Felicidade para Principiantes: Um filme leve e divertido, mas sem grandes ensinamentos
O novo filme da Netflix “Felicidade para Principiantes” é uma comédia romântica leve e divertida, mas que infelizmente não traz nenhum ensinamento profundo ou transformador. A protagonista Helen (Ellie Kemper) está em uma jornada para reencontrar a felicidade após um divórcio difícil, o que a fez perder seu senso de identidade e propósito.
Enredo previsível, porém agradável
O enredo de Felicidade para Principiantes segue os clichês habituals do gênero: depois do divórcio, Helen se inscreve em um retiro de “redescoberta pessoal” nas montanhas com um grupo eclético de estranhos. Lá ela conhece Jake (Steven Weber), um guia espiritual zen, por quem se sente atraída.
As situações apresentadas são previsíveis e fórmulas já vistas em outros filmes semelhantes: o grupo precisa superar desafios físicos e emocionais, aprendendo lições valiosas sobre si mesmos no processo. Helen e Jake iniciam um romance tímido e hesitante. No geral, porém, o enredo flui de forma agradável e divertida.
Bom elenco e humor inteligente
O que faz “Felicidade para Principiantes” funcionar são o bom elenco e o humor inteligente. Ellie Kemper é ótima no papel de Helen, trazendo humanity e charme. Sua química com Steven Weber também convence.
Os coadjuvantes têm bons momentos cômicos, especialmente Kevin (Hugh Dancy), um britânico sarcástico. As situações de humor são bem construídas e inteligentes, trazendo risadas sem apelar para o absurdo.
Falta de profundidade nos temas abordados
A questão é que, apesar de divertido, o filme não chega a abordar seus temas centrais – autoconhecimento, propósito de vida, felicidade – de forma realmente profunda ou transformadora.
A jornada de Helen rumo à felicidade parece simplória e superficial. Em poucos dias ela consegue superar anos de frustração e solidão com a ajuda de algumas lições de auto-ajuda e um novo romance.
Não vemos uma exploração realista e multidimensional de como reconstruir a auto-estima e o senso de identidade após uma grande perda. O filme acaba sendo mais uma comédia romântica leve do que um retrato sensível sobre crescimento pessoal.
Mensagem questionável sobre romance e felicidade
Além disso, a mensagem passada por “Felicidade para Principiantes” sobre encontrar a felicidade é questionável. Ao final, a implicação é de que o romance com Jake é a chave para a transformação e felicidade de Helen.
Isso acaba diminuindo a importância da jornada dela de descoberta pessoal e autoconhecimento. Transmite a ideia de que, no final das contas, uma mulher só pode ser verdadeiramente feliz e realizada ao lado de um homem.
Teria sido mais interessante se o foco permanecesse na jornada solo de Helen, sem a necessidade da resolução vir através de um interesse romântico.
Conclusão: bom para entretenimento leve
De modo geral, “Felicidade para Principiantes” cumpre seu papel como uma comédia romântica leve, divertida e bem interpretada. Funciona para passar um momento agradável de entretenimento sem grandes pretensões.
Porém, como um retrato sobre autoconhecimento e felicidade, deixa a desejar em profundidade e complexidade. Os temas são abordados de forma simplista. Além disso, a conclusão envia uma mensagem questionável sobre a necessidade de um romance para a felicidade.
Sendo assim, o filme pode agradar aos fãs do gênero em busca de algo para assistir despretensiosamente. Mas aqueles que buscam uma exploração mais profunda sobre desenvolvimento pessoal talvez se sintam frustrados com a superficialidade da abordagem. Ainda assim, trata-se de uma produção divertida e bem feita dentro de suas limitações.