A História do Bóris

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Num dia desses aí, dentro de uma toca, um bicho que me lembra um esquilo [ou seria melhor compará-los com ratinhos? Meio que dá no mesmo] estava se contorcendo no chão que havia cavado. Dali a pouco descobriu-se que era fêmea [olha só, quem diria!]. De dentro dela saíram três filhotes.

Feliz da vida, após dar o último contorção do último filho, foi checar o trabalho feito. Decepcionou-se, eram filhotes defeituosos. Era visível a preocupação por ter seus filhinhos com o rabo tão mais longo que o normal, além de umas patinhas com dedinhos bem estranhos.

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A Sra. [alguma coisa que parece] Esquilo não ficou surpresa com a morte do primeiro filhote, poucos dias depois. Tão pouco com a morte do segundo. Afinal, se tinham o rabo grande, provavelmente eram defeituosos por dentro também. Mal sabia ela que as mortes foram causadas por vermes provenientes da [lamentosa] grande proximidade entre a toca e um lugar onde animais maiores costumavam defecar. A Sra. [repito aqui o que fiz agora a pouco] Rata pensou que seu terceiro filhotinho logo morreria também, mas felizmente os vermes não chegaram a entrar em seu corpinho. Ninguém nunca deu um nome a ele, e como não sei o nome da espécie dele [o que provavelmente nem existe], vou chamá-lo de Bóris.

Bóris era mais esperto que os esquilinhos amiguinhos que ele fez nos primeiros estágios de sua vida. Sempre ganhava deles nas corridas, o que o ajudou a não sofrer grandes deboches por parte dos perdedores, por conta do seu rabo ridículo e unhas cumpridas demais — que o ajudava a subir em árvores, aliás; coisa que os outros [bichos que parecem] esquilinhos não conseguiam fazer.

Certo dia, Bóris atravessava uma lareira junto a seus amiguinhos. Coincidentemente, um bicho bem maior e cheio de fome passava por ali também. E coincidentemente, foi o Bóris que este bicho pegou.

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Bóris morreu rapidinho, sentindo muita dor enquanto era mastigado vivo, antes que tivesse tido a oportunidade de copular com alguma [bicha que parece com uma] ratinha. Isso, é claro, impediu que ele tivesse uma descendência; com rabinhos parecidos com o seu, mas diferente de todos os outros.

Nunca chegou a existir primatas no mundo em que vivo. É por isso que hoje sou um copano. Quadrúpede, peludo e com nove tetinhas.

 

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