O Viajante do Tempo
Marciano Cosfeli, enquanto lidava com tecnologia e cálculos altamente avançados, num laboratório abastardamente equipado, por acaso, descobriu como voltar no tempo. Refletiu muito sobre o que faria com isso e decidiu que voltaria numa época de ascensão da ciência e já apresentar tudo o que sabia — o que não era pouco — para iluminar ainda mais a mente humana e possibilitar que seu tempo tivesse alcançado um status ainda maior (intelectualmente).
Escolheu uma época que, coincidentemente — e Marciano Cosfeli tinha total conhecimento disso, mas de maneira bem intrigante, ignorou —, era carregada da divina estupidez católica. Quando surgiu em meio a pessoas da idade medieval, na Europa, vestindo um terno cinza e dizendo para quem passasse por perto que viera do futuro para iluminar suas mentes, foi, a primeiro momento, tomado como um maluco. Quando teve, no entanto, a brilhante ideia de tirar seu iPhone 7 do bolso e colocá-lo para tocar uma musiquinha, conseguiu a atenção de todos. Ele achou que os estava convencendo e ficou feliz. Eles acharam aquilo demoníaco demais e ficaram putos. Queimaram Marciano Cosfeli numa fogueira em menos de trinta minutos depois, junto com sua ripinha satânica.
E assim o viajante do tempo morreu, sem conseguir influenciar o decorrer da humanidade em nada. Afinal, a galera que o anexou à pira havia livrado o mundo de dezenove bruxas e vinte e dois endemoniados e endemoniadas nos últimos quinze dias não se ocupava mais em contabilizar, quem dirá ficar se preocupando quem é aquele que sentiria o comichãozinho nos pés.