Rare Objects: Análise do filme dirigido e estrelado por Katie Holmes
O filme “Rare Objects” (2023) (nome indefinido no Brasil) baseia-se no conceito de que “bondade é a chave”, mas carece de uma edição mais cuidadosa e de um enredo e personagens mais coesos. As diferentes maneiras pelas quais as pessoas lidam com suas dificuldades são apenas mencionadas, sem uma explicação adequada sobre as escolhas feitas ou a crueldade envolvida. Apesar de afirmar que foi através do trabalho que Benita começou a se curar, o tempo de tela dedicado a esse aspecto é mínimo. O filme não é considerado bom, embora não tenhamos lido o livro no qual se baseia. A seguir, faço uma recapitulação do enredo de “Rare Objects” e do significado que pode ser extraído dele.
Depois de enfrentar um incidente traumático em uma boate, Benita se vê lidando com as consequências desse evento em sua vida. Ela é agredida sexualmente por um homem que a ameaça caso ela o denuncie. A fim de tentar esquecer o ocorrido e evitar maiores problemas, Benita decide fazer um aborto e procurar tratamento para Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). Essas ações demonstram responsabilidade e coragem.
Após receber alta do hospital, Benita decide morar com sua mãe por um tempo e tirar uma pausa da escola. Sua mãe, Aimee, está preocupada com o impacto que isso pode ter em seu futuro, mas acaba cedendo ao pedido da filha. No entanto, é surpreendente que Aimee não tenha questionado os motivos de Benita para abandonar a escola ou percebido que algo estava diferente com ela. Além disso, quando Benita expressa preocupação com dívidas acumuladas, Aimee não demonstra empatia e insiste que tudo o que ela precisa fazer é rezar. Esse comportamento pode ser considerado como “positividade tóxica”, mas também pode ser reflexo da falta de conhecimento sobre outras formas de lidar com os problemas. Reconhecer e enfrentar os problemas exige um trabalho emocional significativo, e quando alguém já está sobrecarregado na vida, talvez a positividade cega seja o máximo que possa suportar.
A amiga de Benita, Angie, fica desapontada com a decisão dela de abandonar a escola. Talvez isso seja resultado de suas próprias frustrações, já que Angie engravidou e precisou adiar seus próprios sonhos. No entanto, a falta de clareza no filme não permite entender completamente as motivações de Angie. Porém, é por meio de Angie que Benita consegue um emprego em uma loja de antiguidades, onde ela se adapta bem e se conecta com seu chefe, Peter Kessler. O trabalho parece ajudar Benita ao fazê-la apreciar a arte dos objetos. Um objeto, como um abajur, não é apenas um dispositivo de iluminação, mas possui uma história que reflete o brilho que pode trazer às pessoas. A loja também menciona o kintsugi, uma técnica japonesa que valoriza as imperfeições das peças. Enquanto trabalha, Benita também conhece Peter e sua mãe, que compartilham suas próprias lutas. O filme não compara as dificuldades enfrentadas por diferentes pessoas, mas mostra como elas tentam superá-las e encontrar coisas boas na vida.
No trabalho, Benita reencontra Diana, uma pessoa que estava no hospital com ela durante o tratamento do trauma. O relacionamento entre Diana e Benita é baseado em sua compreensão mútua e se torna um espaço seguro para ambas. No entanto, Diana está perturbada e não toma seus remédios, afirmando que as “vozes em sua cabeça” são suas amigas. Isso sugere que ela sofre de transtorno bipolar, algo que o filme poderia ter deixado mais claro. Apesar disso, ter alguém que a compreende e permite que ela compartilhe os aspectos mais complexos de sua vida permite que Benita comece a se curar. Também parece que pode haver uma conexão romântica entre Benita e James, irmão de Diana. No entanto, o chefe de Benita, Ben Winshaw, também demonstra interesse por ela.
A amizade entre Diana e Benita não ajuda Diana a superar seu próprio trauma. Pessoas com problemas de saúde mental muitas vezes são consumidas por suas próprias dificuldades, o que não significa que não se importem com os problemas dos outros, mas têm limitações. Isso acontece com James e Diana. James quer falar sobre si mesmo, mas Diana só fala sobre ela, e ele fica frustrado com a falta de atenção. Quando ele pede a Diana para deixar que a conversa seja sobre ele, ela começa a chorar. Mais tarde, Diana é internada novamente no hospital contra sua vontade e acaba cometendo suicídio.
Benita fica arrasada com a perda de sua melhor amiga, a única pessoa que a compreendia e não a julgava por suas escolhas. Ela para de ir ao trabalho, até que seu chefe, Ben, a encoraja a não desistir e diz que “não há problema em deixar as pessoas entrarem”. No contexto, ele está pedindo a ela que tenha fé nas pessoas. Mesmo que possam ser julgadoras, isso não significa que não se importem. Exemplos disso são sua mãe Aimee, que deu espaço e conselhos com boas intenções, e Angie, que ofereceu sua amizade mesmo após a decepção inicial. A falta de fé de Diana na bondade das pessoas foi o que levou à briga com seu irmão e, eventualmente, a sua morte. No final de “Rare Objects”, Benita decide seguir em frente, mostrando coragem em sua jornada, em vez de desistir. Ela retorna ao trabalho, pronta para reconstruir sua vida.
Em resumo, “Rare Objects” poderia ter sido um belo filme se tivesse uma edição mais cuidadosa e um roteiro mais claro. A falta de clareza e as lacunas no enredo tornam difícil compreender as motivações dos personagens e a mensagem geral do filme. O fato de a diretora e produtora do filme, Katie Holmes, também atuar no papel de Diana é surpreendente, já que ela não conseguiu identificar as falhas óbvias da produção. Considerando o tema delicado e a premissa interessante da história, é lamentável que “Rare Objects” tenha sido mal escrito e editado. Esperamos que futuras adaptações cinematográficas possam fazer justiça ao material original.
Sinopse e Trailer de Rare Objects
Sinopse: “Objetos Raros” conta a história de uma jovem que procura reconstruir a sua vida quando vai trabalhar numa loja de antiguidades.
- Direção
- Katie Holmes
- Roteiristas
- Katie Holmes
- Phaedon A. Papadopoulos
- Kathleen Tessaro
- Artistas
- Purva Bedi
- Candy Buckley
- Alan Cumming