CyberSex 2090

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— Você também é escritor?
— Sou sim.
— Que legal! O que você escreve?
— Ah, gosto de escrever de tudo. Tenho crônicas, contos, romances… e você?
— Escrevo LGBT.
— Legal! Mas me diz uma coisa, nunca entendi bem o que é literatura LGBT. O que faz um livro ser um romance LGBT? Ter personagens LGBT, ser escrito por alguém LGBT, visar público LGBT ou o quê?
— Acho que ir na ideia de visar o público LGBT é uma boa. O importante mesmo é ter livro com representatividade. Não leio livros sem representatividade.
— Sei lá, parece meio confuso. Você não leria O Hobbit por não ter personagens femininos?
— Sim, é por esse lado mesmo.
— Fiquei curioso. Qual é o título do seu livro?
— Meu último livro é CyberSex 2090. Conta a história de uma android que se rebela e se recusa a servir de brinquedo sexual para os machos da espécie homo sapiens.
— E onde entra a parte LGBT?
— Ela foi programada para satisfazer um gênero do qual não gosta.
— Bacana! Então é ficção científica e LGBT ao mesmo tempo?
— É, pode-se dizer que sim.
— Fico feliz que as androids sexuais estejam sendo representadas pelo seu livro.
— Deixa de deboche. É a discussão da coisa que importa.
— Claro, não vou questionar você. Mas não ligue se eu não ler seu livro. Mesmo sendo LGBT, não sou um android.

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