Black Mirror Ainda Empolga na 6ª Temporada
A sexta temporada de ‘Black Mirror’ marca uma mudança temática significativa, afastando-se do foco exclusivo na tecnologia e explorando como consumimos histórias. Charlie Brooker, o criador da série, nos presenteou com algumas das histórias de ficção científica mais audaciosas já vistas na televisão. Nas temporadas anteriores, a tecnologia era o tema central, explorando sua crescente influência em nossas vidas, suas qualidades viciantes e seu custo na interação humana. Alguns episódios se mostraram estranhamente proféticos, e finais chocantes eram mais comuns do que qualquer outra coisa.
No entanto, quando a sexta temporada foi lançada, quatro anos se passaram desde a última, e havia preocupações sobre se ‘Black Mirror’ poderia ser eclipsada pela nossa própria sociedade, considerando o ritmo acelerado dos avanços tecnológicos. Com a 6ª temporada, Brooker optou por um caminho interessante para a série, que não se concentra exclusivamente na tecnologia. Em vez disso, a temporada nos convida a refletir sobre como consumimos histórias e questionar se estamos alimentando as partes mais desumanizadas de nós mesmos quando assistimos algo apenas por mero entretenimento.
O primeiro episódio da temporada, intitulado “Joan é péssima“ e escrito por Brooker e dirigido por Ally Pankiw, exemplifica essa mudança temática. Embora seja pesado em suas mensagens por vezes, possui um tom mais abertamente cômico, em grande parte devido à performance de Annie Murphy, conhecida por seu papel em “Schitt’s Creek”. Joan, uma pessoa comum, sente que não é a protagonista de sua própria vida. Quando ela descobre uma série chamada “Joan Is Awful”, onde a personagem principal é interpretada por Salma Hayek, ela percebe horrorizada que a série retrata todos os detalhes menos lisonjeiros de sua própria vida.
RELACIONADO:
Black Mirror: esta é a única coisa que conecta todas as temporadas
Sem revelar muitos spoilers, este episódio aborda de forma fascinante o tipo de histórias que somos atraídos. A empresa de mídia fictícia, Streamberry, é uma cópia perfeita da Netflix, o mesmo serviço de streaming onde ‘Black Mirror’ é exibida. É uma meta tão autodepreciativa que até a própria Netflix não se opôs.
Enquanto Joan se envolve em situações cada vez mais escandalosas na esperança de arruinar a reputação de sua versão fictícia, há uma revelação reveladora sobre por que o programa se chama “Joan é péssima”. O público é atraído pelos aspectos negativos e se sente compelido a assistir a algo que amplifica as piores versões de si mesmos.
Outros episódios da sexta temporada de Black Mirror, como Beyond The Sea, com Aaron Paul, abordará ainda mais essas perspectivas e ratificará todo o propósito da sexta temporada da série, que continua altamente calibrada para nos fazer refletir sobre situações nunca (ou quase nunca) exploradas.
Embora alguns fãs possam sentir falta da ênfase exclusiva na tecnologia que caracterizou as temporadas anteriores, a 6ª temporada de ‘Black Mirror’ oferece uma perspectiva refrescante sobre como consumimos histórias e como isso pode afetar nossa humanidade. Os episódios são bem escritos, com performances impressionantes e mensagens poderosas. Embora talvez não tão nítida e profética como antes, a temporada ainda tem muito a dizer sobre a sociedade contemporânea e os desafios que enfrentamos em um mundo cada vez mais digital.
LEIA TAMBÉM:
No geral, a 6ª temporada de ‘Black Mirror’ merece ser assistida, especialmente por aqueles interessados em explorar os aspectos mais sombrios e complexos da nossa relação com a tecnologia, a mídia e a identidade. É uma temporada que nos lembra de questionar nossos próprios comportamentos e escolhas, e nos desafia a refletir sobre o que realmente valorizamos como seres humanos.
2 thoughts on “Black Mirror Ainda Empolga na 6ª Temporada”