Retrocedendo: as mídias e a Cultura Vintage – Parte 3

Continuando nosso resgate às mídias do passado, nosso tema de hoje nos leva ao universo da foto, do vídeo e da TV, além de outras mídias isoladas. Começando pela fotografia, a Polaroid com certeza fez história. O que impressionava era a instantaneidade da foto. Bastava apertar o botão, esperar uns dois ou três segundos e pronto: a foto saía na hora e o material era de altíssima qualidade. Depois, bastava agitar a foto no ar, para que a revelação secasse. Ainda tenho a minha Polaroid e algumas fotos que tirei com ela (Fig. 1).

Retrocedendo: As mídias e a Cultura Vintage – Parte 3
Figura 1: Polaroid. Imagem disponível em: https://www.guia55.com.br

LEIA OS 2 PRIMEIROS TEXTOS DESSA SÉRIE SOBRE MÍDIA E CULTURA VINTAGE:

Retrocedendo: as mídias e a cultura vintage – Parte 1
Retrocedendo: as mídias e a cultura vintage – Parte 2

Outro tipo de máquina que foi sensação na década de 1980 foi a Love. Tratava-se de uma máquina descartável, pequena e barata. Devíamos tirar o total de fotos e, na hora de revelar, comprávamos uma máquina nova. De fato, a Love era muito prática! Por isso, em meus álbuns, há várias fotos tiradas com ela também (Fig. 2).

Figura 2: Love. Imagem disponível em: https://bardobulga.blogspot.com

No entanto, quando o assunto é fotografia, a Kodak é rainha absoluta. Lembro que meus avós costumavam dizer: “Pegou a Kodak?” Todas as máquinas fotográficas do mundo eram chamadas assim… Na gramática, isso é o que chamamos de onionimia e outros exemplos conhecidos desse fenômeno linguístico são maizena, gilete e bandeide (com inicial minúscula mesmo, porque os nomes das marcas tornaram-se substantivos comuns).

Falando agora dos videogames, as crianças do passado se divertiam com os cartuchos de jogos da Atari. Com meu irmão e os amigos da vizinhança, eu costumava jogar River Raid e o popularíssimo Pac-Man (ou simplesmente Come-Come) (Fig. 3). Porém, quando a competição era com minhas primas, as partidas eram sempre do jogo Pitfall. Por fim, quando o campeonato envolvia todas as crianças da família, jogávamos o Enduro, com carros no modelo de Fórmula 1, que tinham que atravessar neblina, pista molhada ou com neve.

Figura 3: Pac-Man. Imagem disponível em: https://www.ligadosgames.com/melhores-jogos-atari/

Também conheci as TVs de tubo! Em 1970, meus avós tinham uma na cor bege e toda de madeira por fora. Mas a coisa evoluiu e, muito tempo depois, foram lançadas as miniTVs, que podiam ser levadas para qualquer lugar e que também sintonizavam as estações de rádio.  Tenho uma até hoje e atualmente ela impressiona alguns visitantes, pois ocupa lugar de destaque em minha biblioteca (Fig. 4).

Figura 4: MiniTV com rádio. Imagem disponível em: https://www.lojasparaguai.com.br

Quando o videocassete foi inventado, ele se tornou parceiro da TV e a nova moda fez surgirem inúmeras locadoras de vídeo. Infelizmente, hoje elas estão em completa extinção, mas, naquele tempo, escolhíamos os filmes que queríamos e, dependendo da quantidade, tínhamos mais ou menos tempo para fazer a devolução. O curioso é que precisávamos devolver todas as fitas devidamente rebobinadas. Caso contrário, pagávamos multa! Já na década de 1990 chegou o leitor de DVD, que deixava bastante a desejar: adiantar ou retroceder algumas cenas nunca foi um processo tão lento! Que saudades do videocassete!

