A garota na fita: análise e final explicado
A Netflix tem produzido alguns materiais com qualidade bem duvidosas, o que acaba por gerar em vários espectadores a suspeita antes de começar a assistir uma séria que acabou de ser lançada. Fora o fato da alta tendência do streaming em cancelar séries ainda na primeira temporada, o que é sempre muito frustante.
Isso não acontece com “A garota na fita“, uma produção impecável. Não é de hoje que a grande produtora tem investido pesado em filmes e séries espanhóis, quase sempre muito bem feitos, e eu não estou falando de La casa de Papel, obviamente. Só para citar dois longas interessantíssimos, Um contratempo e O silêncio do céu são incríveis, com enredos bons e vários plot twist’s.
A história de “A garota na fita”, que é baseada no best-seller La chica de Nieve, do Javier Castillo (veja o livo na Amazon), conta a história de Amaya, de apenas 5 anos, que durante as festas de final de ano, em Málaga, desaparece na multidão apenas segundos após o seu pai soltar a sua mão para comprar um balão. Diante de muito desespero e a comoção popular, A garota na fita se desenrola com vários núcleos e flash backs que prendem a atenção do espectador a cada plot.
A narrativa nos leva a acompanhar principalmente a misteriosa jornalista Miren Rojo, estagiária do jornal local Sur na época do desaparecimento da menina. Entre muitas investigações da polícia, que segue acaba por seguir algumas pistas pouco produtivas, Miren parece ter um faro mais aguçado, despertando uma inusitada afeição pelo caso.
A série espanhola, de direção David Ulloa e Laura Alvea, tem o tom de mistério suficiente para manter o espectador com várias teorias distintas. E acompanha Miren nesse quesito. Aos poucos, no desenvolvimento dos episódios, vamos acompanhando flashbacks’s de Miren em uma praia, e mais tarde tal interesse no caso da Amaya faz mais sentido, pois descobrimos que a jornalista passou por um caso de abuso sexual. Acompanhar essa cicatriz aberta da verdadeira protagonista dessa série, enquanto tenta perseguir o sequestrador da Amaya, é catarse pura para o público.
Essa série supera as expectativas, pois não trata de apenas mais um caso de desaparecimento. A abordagem é distinta e isso se dá muito por conta de estarmos sempre muito próximos de Miren. Próximos da dor que ainda está latente. E Miren é corajoso e, como dito, tem um faro surpreendente para quem está apenas começando a carreira. É Miren quem dá o “tiro certo” em Eduardo, próximo da família de Amaya e suspeito em sequestrar a menina, e acaba abrindo uma verdadeira caixa de vespas.
O seu feeling leva a polícia a descobrir uma verdadeira rede de abuso e distribuição de pornografia infantil. É nessa investigação que a jornalista presencia o filho do Eduardo, envolvido nos crimes, se jogar do apartamento logo após a sua mãe descobrir os podres do marido e filho.
Mas não bastasse as dores que Miren já carrega consigo, ao aprofundar-se nas investigações de “a garota na fita” ela se vê diante de um abusador que, além de conhecer o seu caso pessoal, na praia, tenta estorqui-la ao troco de informações dessa rede de crimes, mas antes sem deixar de fragiliza-la, fotografando-a para alimentar a sua psicopatia. O que mais tarde acabaria trazendo problemas para a própria jornalista.
Embora não fique confirmado, ao que tudo indica, Miren divulga essa lista como se fosse 2 dos próprios integrantes dessa rede de abusadores, o que leva-os à morte. Miren permanece firme e encontra o paradero da Amaya, que agora é Julia. O 5ª episódio da série destrincha bem o caso, mostrando que quem a sequestrou foi justamente uma paciente que não podia engravidar. Paciente essa atendida pela própria mãe da Amaya.
Com um desfecho dramático para a nova família da Amaya, ou Julia, ela se vê de volta aos seus verdadeiros pais, depois da própria sequestradora, a quem ela já considerava filha, jogar o carro ribanceira abaixo, após ela ser “perseguida” pela jornalista Miren, que enfim descobriria e finalizava esse caso terrível. Claro, Amaya e a sua velha família nunca mais seriam os mesmos, porém agora pelo menos a vida e a presença da sua querida filha já os bastava.
Por fim e diante de todo o sucesso da jornalista Miren Rojo, ela acaba publicando um livro sobre essa jornada de 10 anos atrás de uma vítima que muito as aproximava. O seu sucesso, entretanto, não apaga as dores que estão entranhadas em seu interiror, e isso fica claro na ligação entre ela e a mãe.
Ainda na última cena, a Miren recebe um envelope com uma foto e a descrição: “Laura Valdivia, 2012“. Uma mulher acorrentada e vendada. Certamente bons presságios para uma nova etapa investigativa da já consagrada jornalista e agora celebridade. Teremos segunda temporada de A garota na fita.
Quem é o mentor da rede e de tudo que aconteceu na minha visão é o Jornalista Eduardo.
Eduardo não tinha filho. Quem se jogou foi o filho de Duque.
Eduardo é o jornalista professor