Breve diálogo com Hans Gumbrecht

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Por Verônica Daniel Kobs

(Com a gentil colaboração de Hans Ulrich Gumbrecht*)

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Já há algum tempo, a literatura vem ganhando um espaço novo, virtual, que lhe garante mais liberdade em relação ao formato do livro impresso. Em plena era cibernética, os processos de escrita, leitura e interpretação são bastante específicos e exigem um perfil diferenciado de autor e receptor. O ciberespaço é um claro convite ao compartilhamento, à criticidade e à criação. Sem dúvida, essa mudança pode ser exemplificada com a crescente publicação de resenhas e textos literários, por críticos e autores “não profissionais”, em sites e blogs que privilegiam tanto a escrita quanto o formato videográfico. Tânia Porto enfatiza essa autonomia como decorrência da tecnologia e da comunicação global: “Uma relação interativa com os meios permite ao usuário assumir o papel de sujeito” (PORTO, 2016, p. 4). Considerando essa mudança da simples recepção para a possibilidade da autoria, que abrange tanto textos literários quanto textos críticos sobre arte e literatura, é possível constatar o papel da Internet nesse processo evolutivo, principalmente em se tratando da utilização de hipertextos:

O poder de recriar e operacionalizar simultâneas conexões sem ordem preestabelecida gera a emancipação do leitor, que trilha os próprios caminhos e sente-se mais instigado a aprender e interpretar os assuntos uma vez que pode utilizar não só a leitura, mas diversas outras mídias que auxiliam e facilitam esse processo. (MATOS; SILVA, 2008, p. 213)

Portanto, nas últimas décadas, com os adventos do computador e da Internet, a crítica artístico-literária ganhou novo espaço. Tanto nos blogs quanto nos vlogs, o público especializado pode interagir, comentar e até mesmo comprar um domínio, para publicar periodicamente textos sobre filmes, séries e livros recém-lançados. Nesse sentido, o leitor/espectador assumiu o status de crítico. Sem dúvida, essa mudança gerou uma crise na crítica e nos veículos especializados. Por outro lado, isso representa uma conquista, garantindo o acesso público e irrestrito a todos os usuários da grande rede e estabelecendo um novo tipo de democratização, resultante não apenas da Internet, mas também do computador e do smartphone como hipermídias.

Diante dessa reconfiguração, lembrei as palavras de Hans Gumbrecht, que, durante um minicurso ministrado na Uniandrade (Curitiba-PR), no dia 20 de setembro de 2019, anunciou o fim da crítica especializada, em um futuro próximo, pois, em geral, a crítica artístico-literária acaba por afastar público e obra, em vez de aproximá-los (GUMBRECHT, 2019a). Como pesquisadora da área de Letras e como autora e criadora do blog Interartes: artes & mídias, exercito a crítica com alguma frequência, nas resenhas e nos artigos científicos que publico. Além disso, como professora de Graduação e de Mestrado, também faço crítica nas aulas que ministro. Portanto, nesse momento do minicurso, comecei a pensar sobre meu desempenho, ao tentar aproximar o público e os alunos das obras que analiso. Felizmente, creio que, pelo feedback que recebo, o diagnóstico é positivo, na maioria das vezes. Porém, sei que às vezes caio no hermetismo, por eleger alguma complexidade, quando privilegio datas ou características de estilo.

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Então, resolvi escrever um texto que revisitasse tanto o minicurso de Hans Gumbrecht quanto minha atuação (como crítica e como professora). Mais do que isso: antes mesmo de escrever, decidi enviar o texto a Hans Ulrich Gumbrecht (Fig. 1) por e-mail, para compartilhar algumas ideias e saber a opinião dele a respeito de minha reflexão. Depois de algum tempo, enviei esta resenha a ele, no dia 14 de outubro, e ele respondeu no mesmo dia, dizendo que leria o texto com prazer e que me escreveria novamente, em alguns dias. A partir disso, continuamos a trocar e-mails até o dia 30 de outubro, quando ele me enviou um feedback bastante atento e motivador. Portanto, é com base nesse diálogo com Hans Gumbrecht que finalizei este trabalho. Sem dúvida, os comentários do autor serviram para completar e aprofundar algumas questões que escolhi desenvolver aqui. Então, de certa forma, ele me motivou no início deste processo (com a fala dele, no evento de que participei), e também no fim, já na revisão desta resenha.

