Se Eu Fosse Luísa Sonza: Crítica à Minissérie da Netflix
Luísa Sonza, um nome que se tornou conhecido em todo o Brasil, principalmente após seu casamento com o comediante Whindersson Nunes. No entanto, sua trajetória e sua imagem pública têm sido alvo de controvérsias e debates. A minissérie da Netflix, “Se Eu Fosse Luísa Sonza”, mergulha nas polêmicas e nas dores da artista em 2023, em uma tentativa de se conectar com seu público mais jovem e mostrar os bastidores de sua vida e carreira.
Com apenas 1h49 de duração, a minissérie é dividida em três episódios: “O Mundo é um Moinho,” “Eu sou Minha Pior Hater” e “Escândalo Íntimo.” Vamos analisar essa produção sob diferentes perspectivas.
A Jornada de Luísa Sonza
A minissérie Se Eu Fosse Luísa Sonza, dirigida por Isabel Nascimento Silva, conhecida por seu trabalho em programas televisivos para GNT e HBO Max, acompanha um ano na vida de Luísa Sonza. A narrativa é repleta de momentos de choro e entrevistas confessionais, proporcionando uma análise profunda de seu percurso até 2023.
O envolvimento de seus pais e do ex-marido, Whindersson Nunes, é notável no primeiro episódio, onde são apresentadas as origens da jovem cantora de olhos claros, natural da cidade de Tuparendi, com apenas 7 mil habitantes. Embora o documentário faça menção à origem humilde de Luísa e seu desejo de lutar por seus sonhos, detalhes familiares são deixados de lado em favor da apresentação de sua trajetória musical desde a infância.
Assim como muitos artistas, Luísa Sonza não nasceu em berço de ouro. Ela começou sua carreira fazendo covers de músicas e compartilhando-os no YouTube. Sua ascensão só se concretizou após um de seus vídeos viralizar, e a partir daí, Whindersson Nunes entrou em contato com ela por meio das redes sociais. O relacionamento deles foi vivido intensamente e amplamente exposto nas redes sociais, colocando ainda mais os holofotes sobre Luísa.
É interessante notar que casos semelhantes já ocorreram no mundo da música, como o de Mallu Magalhães, que foi descoberta no MySpace aos 15 anos e ainda hoje enfrenta críticas em relação a sua música e ao relacionamento com Marcelo Camelo, que é 14 anos mais velho. Essas situações mostram que o “showbusiness” muitas vezes envolve elementos não relacionados à música em si.
A Abordagem das Polêmicas
O segundo episódio da minissérie “Se Eu Fosse Luísa Sonza” tem como objetivo abordar as polêmicas que cercam a vida de Luísa Sonza. Ela responde aos ataques que enfrentou após o término de seu casamento com Whindersson Nunes e lida com a repercussão dos “fãs” do comediante em relação à trágica perda de seu filho prematuro. Enquanto isso, o documentário nos mostra os bastidores da preparação de seu álbum “Doce 22” e da produção de “Escândalo Íntimo.”
As câmeras são incisivas ao mostrar os problemas de acne da cantora, a perda de cabelo, o consumo de Rivotril e seu medo de perder a voz. No entanto, é importante observar que o documentário não aborda completamente os desafios mentais e o abuso de substâncias que Luísa enfrentou no último ano. Embora seus pais façam aparições na produção, a ênfase dada aos haters da internet na vida dela deixa claro que ela carece de afeto e de um apoio mais sólido de amigos e profissionais. Isso levanta a questão se Luísa estava realmente em condições de participar da produção do documentário.
Comparação com Outras Produções
Vale a pena fazer uma comparação com outras produções da Netflix, como as duas temporadas de Anitta, que consistem em seis episódios cada. Nessas séries, o público pode ver os bastidores e os detalhes das realizações da artista, com pouca ênfase em polêmicas. No entanto, em “Se Eu Fosse Luísa Sonza”, parece que a cantora não estava tão disponível ou disposta a permitir que as câmeras registrassem seu dia a dia.
Conforme declarado em “Se Eu Fosse Luísa Sonza”, Luísa Sonza se sente mais à vontade para se expressar através das letras de suas músicas. O álbum “Doce 22” realmente mostra uma artista com vigor criativo e uma voz poderosa. No entanto, ao assistirmos à minissérie, fica evidente que a jovem cantora estava em um estado frágil para alguém de sua idade. A série foca intensamente nas dores e nas fofocas de sua carreira, mas deixa de lado seu cotidiano, mostrando apenas imagens de arquivo de sua vida familiar.
Quem é Luísa Sonza?
Por mais que “E se Fosse Luísa Sonza” tente se aproximar do grande público e criar identificação com a cantora, ela ainda parece estar em uma bolha distante e desprotegida dos discursos de ódio que a cercam. Seria responsabilidade das pessoas ao redor de Luísa protegê-la dessa exposição constante, que pode ser prejudicial à sua saúde mental.
Mesmo o caso de injúria racial respondido pela cantora nas redes sociais recebe destaque na minissérie, mas falta contexto atual. Talvez, se Luísa Sonza se concentrasse mais em suas habilidades de composição e melodia, em vez de tentar se justificar constantemente, ela permitiria que as pessoas apreciassem seu trabalho de forma mais autêntica. A minissérie parece ser mais um confessionário e um contra-ataque do que uma exploração genuína de seu processo artístico. Poucos momentos mostram Luísa no palco, antes ou depois das apresentações, em campanhas ou em gravações; tudo parece se passar nas salas de brainstorming.
As reações de Luísa ao conquistar prêmios e recordes não são mostradas diretamente, apenas exibidas por meio de frases em fundo preto. A imagem que o documentário constrói de Luísa Sonza é a de uma grande sofredora. A produção optou por mostrá-la principalmente quando as coisas não estão bem. Em busca de revelar polêmicas e dores, o documentário coloca em segundo plano a própria artista. Talvez o título mais apropriado para a série deveria ser: “Apesar do sucesso, Luísa Sonza não está bem.”
Conclusão
A minissérie “Se Eu Fosse Luísa Sonza” está disponível na Netflix desde 13 de dezembro de 2023. É uma obra que certamente gerará discussões e opiniões divergentes. A abordagem das polêmicas e das dores da cantora é uma tentativa de se conectar com o público e mostrar sua vulnerabilidade, mas também deixa perguntas em aberto sobre até que ponto uma exposição tão intensa é benéfica para sua saúde mental.
O documentário “Se Eu Fosse Luísa Sonza” oferece uma visão íntima da vida de Luísa Sonza, mas, ao mesmo tempo, deixa muitas áreas não exploradas. Fica a impressão de que a produção poderia ter se aprofundado mais na análise de sua música e de sua jornada artística. Resta ao público apreciar o talento de Luísa através de suas harmonias de letra e melodia, esperando que, com o tempo, ela possa encontrar um equilíbrio entre sua vida pública e privada que seja saudável para sua carreira e bem-estar.
One thought on “Se Eu Fosse Luísa Sonza: Crítica à Minissérie da Netflix”