Quanto custa não se encantar pela Guerra?
ANTES de qualquer coisa, que fique claro, a guerra é uma máquina de destruição, um rolo compressor. E, assim como o rolo compressor, a guerra não tem propósitos benignos e não tem concebivelmente como ter. A metáfora, aliás, é perfeita. Assim como a guerra, o rolo compressor tem a missão de destruir e passar o pano na mesma viagem.
Por mais estranho que pareça, há quem ainda se deixa fascinar pelo poder de destruição da guerra, pois crer que o poder para destruir pode ser usado para propósitos benignos. É desse mórbido fascínio que surge a pergunta quem tem razão? Só quem já perdeu a sanidade pode pensar com sinceridade que diante da catástrofe é possível aplaudir um lado estando entre o terror e a admiração. Portanto, quem tem razão entre Árabes e Judeus? Não é a minha intenção prolongar esse debate. Na verdade, creio que todos têm razão! E por isso ninguém tem razão! E o conflito não tem fim… é muita razão e pouca sanidade.
Tudo sobre este artigo:
Você pode pensar que sou contra à guerra. Mas não sou. Eu sei que isso pode ser um pouco contraditório com o início desse texto. Mas veja bem:
Todos conhecemos os argumentos contra a matança – e até mesmo contra a luta. A Bíblia é bastante clara. “Não matarás.” “Se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra”. A maioria das pessoas é contra a guerra. Isso é normal. Há algumas pessoas que se opõem à guerra porque, bem, a guerra é violenta. Mas isso não constitui uma objeção moral válida. Se apenas ser fisicamente assustador é a base de um veredicto moral, então não haveria diferença entre um torturador e um cirurgião.
Toda guerra é horrível e deve ser evitada. Mas aqui está a questão: existe alguma razão justificável para ir à guerra? Usarei as palavras de Chesterton a essa pergunta: “A única guerra defensável é uma guerra de defesa.” Por vezes, a triste verdade é que a única forma de parar uma guerra é combatê-la. Às vezes, a única maneira de parar a luta é lutar. Por vezes, a única forma de acabar com uma guerra é vencê-la – mas apenas como um ato de defesa e não como um ato de agressão. “Um verdadeiro soldado não luta”, diz Chesterton, “porque tem diante de si algo que odeia. Ele luta porque tem algo que ama nas costas.”
Você não pode amar algo sem querer lutar por isso. Você não pode lutar sem algo pelo que lutar. Amar uma coisa sem querer lutar por ela não é amor; é luxúria.
A conexão entre dois aparentes opostos aponta para a ideia de que a verdade é sempre um incrível ato de equilíbrio. O equilíbrio é a chave para a beleza, para a sanidade, para a justiça. Se nos inclinarmos demais em uma direção ou outra, perderemos o equilíbrio. Assim, tanto o militarismo como o pacifismo representam uma perda de equilíbrio. Por isso não sou contra a guerra.
Mas vamos entender esse conflito.
Quem tem razão? Judeus? Palestinos? Na verdade, a luta entre eles remonta ao patriarca Abraão (2.000-1.500 a.C) na desavença entre suas duas mulheres – Sara e Agar. Da primeira, descendem os Judeus, da segunda, os Árabes.
Da perspectiva religiosa, a história do povo judeu tem início com Abraão, considerado o patriarca dos judeus. De acordo com as escrituras, Abraão morava em Ur dos Caldeus, na Mesopotâmia, atual Iraque, quando Deus o chamou e lhe fez promessas. Deus prometeu que ele seria o pai de muitas nações. Mas ele já tinha 75 anos e não tinha filhos, sua esposa era estéril. Deus cumpriu sua promessa e Abraão teve 2 filhos: Ismael (pai dos árabes) através de Agar; e Isaque (pai dos hebreus) através de Sara.
Desses dois saiu às três maiores religiões do mundo: judaísmo, cristianismo e islamismo. Abraão é o pai dessas três religiões, portanto, o pai de muitas nações, conforme a promessa.
Deus prometeu também que uma determinada terra seria dada aos descendentes de Abraão: Canaã, atual Palestina. Mas a possessão da terra seria dada somente aos descendentes de Abraão por meio de Isaque: os hebreus. Os hebreus, lembre-se: os hebreus, tomaram de fato posse da terra, fundaram seu reino e ali viveram. Ao longo da história, porém, eles sofreram várias derrotas e foram conquistados muitas vezes. Este é outro episódio recorrente na história de Israel: este território (Canaã, atual Palestina ) foi, ao longo do tempo, dominado por – judeus, assírios, babilônios, persas, macedônios, romanos, bizantinos e otomanos. Esse é um dos motivos para essa guerra territorial.
No primeiro século da nossa era (ERA CRISTA) o imperador romano Adriano (135 d.C) expulsou os judeus de Jerusalém e decretou que a cidade e o território ao redor fizessem parte de uma entidade maior chamada Síria Palestina. A Síria Palestina foi criada a partir da fusão das antigas províncias da Síria e da Judeia. É nesse momento da história que se dá a criação do povo conhecido como palestino.
O Império Romano começou a declinar e, no século 4, perdeu sua força. Surge então o Império Bizantino ficou com os espólios de Israel. O Império Bizantino nasceu da divisão do Império Romano, no ano de 395. Mas sua vida foi curta: no século 7, após a conquista islâmica do Oriente Médio, os povos árabes começaram a se estabelecer na antiga Palestina. Os descendentes dessa população hoje são chamados de palestinos. A maioria dos palestinos são muçulmanos.