Breve diálogo com Hans Gumbrecht 1
Hans Ulrich Gumbrecht Imagem disponível em: <https://bit.ly/2O5mmjY>

Pois bem… Meu primeiro intento, quando decidi escrever este texto, foi voltar ao meu passado docente, mais especificamente retomando materiais que usei quando ministrei uma oficina sobre crítica literária. Na ocasião, utilizei um texto de Sousa Dias, que dizia exatamente o que Gumbrecht citou, logo no início do minicurso. Segundo Dias, a função básica da crítica é: “Criar público. Promover o encontro possível entre a obra de arte e o(s) seu(s) público(s). Dar à obra o público que esta, de si, solicita, mas que, sem a mediação crítica, corre o risco de não encontrar” (DIAS, 2004). Depois de reler esse trecho, resolvi analisar com maior rigor meus textos recentes e os que estou escrevendo agora. De início, optei por asistir a algumas críticas publicadas nos canais do Youtube, para avaliar a linguagem e os temas privilegiados pelos críticos não especializados (mas que podem se tornar especialistas muito em breve, porque são, antes de tudo, fãs das obras que comentam). Com essa tarefa que dei a mim mesma, acho possível retomar um pouco do equilíbrio perdido, na escrita de textos críticos. Em suma, trata-se de um exercício de alteridade e empatia. Como resultado, a análise me fez constatar que, atualmente, o leitor vira crítico e às vezes até autor, estreitando os laços com o escritor da obra original e com a obra em si. Aliás, nesse contexto, as fanfictions representam um ciclo completo, pois, reescrevendo ou continuando um livro, um filme ou uma série, os leitores/autores também atuam como críticos. Transitando por uma via de mão dupla, os autores de fanfiction desempenham dupla função: de consumidores e de produtores. Esse perfil diferenciado corresponde ao que hoje chamamos prosumer, neologismo que faz uso dos termos producer (produtor) e consumer (consumidor). O termo em inglês foi criado porAlvin Toffler, mas em português já é utilizada a forma prossumidor.

Outra interferência decisiva de Gumbrecht foi a afirmação de que os pesquisadores e críticos não devem se restringir a aplicar teorias (GUMBRECHT, 2019a; GUMBRECHT, 2019b).Isso também me fez retomar o que eu costumava dizer para meus alunos de Graduação, entre 2001 e 2004, quando eu ministrava a disciplina de Metodologia de Ensino da Literatura. Aliás, o autor comentou sobre o nome dessa disciplina, do que tratarei mais adiante, neste texto. Por enquanto, cuidemos da não aplicação, que eu enfatizava aos alunos (futuros professores), a partir da leitura da “Introdução” de Italo Calvino à obra Por que ler os clássicos? Nesse texto, o autor italiano afirma que devemos fazer críticas sem modelos, nem informações prévias:

A leitura de um clássico deve oferecer-nos alguma surpresa em relação à imagem que dele tínhamos. Por isso, nunca será demais recomendar a leitura direta dos textos originais, evitando o mais possível bibliografia crítica, comentários, interpretações. A escola e a universidade deveriam servir para fazer entender que nenhum livro que fala de outro livro diz mais sobre o livro em questão; mas fazem de tudo para que se acredite no contrário. Existe uma inversão de valores muito difundida segundo a qual a introdução, o instrumental crítico, a bibliografia são usados como cortina de fumaça para esconder aquilo que o texto tem a dizer e que só pode dizer se o deixarmos falar sem intermediários que pretendam saber mais do que ele. (CALVINO, 1993, p. 12)

