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Redes Sociais: A invasão de privacidade outorgada

Há quinze anos a sociedade era muito mais privada do que hoje, bastava apenas à foto de um paparazzo ou até mesmo uma pequena exposição

Há quinze anos a sociedade era muito mais privada do que hoje, bastava apenas à foto de um paparazzo ou até mesmo uma pequena exposição da vida particular na mídia, para que desencadeasse uma grande quantidade de processos judiciais e muito alvoroço nos meios de comunicação, gerando incontáveis notícias pelo mundo. Em uma navegação mecânica e sem nenhum objetivo pelas redes sociais num dia desses, me deparo com uma publicação que realmente me fez pensar: Até que ponto as “redes” estão influenciando o ser humano e expondo sua vida para um mundo, que muitas vezes, não sabemos estar alcançando? 
Era uma bela segunda-feira, daquelas que nos fazem refletir sobre a extinção desse dia, no terminal de ônibus passo rapidamente por um rosto que me parece familiar, uma moça que vi algumas vezes, porém não lembrava as situações nas quais conversamos ou nos vimos pessoalmente. Em um ato involuntário, pego meu maravilhoso smartphone, ligo a internet móvel e imediatamente aparece à foto daquela “moça” que acabara de cruzar. Sim, era uma pessoa que só reconheci pela internet, não sabia da existência real dela até aquele exato momento. 
Eis o fato que importa: a foto em questão. Uma publicação de apenas alguns minutos atrás continha a imagem da “moça” e mais duas mulheres, nela as internautas usavam roupas muito íntimas ou quase que não usavam roupa alguma. Para garantir a quantidade de likes, que já era alta em apenas alguns minutos, elas ainda faziam poses buscando ser mais sensuais, acredito, sem sucesso. O sucesso é realmente relativo, prova disso é que, em alguns segundos, existia um resultado satisfatório a ela na publicação. Sobretudo nessa pequena e rápida visita ao meu perfil de notícias, o que me fez escrever esse texto, foi o primeiro comentário de um rapaz logo abaixo da foto que dizia “depois que é estuprada não sabe pq!!!Rediculo!!!”. 
Analisando minha própria página percebi que em meio aos meus três mil e poucos amigos, 10% deles são pessoa que confio e que gostaria que soubessem algo do meu cotidiano ou vida particular. Mas e o restante? A grande maioria são amigos de amigos, pessoas que vi uma vez na vida, primos de septuagésimo terceiro grau e até mesmo desconhecidos, quem nunca se deparou com uma foto no perfil e perguntou “quem é esse ser?”. Entrando na questão dos crimes virtuais, todos já sabemos da sua existência, porém hipnotizados em mostrar seu status ou o frango que ficou bem frito no almoço de domingo, esquecemos o poder da internet e da quantidade de informações essas pessoas “estranhas” podem obter pela tela dos poderosos aparelhos tecnológicos. Acredito que não corro o risco de receber um comentário tão desagradável em minhas fotos, mas confesso que refleti sobre a situação, aquela crítica com tom de ameaça do comentarista é um reflexo de que a sociedade mudou, já não existe mais privacidade nas redes e a vida está realmente exposta deseja acesa-la. 
Estudando os relacionamentos amorosos da sociedade medieval, lembro-me que os casamentos eram arranjados pela alta sociedade. Os noivos não se conheciam pessoalmente, então um pintor os retratava e eram respectivamente presenteados com os quadros. Essa era maneira que tinham de saber como eram seus futuros cônjuges, sempre torcendo muito para a qualidade com que o pintor registrasse os traços fosse fiel a face do “amado”. Era praticamente o Facebook da época, com apenas um pouco mais de segurança e restrição. O Facebook a óleo medieval era melhor que o atual? Talvez. A grande questão é: O termo “invasão de privacidade” ainda existe? Se a própria sociedade escolhe abrir a porta da sua vida para o mundo, não há medo, logo, a consequência dessa exposição virá, não sabemos em que grau ou quantidade. Estamos plantando em uma terra desconhecida e podemos colher crimes, ridicularizarão e até mesmo exclusão, exclusão de rede social.
Rafa Alexander é estudante de letras e escritor independente. 
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