Estrangeiro em mim
Eu sou um estrangeiro em mim mesmo
Quantas montanhas de aço já subi?
Todas as abelhas me voaram
Jorrei mel pelo o que desconheço de mim
Mas é bom!
Tudo agora é bom!
Des-entendo-me e faço-me duplo
Um para mim, outro para as incertezas
Caminhos?
Todos sozinho!
Mas aprendi
Aprendi que não há aprendizagem sem borboletar-se no jardim do medo e da angústia,
Nem da profundeza do engano
Fiz-me triste
Apareci palhaço
Acelerei as ondas do mar em meu desejo
Tudo tardou
Nem dormi
Tudo esqueci
Até a minha vida ficou para os pássaros
Mas há o céu!
E os buracos no chão
Por isso não limito-me ao que me pergunto
Sempre sobro para cima, e para baixo
Fui moleque, errei, fugi
Hoje não há santo que para mim é açúcar para continuar
Busquei buscas, encontrei desencontros, feri-me mágoas
Corrompi-me nas asas daquilo que não voa
Passei futuros, antes que amanhãs houvessem
Destilei passados nos hojes, onde não estive
Mas sobrei!
Fiquei letra e melodia
Noite, caramujo e meio-dia
Ainda tenho aindas que buscar sem bússola.