Yellowstone: Um Adeus que Deveria Ter Vindo Antes
O Crepúsculo da Série: Por que ‘Yellowstone’ Deveria Ter Concluído Há Anos
A trajetória de Yellowstone chega a uma encruzilhada, onde a série Neo-Oeste, que já foi aclamada, enfrenta questionamentos sobre sua prolongada existência. Afinal, a Paramount+ está prestes a lançar a segunda metade da 5ª temporada, intitulada Parte 2, e a incógnita sobre o número de episódios permanece. A pergunta que muitos se fazem é por que a série ainda se encontra nas belas paisagens de Montana, agora envelhecidas e decadentes, quando poderia ter encerrado sua saga de forma mais honrosa? Kevin Costner, mesmo interpretando um nobre cowboy, não consegue resgatar a reputação da série que agora parece perdida em tramas confusas e dramas sem propósito.
A Ascensão Meteórica e a Queda Inevitável de Yellowstone
Logo após a estreia da 1ª temporada, Yellowstone conquistou o posto de série mais popular na televisão, e não foi à toa. O elenco estelar, encabeçado por Kevin Costner, Kelly Reilly, Wes Bentley e outros, prometia uma saga familiar envolvente. Costner, um vencedor do Oscar, interpretava John Dutton, o patriarca que comandava o imenso Rancho Yellowstone em Montana, junto com seus três filhos adultos. A trama, inicialmente centrada na defesa da propriedade contra empresários inescrupulosos e vigilantes, ganhava complexidade ao incluir a reserva vizinha de Broken Rock, reivindicando a terra que outrora fora deles.
A Temporada 1 de Yellowstone: Um Marco Inigualável
A temporada inaugural de Yellowstone permanecerá como o ápice da saga da família Dutton. Cada introdução de personagem ofereceu um retrato complexo dos membros da família, sendo Beth Dutton, interpretada por Kelly Reilly, a personagem que se destacou. Sua representação da empresária torturada Beth era uma revelação entre os cowboys datados que povoavam a série. Os demais irmãos também traziam complexidades próprias, com Luke Grimes como Kayce, Wes Bentley como Jamie e Dave Annable como Lee, o filho dourado da família. A morte chocante de Lee no final do primeiro episódio da 1ª temporada foi um ponto crucial que incendiou o início de Yellowstone, mostrando que nenhum personagem estava a salvo neste mundo impiedoso.
Entretanto, as complexidades que tornavam cada Dutton especial transformaram-se em correntes. Beth, em particular, passou de uma personagem inteligente e fascinante para a estereotipada “garota legal” conforme a série progredia. Tantrums frequentes, brigas sem propósito e uma caricatura de novela substituíram a personagem cativante que ela costumava ser. A decadência dos personagens é apenas um exemplo de como a série falhou em aproveitar ao máximo seus excelentes atores, enquanto as tramas se tornam cada vez mais ridículas a cada temporada.
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O Declínio e a Ascensão dos Spin-offs
Com o sucesso da primeira temporada, Yellowstone se consolidou como uma potencial franquia. No entanto, a qualidade começou a declinar à medida que a narrativa principal era estendida, abrindo caminho para spin-offs. O anúncio de ‘1883’, um prelúdio estrelado por Sam Elliott, Tim McGraw e Faith Hill, gerou expectativas, e o sucesso instantâneo validou a expansão do universo Yellowstone. Outros spin-offs aclamados, como ‘1923’, com Harrison Ford e Helen Mirren, foram lançados, e novos projetos, como o prelúdio ‘1944’ e o spin-off ‘6666’, foram anunciados. O foco nas ramificações da franquia levanta questões sobre a atenção dedicada à série original.
Vozes Nativas Silenciadas: O Retrocesso Inaceitável de Yellowstone
Uma das promessas que se desvaneceram ao longo das temporadas foi a representação justa das vozes nativas americanas. Inicialmente, a série pretendia contar uma história de Velho Oeste sem cair no estereótipo do salvador branco. No entanto, essa promessa foi quebrada, com personagens nativos americanos relegados a papéis de apoio em tramas que servem aos protagonistas brancos. Esse retrocesso torna-se mais gritante, considerando o destaque dado à tensão entre o Rancho Yellowstone e a Reserva Broken Rock na 1ª temporada.
O personagem de Monica Dutton, interpretado por Kelsey Asbille, exemplifica essa falha. Sua narrativa contínua de sofrimento em comparação com os demais membros brancos da família Dutton não apenas diminui a personagem, mas também desrespeita as vozes nativas americanas que buscam controlar suas próprias narrativas na televisão. Esse retrocesso é especialmente notável em um momento em que séries como a inovadora Reservation Dogs têm trabalhado para empoderar essas vozes sub-representadas.
A Injustiça Dentro da Narrativa: O Adeus Digno que Yellowstone Merece
Numa série centrada na justiça, a atual trajetória de Yellowstone é uma injustiça para o talentoso elenco. À medida que nos aproximamos do adeus ao Rancho Yellowstone, torna-se mais evidente que a série deveria ter encerrado algumas temporadas atrás. Os espectadores sempre lembrarão e amarão os personagens que fizeram parte de suas noites de domingo, mas o épico pioneiro agora parece destinado a terminar com um suspiro prolongado, antes de ser piedosamente aliviado de seu sofrimento.
Conclusão: A Dignidade Perdida de Yellowstone
Enquanto nos preparamos para o confronto final nos últimos episódios da série principal, fica claro que Yellowstone deveria ter encerrado sua jornada quando estava no auge. A decisão de prolongar a série arrisca diluir seu impacto e manchar a memória do que já foi uma produção inovadora. À medida que os espectadores se despedem do Rancho Yellowstone, a esperança é que Taylor Sheridan conceda à série o respeito que ela merece em seus momentos finais.
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