Jean Piaget e o estudo da inteligência no microscópio
Anúncio
Sir Jean William Fritz Piaget, mais conhecido como Jean Piaget foi um biólogo, mas imergiu-se na área da Psicologia, Epistemologia e Educação. Nascido em Genebra, completou seu doutorado aos 22 anos e lecionou Psicologia na Universidade de Genebra de 1929 a 1954. Piaget já era considerado um garoto prodígio desde os nove anos, haja vista sua conclusão de doutorado tão prematura. Ainda em 1919, Piaget viaja para Paris para publicar seus primeiros artigos sobre crianças quando trabalhou no Instituto Jean-Jacques Rousseau.
Imagem: Reprodução |
Jean Piaget é considerado um dos mais importantes estudiosos da Psicologia, considerado por muitos como o Einstein da Psicologia da Inteligência. Por ter tido uma vida longa, morreu aos 83 anos, tem um volume vastíssimo de obras, tendo escrito, mais ou menos, 80 livros. O autor criou o que chamou de Epistemologia Genética, teoria que trata do desenvolvimento da inteligência e da construção do conhecimento. Epistemologia seria, segundo os teóricos, a filosofia da ciência. Seu estudo durante toda a vida foi em busca de respostas de como o homem constrói o conhecimento, progredindo durante as fases de um estágio para outro. Para o autor, inteligência subdividia-se em duas classes: função e estrutura. Enquanto função, a inteligência é adaptação; o processo foca na inserção do indivíduo ao meio, e enquanto este se adapta, modifica-se e transforma o meio para melhor desenvolver-se. Enquanto visão estrutural, inteligência baseia-se na organização de processos do conhecimento, sendo complexo ou não, o que afetará diretamente o estágio da criança ao organizar o acúmulo de conhecimento que se adquire ao longo do tempo, sendo mais relevante reorganizar as ideias que propriamente amontoar informações.
O educador construiu ao longo das décadas de estudo, vários conceitos relevantes até os dias atuais, o que torna obrigatório elucidar alguns para melhor compreensão de sua relevância filosófica e científica. O primeiro conceito é o de assimilação. Piaget retira este conceito da sua vertente biológica e basicamente significa interpretar as informações que o meio te oferece por intermédio da relação que o indivíduo cria com algum objeto, por exemplo, e esta informação fica clara por conta da organização. Acomodação, segundo conceito relevante, é perceber e modificar sua estrutura mental para compreender a singularidade de cada objeto que a criança tenha contato. Equilibração é justamente o equilíbrio entre compreender a informação passada pelo meio, entender a singularidade que determinado objeto lhe informa e manter-se estabilizado e organizado mentalmente. Abstração empírica é extrair as informações de um objeto de conhecimento refletindo como relacionar-se com ele, abstração reflexiva é justamente as informações retiradas das reflexões tomadas com esse objeto de conhecimento, é pensar como o indivíduo age diretamente com ele.
Talvez a teoria mais famosa de Piaget seja o conceito de Estágio. Para ele, inteligência não se dá por uma linearidade acumulativa de informações e sim por uma escala gradativa de estágios do desenvolvimento humano. Esses estágios seguiam uma ideia de escada evolutiva, onde não se podia pular sequer um degrau, visto que o avançar dependia das informações básicas de cada processo para se alcançar níveis superiores. O autor definiu três grandes estágios: Sensório-motor (0 a 24 meses), pré-operatório (02 a 07 anos), Operatório (07 anos em diante), no operatório há uma subdivisão entre operações concretas (7 a 11 ou 12 anos) e operações formais (11 ou 12 anos em diante).
O primeiro estágio para Piaget é riquíssimo, pois a criança já apresenta riquezas de informações que serão essenciais para o seu desenvolvimento. Para ele é a inteligência prática, pois não interage com a linguagem e sim com suas ações por meio das suas percepções. A questão do surgimento semiótico, ou seja, a linguagem, marca a passagem para o estágio pré-operatório. E é justamente aí que se percebe um dos principais lemas piagetianos: a inteligência é anterior à emergência da linguagem, “não se pode atribuir à linguagem a origem da lógica, que constitui o núcleo do pensamento racional” (Coll e Gillièron, op. cit.). A passagem de estágio evidencia que a qualidade da inteligência avançou, ou melhorou. O alcance desse estágio deixa clara a percepção que a criança tem de um objeto através de outro, por exemplo, o reconhecimento que ela tem de sua imagem refletida no espelho. Esse reconhecimento mostra que o indivíduo percebeu que, apesar de seu corpo estar do lado oposto ao espelho, sua figura reflete no objeto mesmo não estando lá, e isso só acontece no estágio pré-operatório. No período operatório concreto, o egocentrismo típico do estágio anterior dá lugar a uma interação, pela urgência que a criança tem em estabelecer relações e coordenar pontos de vista diferentes. Ele define ação interiorizada reversível como um dos pontos perceptíveis do atingimento deste estágio. O conceito é simplesmente o idealizar de uma determinada ação, porém, antes de praticá-la, o indivíduo recua desta ação, por isso reversível. Nas operações formais a criança já trabalha com todas as possibilidades devido a sua vivência. A diferença entre este estágio e o anterior está na compreensão de fatos extremamente lógicos, mesmo que pareça absurda uma hipótese, ela usará a lógica para articular suas ideias e definições sobre as coisas que lhe rodeia.
Sem dúvida alguma Piaget marcou o estudo da inteligência no mundo inteiro por seu pioneirismo de ideias e percepções, que mais tarde ganharam afirmações no campo científico. Jean Piaget e suas teorias servem como base tanto para professores, psicólogos e pais. Sua rica e vasta obra coloca-o como um dos principais nomes da Educação no Ocidente nos últimos séculos de estudo.
Bibliografia:
Jean Piaget – Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Jean_…– Acesso em 15 de março de 2016 às 12h00
O desenvolvimento humano na teoria de Piaget – Disponível em http://www.unicamp.br/iel/site/alun…– Aceso em 15 de março de 2016 às 12h15