Mas como você já percebeu, aquela região gosta de uma guerra e, em 1517, a região de Israel passou a ser controlada pelo Império Otomano. O Império Otomano, foi uma potência muçulmana, controlou aquela região por 400 anos. O controle sobre Israel durou até o fim da Primeira Guerra Mundial, quando os otomanos, já em declínio, se alinharam com as Potências Centrais (Alemanha e Áustria-Hungria). É este episódio que condiciona o fim do Império Otomano e a conquista do território de Israel (então Palestina) para o controle do Reino Unido: foram os britânicos que venceram a Primeira Guerra Mundial.
Nesse momento, no início do século 20, este território era habitado por uma minoria judaica e uma maioria árabe. Onde estavam os judeus? Espalhados pelo mundo. Apenas 10% da população total da Palestina era composta por judeus (cerca de 60 mil pessoas). Até 9 milhões de judeus viviam na Europa antes da Primeira Guerra Mundial. A maior concentração desse grupo estava no Império Russo (que incluía partes da atual Polônia, Ucrânia, Bielorrússia e outros territórios). Os judeus também tinham populações significativas na Hungria, na Romênia e na Alemanha. Por que a Europa?
Diferentes episódios de perseguição e conflito levaram os judeus a um capítulo de suas histórias conhecido como diáspora – é na disporá que Palestina, foi ocupada, massivamente, pelos árabes: Palestinos. É bem verdade que alguns hebreus foram para a Palestina viver com os árabes, mas a convivência era pacífica.
Como os judeus voltaram para Israel?
No final do século 19, em resposta ao crescente antissemitismo na Europa e à aspiração nacionalista de ter um lar seguro e soberano, surgiu um movimento conhecido como sionismo. Eles pregavam o retorno dos judeus para a Palestina, agora ocupada em massa por árabes. Até que foi fundado o Estado Sionista de Israel. E, claro, isso gerou profundo incômodo nos palestinos. Esse é só mais um dos dilemas do conflito.
As tensões entre os dois povos aumentaram quando a comunidade internacional deu à Grã-Bretanha a tarefa de estabelecer um “lar nacional” na Palestina para o povo judeu. Para os judeus, era a sua casa ancestral, mas os árabes palestinos também reivindicaram a terra e se opuseram à mudança. Em 1947, a ONU votou a favor da divisão da Palestina em estados judeus e árabes separados, com Jerusalém se transformando numa cidade internacional sob administração da ONU.
A ideia por trás disso era garantir o acesso e a proteção dos locais sagrados de Jerusalém para todas as religiões e evitar conflitos sobre a cidade. O plano foi aceito pelos líderes judeus, mas rejeitado pelos palestinos e os países árabes vizinhos. E por isso nunca foi implementado.
Por que os palestinos rejeitaram o plano da ONU? Muitos palestinos acreditavam que a proposta da ONU violava os princípios de soberania e autodeterminação. Para eles, como a maioria da população da Palestina era árabe, a terra deveria permanecer sob controle árabe. Os árabes sentiam que estavam sendo forçados a pagar o preço pelo sofrimento dos judeus na Europa – em especial o Holocausto. Os estados árabes vizinhos também se opuseram ao plano e exerceram pressão sobre os palestinos. Havia um sentimento de solidariedade árabe e uma crença de que a causa palestina era uma causa árabe.
Como nasceu o Estado de Israel?
Em 1948, incapazes de resolver o dilema, os britânicos partiram e os líderes judeus declararam a criação do Estado de Israel. A cizânia levou a crescentes episódios de hostilidades e eventualmente a um conflito militar, em 1948 – conhecido como Guerra da Independência, por parte dos judeus, e al-Nakba (“A Catástrofe”), por parte dos palestinos. Como consequência desse conflito, até 800 mil árabes palestinos fugiram ou foram expulsos de suas casas.
Quando o conflito terminou com um cessar-fogo em 1949, os judeus controlavam a maior parte do território. A divisão inicial da ONU prometeu 56% da Palestina britânica para o Estado judeu; no final da guerra, Israel possuía 77%. Bom, com isso você não precisa de muito para perceber que esse conflito está longe de terminar.
Hoje o estado de Israel, da perspectiva religiosa, a população de Israel hoje é 74% judia, 18% muçulmana, 2% cristã, e outra/variação/desconhecida. A população árabe de Israel é próxima de 21%, e inclui quase todos os muçulmanos, drusos e a maioria dos cristãos que vivem no país.
(Para quem tem interesse nos dados e informações. Parte substancial desses dados está disponível no canal da BBC no You-Tube)
Onde entra o Hamas na história?
O Hamas foi fundado por líderes da Irmandade Muçulmana na Faixa de Gaza. A Irmandade Muçulmana, originária do Egito, é uma organização muçulmana sunita. O nome “Hamas” é um acrônimo em árabe para “Movimento de Resistência Islâmica” (Harakat al-Muqawama al-Islamiya). Também significa “zelo” em árabe.
O Hamas é, antes de tudo, uma organização terrorista que busca governar a Palestina e defende a destruição do Estado de Israel.
A paixão com que os Hamas luta é a luxúria, enquanto a paixão de Israel é o amor.
Isso é tudo que tenho a dizer.