Batem à porta, um filme com a cara de M. Night Shyamalan
Batem à porta, o mais novo filme de M. Night Shyamalan, tem a cara e a identidade do diretor indiano, naturalizado norte-americano. Um filme que marca por sua premissa interessante, enquadramentos inusitados, atuações e desenvolvimentos superficiais dos personagens e trilha sonora questionável. Sim, é verdadeiramente um filme de Shyamalan.
Lembro-me quando vi “O Sexto Sentido” pela primeira vez e adorei aquela história incrível e as atuações dos protagonistas, sobretudo a do Haley Joel Osment. Sabia que estava diante de uma obra muito bem acabada, uma excessão dos longas do diretor. Algo semelhante aconteceu quando vi “A Vila” pela primeira vez, entretanto a frustração e o sentimento de desperdício de uma história que poderia ser ainda melhor é a sensação que guardo até hoje. São sem dúvida alguma as duas obras favoritas desse controverso cineasta.
Então é normalmente dessa forma que eu acompanho a obra de M. Night Shyamalan e não poderia ser diferente com Batem à porta. Um filme cuja premissa soa ser boa, embora nada inédita: um grupo de invasores entram em uma cabana de uma família com um pedido para lá de inusitado, com a justificativa do fim do mundo. Não há nenhum spoiler aqui, pois o próprio trailler e sinopse apresentam essas informações preliminares.
Com atuações interessantes, sobretudo de Dave Bautista com o Leonard, que finalmente recebeu um papel de destaque em um longa, mostra que o elenco é a melhor coisa que tem neste filme. Temos também a Wen, protagonizada pela Kristen Cui, que fez muito bem a sua estreia no cinema. O elenco ainda conta com outros nomes estrelados como o de Rupert Grint e Jonathan Groff.
Um dos fatores que eu menos gosto em Batem à porta é a previsibilidade do desenrolar da trama e alguns takes aleatórios que vemos no filme, com Shyamalan focando até na bochecha de Dave Bautista, com uma duração inusitada e inexplicada. Além do fato dos diálogos parecerem superficiais ou por vezes maduros demais, como é o no caso de Wen. Tudo isso somado aos discursos e reflexões filosóficas pouca justificada, porque não faz nenhum sentido um personagem que acabara de ter a sua casa invadida ir para um banheiro para refletir sobre a vida e pouco se importar com a fuga.
Trocando em miúdos, Batem à porta não chega a ser monótomo, pelo contrário, você fica preso na narrativa em busca do grande plot twist tradicional do Shyamalan, pois vários filmes do diretor só se justificou o investimentos nos últimos 5 minutos, como em “A visita”. Entretanto não é o caso neste longa, a gente espera e espera e o que vemos é só uma história com excelente premissa que foi “jogada fora” com um desfecho convencional. Esperava mais (ou não), Shyamalan!