Nimona: Uma obra de arte relevante com representatividade
Nimona é um filme de animação baseado na popular história em quadrinhos de mesmo nome, escrita e ilustrada por Noelle Stevenson. Lançado pela Netflix, o filme destaca-se por sua narrativa envolvente, visuais deslumbrantes e, principalmente, por sua representação queer, tornando-se uma obra de arte relevante em tempos de desinformação e divisão.
A história gira em torno de Ballister Boldheart, um ex-cavaleiro e agora vilão, e sua enigmática aliada, Nimona. Juntos, eles embarcam em uma jornada cheia de reviravoltas e descobertas, desafiando as percepções convencionais sobre a verdade, poder e identidade. O filme explora temas como manipulação da mídia, propaganda governamental e a quebra de estereótipos de gênero, tornando-o incrivelmente relevante para os dias atuais.
Uma das características mais marcantes de “Nimona” é a representação queer. Ballister Boldheart e Ambrosius Goldenloin, dois cavaleiros gays, protagonizam uma jornada de amor e ódio, desafiando as representações tradicionais de cavaleiros como homens heterossexuais brancos. É poderoso ver personagens LGBTQ+ sendo orgulhosos de sua orientação sexual e explorando o que realmente significa ser um cavaleiro. Riz Ahmed e Eugene Lee Yang dão voz a esses personagens, elevando ainda mais a representatividade do filme.
Além disso, Nimona, a personagem-título, também traz uma representação transgênero. Ela expressa sua insatisfação quando as pessoas a tratam como uma garota, preferindo continuar se transformando. Essa abordagem explícita da identidade transgênero contribui para a diversidade e inclusão presentes em “Nimona”. É importante destacar que a Disney, conhecida por sua falta de representação e inclusão, inicialmente cancelou o lançamento do filme, mas foi resgatado pela Annapurna e pela Netflix. Essa decisão permitiu que “Nimona” alcançasse milhões de pessoas queer ao redor do mundo.
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Os visuais de “Nimona” são magníficos e se assemelham a uma história em quadrinhos desenhada e pintada à mão. Os personagens e cenários não apresentam contornos pretos tradicionais, criando uma estética suave com espaço para contrastes. Aaron Jason, o ilustrador dos quadrinhos do Thor, serve como uma boa referência para a aparência geral do filme. A escolha de utilizar a cor preta de forma reservada, principalmente durante o terceiro ato e cenas cruciais, amplifica a carga temática. A animação das transformações de Nimona é especialmente exquisita, com animais fofos e expressões faciais e corporais cativantes.
O elenco de vozes de “Nimona” é excepcional, com cada membro trazendo perfeição às suas interpretações. Eugene Lee Yang entrega-se ao papel de Ballister Boldheart, mostrando seu comprometimento e habilidade em transmitir emoções intensas. Frances Conroy traz dignidade e ameaça a cada cena em que aparece, enquanto Beck Bennett traz uma energia atlética e comentários sarcásticos hilariantes. Chloë Grace Moretz como Nimona lembra seu trabalho em “Kick-Ass”, trazendo diversão e emoção ao personagem. Riz Ahmed, como sempre, é brilhante, trazendo expressividade e profundidade ao seu papel. Sua atuação merece todos os elogios possíveis.
“Nimona” também possui uma trilha sonora divertida e envolvente, composta por Christopher Beck. A música complementa perfeitamente as cenas e ajuda a criar o clima adequado, tornando a experiência cinematográfica ainda mais agradável.
Em termos de ação, o filme poderia ter sido mais impactante, com sequências de ação mais fluidas. No entanto, uma das sequências emocionantes me fez derramar algumas lágrimas, mostrando que o filme tem momentos poderosos quando necessário.
Em suma, “Nimona” é uma obra de arte relevante que grita alto por direitos LGBTQ+ e apresenta uma mensagem importante sobre propaganda governamental e a importância da representação queer. Seu cancelamento inicial pela Disney apenas ressalta a necessidade de mais histórias queer na indústria do entretenimento. Este filme é uma jornada emocionante e visualmente deslumbrante, repleta de personagens complexos e temas relevantes. “Nimona” merece ser visto e apreciado por todos, independentemente de sua orientação sexual.
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