge o mesmo nível de empolgação, e o clímax é subjugado e insatisfatório. Jason Momoa, que brilhou no papel de Aquaman, parece menos carismático desta vez. Patrick Wilson, conhecido por seus papéis carismáticos, parece apático aqui. Yahya Abdul-Mateen II se destaca apenas quando abraça o lado mais clichê de seu personagem após vestir a máscara. O elenco de apoio, incluindo Amber Heard, Dolph Lundgren, Nicole Kidman, Temuera Morrison e outros, tem pouco espaço para brilhar. Martin Short, como o Rei Brine, merecia mais tempo de tela. A presença de Pilou Asbæk passa despercebida na maior parte do filme.
Conclusão
Como fã de James Wan, é decepcionante afirmar que “Aquaman 2: O Reino Perdido” não atende às expectativas. O roteiro é derivado, a narrativa é tediosa e as escolhas de personagens não fazem sentido. A falta de paixão transparece nas atuações e na direção. Embora o filme seja tecnicamente sólido, ele não possui a identidade única que esperamos de um filme de James Wan.
Em um cenário ideal, essa sequência com Aquaman 2: O Reino Perdido teria sido tão bem-sucedida e divertida quanto seu antecessor, mas fatores externos prejudicaram seu potencial. Felizmente, James Wan anunciou seu retorno ao gênero de terror e a projetos em menor escala, o que nos dá algo a esperar em vez de mais filmes de super-heróis padronizados de estúdio.