Crítica Se você está na vibe de assistir a um thriller de ação que poderia muito bem ter saído direto dos anos 2000, “Dirty Angels” é exatamente o que você espera — e nada além disso. Dirigido por Martin Campbell, o mesmo diretor que entregou o memorável Casino Royale (2006), o filme tem Eva Green no papel principal, mas, olha, nem ela consegue salvar essa aventura meio capenga. Com violência gratuita, personagens rasos e um roteiro que esqueceu que o mundo mudou, “Dirty Angels” até entretém, mas fica longe de deixar alguma marca.
Eva Green e o charme perdido
Eva Green interpreta Jake, uma militar durona e atormentada, com um passado que parece mais interessante do que tudo o que vemos na tela. Ela entrega uma atuação sólida — mesmo com um sotaque americano que escorrega aqui e ali. Green até tenta emular a vibe Jodie Foster: o corte de cabelo afiado, o olhar penetrante e uma interpretação mais contida. Mas, infelizmente, a falta de um roteiro melhor faz com que a personagem dela seja só mais uma heroína genérica, sem o charme ou profundidade que vimos antes em trabalhos como o já citado Casino Royale.
O enredo básico: resgatar reféns
A trama é simples até demais: adolescentes de uma escola internacional no Paquistão são sequestrados por membros do Talibã, liderados por um vilão tão caricatural que parece ter saído de um jogo de videogame dos anos 90. Jake e seu time de especialistas — cada um com apelidos que revelam suas funções como “Geek” (a nerd da tecnologia), “The Bomb” (especialista em explosivos) e “Shooter” (você adivinhou, atiradora) — são recrutados para resgatar as vítimas.
A premissa até poderia render algo interessante. Afinal, o filme tenta trazer um grupo de mulheres no papel de heroínas em um cenário de opressão patriarcal. Mas essa ideia é sabotada por diálogos tão artificiais que chega a ser difícil levar a sério qualquer tentativa de mensagem profunda.
Ação desenfreada, mas sem propósito
“Dirty Angels” é repleto de tiroteios, explosões e cenas de luta, e o filme não economiza no sangue. Se é isso que você procura, prepare-se para balas voando e explosões suficientes para agradar qualquer fã de ação exagerada. Mas mesmo nesse quesito, o filme falha em manter o interesse, já que a direção de Campbell — geralmente competente em cenas de ação — aqui parece estar no piloto automático.
As interações entre os personagens também não ajudam. O humor forçado e as referências pop aleatórias (que surgem como uma tentativa preguiçosa de humanizar o elenco) acabam quebrando o ritmo da trama. Até a breve tentativa de romance entre Ruby Rose, que interpreta a médica “Medic”, e um médico chamado, sem criatividade nenhuma, de “Doctor Mike”, é completamente desnecessária.
Uma oportunidade perdida
O que poderia ter sido um filme ousado, que explorasse o empoderamento feminino em um ambiente hostil, acaba sendo só mais uma aventura genérica de mercenários. Mesmo o uso simbólico das burcas pelas protagonistas para se infiltrarem em território inimigo — algo que poderia levantar questões interessantes sobre identidade e resistência — é tratado de maneira superficial.
No fim, o filme falha em se conectar emocionalmente com o público, mesmo abordando um tema tão pesado quanto o sequestro de adolescentes por extremistas. Em um momento onde os direitos das mulheres enfrentam ameaças globais, “Dirty Angels” poderia ter sido uma obra que misturasse ação e relevância social. Mas, do jeito que foi feito, tudo se perde em meio às explosões e clichês.
Vale a pena assistir?

Se você é fã de ação e não se importa com histórias previsíveis ou personagens sem profundidade, “Dirty Angels” pode até oferecer algumas horas de entretenimento. Mas para quem espera algo mais do que um thriller genérico, é melhor procurar outro filme na lista de lançamentos.