24 Horas com Gaspar: Encontrando Esperança num Mundo Distópico
Uma Jornada de Esperança em Meio ao Caos: COnheça o Filme da Netflix “24 Horas com Gaspar”
Cada década na história do cinema reservou um lugar para narrativas sobre homens movidos pela vingança. Fosse em retaliação pela perda de uma namorada ou de familiares, os cineastas empregaram essas emoções carregadas para retratar uma variedade de carnificinas e violência. Obviamente, uma certa parcela do público se deliciava com tais obras, chegando até mesmo a tentar emular as ações dos personagens, o que gerou um estado de pânico entre aqueles que ainda mantinham um resquício de sanidade.
No entanto, sempre que essa tendência declinava, surgiam filmes que refletiam sobre a futilidade da vingança, como demonstrado por Christopher Nolan em “Memento” e “The Prestige”, James Wan em “Death Sentence”, e pelos reflexivos “I Saw the Devil” de Kim Jee-woon e “Prisoners” de Denis Villeneuve. Até mesmo Bollywood explorou o tema com “Badlapur” de Sriram Raghavan, sem mencionar a série “John Wick”, que ilustra como um disparo feito em fúria pode ter consequências desastrosas. Nesse contexto se insere “24 Horas com Gaspar”, mas qual o seu real valor? Vamos descobrir.
Baseado no romance de 2017 de Sabda Armandio, “24 Horas com Gaspar”, de Yosep Anggi Noen, segue o personagem titular em sua jornada por uma Indonésia distópica em busca de pistas sobre o paradeiro de sua amiga de infância desaparecida, Kirana. Sua investigação o leva até o corpo de um informante e, enquanto tenta desvendar se sua morte foi um suicídio ou um homicídio, Gaspar é atacado pelas autoridades, levando a um desmaio.
Resgatado por sua amiga Agnes, que o leva a um clube de luta subterrâneo, Gaspar descobre que tem apenas 24 horas de vida devido a um dispositivo defeituoso que mantinha seu coração funcionando. Determinado, ele busca justiça pelo que Wan Ali fez a Kirana, unindo pessoas com o mesmo desejo de vingança contra Wan Ali para a missão final de sua vida.
A narrativa de Mohammad Irfan Ramli em “24 Horas com Gaspar” apresenta uma dispersão de ideias que raramente convergem para um ponto substancial, abordando temas como a divisão de classes exacerbada por uma praga e o tráfico de órgãos, em contraponto com uma trama sobre tráfico infantil. Essa diversidade de motivações, apesar de ligadas à jornada clichê de Gaspar, acaba sendo reduzida pela repetição dos objetivos finais dos personagens, levando a uma percepção de que, exceto por Kik, ninguém realmente compartilha do desespero de Gaspar, aderindo à missão mais por esperança de melhorar suas próprias vidas.
O filme é uma reflexão sobre encontrar esperança em um lugar distópico, questionando através de Gaspar se a ignorância voluntária diante das adversidades é o que leva à violência desmedida. Yosep Anggi Noen explora essas questões num ritmo lento que contrasta com a urgência imposta pela contagem regressiva para a morte de Gaspar, afetando tanto a crítica social quanto a tensão da narrativa.
Visualmente, “24 Horas com Gaspar” é impressionante, com uma equipe técnica que constrói um mundo crível que serve como alerta para o futuro da humanidade. As atuações, especialmente a de Reza Rahadian, Shenina Cinnamon, e Dewi Irawan, são destacadas, trazendo profundidade a um enredo que, apesar de suas falhas na exploração do tema central e na coesão narrativa, oferece uma experiência cinematográfica válida.
“24 Horas com Gaspar” pode não ser memorável devido à sua execução ambivalente entre urgência e introspecção, mas ainda assim merece ser assistido por seu questionamento sobre vingança e o papel da humanidade em criar um mundo habitável.
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Veja o trailer do filme 24 Horas Com Gaspar:
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