Passando agora a algumas mídias esparsas, nos anos 1990 participei de um clube do livro por correspondência. Funcionava assim: recebíamos nome e endereço de um leitor e deveríamos escolher um livro para mandar para ele por carta. Do mesmo modo, recebíamos um livro-surpresa de outro leitor do clube. O último que recebi foi Jubiabá, de Jorge Amado.

Falando sobre leitura, há algumas décadas o jornal impresso era leitura obrigatória, pelo menos aos domingos. Por isso, todos tratavam de reservar o seu exemplar na banca mais próxima. Com o tempo, aprendíamos a folhear aquelas páginas enormes, mas as mãos sempre ficavam manchadas com a tinta da impressão. Os classificados dos jornais desempenhavam vários serviços fundamentais: desde oferta de mão de obra, compra e venda de produtos (principalmente carros) e, claro, anúncios de emprego. Além disso, no passado os classificados também faziam a função dos sites de relacionamento que temos hoje, pois muitas pessoas se conheciam por meio deles. No que se refere às revistas, não podemos deixar de mencionar a revista Veja e a entrevista que a cada número era publicada nas “Páginas amarelas”. Essa sessão era uma das principais da revista e sempre trazia um assunto polêmico.

Quanto aos cinemas, antigamente eles não se restringiam aos shoppings.  Eram espalhados pela cidade e as sessões no meio da tarde eram chamadas de matinês. Em Curitiba, tanto na infância quanto na adolescência, frequentei todos os cinemas da cidade.  Havia o Cine Plaza, que, no final de 1990, foi transformado em igreja e algum tempo depois virou universidade. O famoso Cine São João virou Cine Privê (que só passava filmes pornográficos) e hoje é uma loja de cosméticos. Mas o meu preferido, sem dúvida, era o Cine Condor, na esquina da Cruz Machado com a Ébano Pereira. Essa sala de cinema era muito elegante, com adornos em dourado e bancos redondos de veludo vermelho, como aqueles que vemos nos filmes antigos. Atualmente, são raras as salas de cinema tradicionais e nesse quesito merecem nossos elogios a Cinemateca e o Cine Passeio, por exemplo. No entanto, já nos anos 2000, presenciei a sessão mais peculiar da minha vida: foi em um cinema da cidade de Rio Grande, interior do Rio Grande do Sul, onde o filme era interrompido na metade e todos podiam sair para ir ao banheiro ou para comprar mais pipoca! Como uma garota da capital, estranhei demais esse modismo.

Para encerrar esta pequena viagem no tempo, vamos relembrar dois tipos de brinquedos. O primeiro é a lousa mágica, na qual podíamos fazer desenhos com uma caneta pontiaguda, de plástico e sem tinta.  O desenho aparecia, mas logo podia ser facilmente apagado, quando passávamos uma haste de plástico pela tela. Era possível ainda ver a sombra dos desenhos mais antigos, mas isso não impedia que desenhássemos coisas novas. Atualmente, temos o Paint, que corresponde às funções da lousa mágica, porque, com esse programa, podemos desenhar, preencher formas com cores, apagar e começar tudo de novo (Fig. 5).

Figura 5: Lousa mágica. Imagem disponível em: https://www.mundopedagogico.com.br

O segundo “brinquedo” é o Tamagoshi, que ficou conhecido em 1980 como bichinho virtual (Fig. 6).Quando eu era pequena, meus pais perguntaram se eu queria ter um, mas me recusei, pois não entendia como o simples ato de apertar botões podia dar água e comida para o tal animalzinho. Além disso, eu sabia que, se não acionássemos esses comandos, o bichinho morreria. Tive vários amigos que sofreram com a morte de seus Tamagoshis. Por isso, até hoje, prefiro os pets de verdade.

Figura 6: Tamagoshi / coelho. Imagem disponível em: https://lista.mercadolivre.com.br/tamagoshi

Mais uma vez chegamos ao fim de um episódio de nossa série. Não perca as curiosidades sobre outras mídias do passado: dia 23 de março, aqui, na coluna “Há arte em toda parte”.

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