Até os ossos: quando o amor é na pele e no sangue

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O filme do diretor italiano Luca Guadagnino Até os ossos, inspirado no livro homônimo de Camille De Angelis, é uma experiência singular de um longa que explora o romance entre Maren (Taylor Russell) e Lee (Timothée Chalamet). No primeiro ato somos apresentados à Maren e o seu pai, que vivem de forma simplista em uma cidade americana. Em um encontro de meninas que transcorre com normalidade, somos surpreendidos com Maren mordendo a mão de sua amiga até arrancar o pedaço, o que fica claro a anormalidade e os impulsos diferenciados da adolescente.

Não tarda a se justificar a forma em que pai e filha vivem, pois a fuga da cidade era inevitável. Quando o pai de Maren a vê entrando em casa com a boca ensanguentada, fica claro que estamos diante de uma prática recorrente. A única solução? Fugir da cidade!

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Até os ossos: quando o amor é na pele e no sangue

Mas não é só da pacata cidade que o pai foge… Ele resolve deixar Maren à própria sorte, com uma longa explanação da própria vida e situação gravada em um fita. Inicia-se assim o road movie Até os ossos. A saga de Maren é descobrir quem verdadeiramente ela é e os motivos pelos quais ela tem esses desejos carnívoros, que a marginaliza e faz de Maren e a sua família fugitivos constantes.

Ao desenrolar da trama de Até os ossos, vemos Maren conhecer o misterioso Suly (Mark Rylance), um “canibalista” experiente e que tem facilidade de identificar outros apenas pelo olfato, mesmo que esteja há quilômetros de distância. Ali, com o velho Suly, que já “comeu” muitas vítimas, ela descobre que tais impulsos são incontroláveis e a única maneira que ela tem de sobreviver é praticando os atos de canibalismo. Uma metáfora do roteiro ou um recurso literal?

Até os ossos: quando o amor é na pele e no sangue 1

Finalmente Maren conhece Lee, um jovem independente que anda por todos os cantos atrás de vítimas ideais. Agora é a própria Maren quem o fareja. Não demora muito até o Lee embarcar na road trip da recém companheira em busca da mãe e da sua própria história.

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Na metade final do longa, Maren encontra a sua mãe e descobre que a sua fuga foi um ato de proteção. Ela descobre isso em uma carta, pois a mãe está reclusa em um internato, já com pouco entendimento do que acontece ao seu redor. Porém tal abandono é motivo suficiente para a protagonista se ver livre de qualquer laço familiar que a cerca, embarcando em uma nova vida ao lado do seu companheiro.

Até os ossos: quando o amor é na pele e no sangue 2

Mais tarde, Maren e Lee encontrarão novamente o velho Sully, uma pedra no sapato da nossa protagonista, o que quase custa a sua própria vida, entretanto não a isenta de perder o seu amado Lee. Até os ossos é uma metáfora incrível de dois jovens que estão marginalizados, por suas diferenças evidentes.

O canibalismo, suponho eu, é nada mais do que uma estratégia importante de roteiro para escapar das obviedades que vemos nas principais história de um casal apaixonado. Maren e Lee se encontram por suas semelhanças e resolvem apenas se amar e compartilhar os seus medos e vícios. Mas dão de cara com o perigo da morte, várias vezes, como é comum a tantos jovens que vivem a vida vagando por aí, como esse casal super interessante desse honesto e bom filme.


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