A Geração do Farol do Saber
Em 1994 foi inaugurado o primeiro Farol do Saber no bairro Mercês em Curitiba, na gestão do antigo e atual prefeito da Cidade. Essa novidade revolucionou a maneira como as crianças de Curitiba, da década de 90, faziam seus trabalhos. O farol, além de trazer um acervo incrível – que na época era coisa de outro mundo -, oferecia também computadores para que os estudantes pudessem pesquisar conteúdos para seus trabalhos ou apenas navegar na internet.
O farol do saber era nosso cantinho sagrado, pelo menos era o meu. Passava tardes lá dentro folheando os livros e aguardando minha hora em um dos computadores, que eram disputadíssimos. Meu velho Orkut foi criado lá e olha que ficávamos uma hora inteira escrevendo depoimentos nas páginas dos amigos. Mas, internet à parte, o que mudou a minha vida foram os livros que li, coleções do Pedro Bandeira, Aghata Christie, a coleção vagalume, entre outras. O farol trouxe luz para minha ignorância e me tirou das ruas nas tardes ociosas. Há quem diga que lá, além de ser perfeito para leitura, era o ponto de encontro da “galera”. Queria paquerar alguém ou ver o gatinho da escola, o farol do saber era o lugar certo. Bastava esperar vê-lo entrar e pronto, ali você descobria tudo dele, mas como? Computadores! Era só esperar ele entrar no Orkut e você passava, via seu nome e ponto, alguns minutos depois ele estava recebendo seu convite para adicioná-la.
Os livros que cada um lia também contava muito da vida das pessoas. Uns adoravam livros de terror, outros eram apaixonados por ação, há aquelas que se derretiam com os romances, e dessas me lembro bem. É dessa geração que tenho saudade, da geração que marcava encontro no farol e realmente fazia os trabalhos, que pesquisava em enciclopédias e tudo em tempo recorde para aproveitar a variedade de livros bons. A geração que descobriu que um lugar poderia mesmo trazer a felicidade, em formatos, tamanhos e letras diferentes. A geração que folheava os livros como quem descobria a chave para o sucesso.