Sem dúvida, o conselho de Italo Calvino nos ajuda a evitar o risco da reprodução de ideias de modo (in)consciente e sistemático, até porque essa consulta que alguns procuram fazer, antes de produzir algo próprio, pode sinalizar insegurança e, em certo sentido, revela aquele velho complexo de colônia, que mantém seus adeptos na zona de conforto da reprodução (e não da criação). Podemos complementar isso, retomando a referência que Ligia Chiappini faz a uma reflexão feita pelo professor Antonio Candido. Ela conta que Candido, em palestra comemorativa dos 40 anos de Teoria Literária, considerou um erro o fato de ele ter dado mais importância à Pós-Graduação do que à Graduação (CHIAPPINI; FLEISCHMANN, 2003, p. 168), como se tivesse negligenciado inconscientemente uma etapa importante na formação dos alunos, na qual a crítica e a pesquisa são treinadas, para se desenvolverem depois, nos níveis que competem à Pós-Graduação.

Depois do minicurso de Hans Gumbrecht, por meio do material de outro curso que estou fazendo, e que diz respeito ao ensino a distância e à formação de tutores para o Ensino Superior, tomei conhecimento da taxonomia de Bloom, publicada em 1956. A proposta relaciona alguns verbos às competências dos alunos, resultando em uma escala de desenvolvimento cognitivo. Dessa forma, foram estabelecidos seis níveis, em ordem progressiva: 1) conhecimento; 2) compreensão; 3) aplicação; 4) análise; 5) síntese; e 6) avaliação (BLOOM, 1956). Conforme Bloom, quando privilegiamos a aplicação ainda nos mantemos presos à base (se usarmos a pirâmide como modo figurativo de interpretar essa escala). Portanto, aplicar significa apenas reproduzir, como uma espécie de tentativa de comprovar a compreensão, obtida no nível 2 da cognição. É preciso ir além e, nesse sentido, pretendo, como crítica e como pesquisadora, oscilar entre os níveis 4 e 6, como modo de problematizar a posição superior da síntese. Para mim, a síntese, tal como a aplicação, apenas duplica o pensamento, sem possibilitar que o autor do resumo possa ir além do modelo dado pelo texto original.

Motivada por esse pensamento, em um dos meus trabalhos recentes sobre intermidialidade, tentei combinar o nível 6 — que prefiro chamar de criação, segundo Anderson (2001) — com o modelo de ensaio, justamente pela liberdade que experimentamos no ato de criar e na escrita de um ensaio (Mas, afinal, o que é um ensaio? “Um ensaio é um ensaio”, como definiu, de forma primorosa, uma ex-professora minha, respondendo à pergunta de um aluno, durante o mestrado que fiz, na UFPR, de 1998 a 2000). De fato, um ensaio não exige certezas, mas tentativas… Portanto, decidi propor uma tipologia para o gênero crossover, aproximando-o de conceitos alguns literários e usando essas influências para fazer as distinções entre uma fase e outra. O resultado foi positivo, pois a plateia recebeu bem minha proposta. Inclusive, dois pesquisadores da área sugeriram que eu publique o trabalho urgentemente, para, digamos, patentear a ideia.

Voltemos, agora, ao nome da disciplina Metodologia de Ensino da Literatura, já que Gumbrecht sugeriu uma alteração mínima, porém decisiva. De acordo com ele, a matéria deveria se chamar Metodologia de Ensino com Literatura (GUMBRECHT, 2019b). Enxerguei total lucidez nessa observação, que também fez ressoar textos, autores e eventos de diferentes épocas, na área de Letras. Há alguns anos, a PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná) vem promovendo palestras que têm como tema A literatura contra o ódio. Em 13 de abril de 2018, o autor convidado para falar sobre o assunto foi o moçambicano Mia Couto. Mais recentemente, em 24 de setembro de 2019, o orador foi o italiano Nuccio Ordine. Sabemos que o realce ao aspecto social das artes não é algo novo. Entretanto, é salutar que isso seja retomado, de tempos em tempos, para combater algumas questões urgentes, que se refletem no comportamento e nas relações interpessoais. Além disso, na década anterior, a autora Nelly Novaes Coelho também deu destaque à função da literatura, ao propor que essa arte fosse considerada um “antídoto à robotização” (COELHO, 2007): “Na ‘aldeia global’ (o mundo sem fronteiras, monitorado pela imagem, som, velocidade, visualidade, virtualidade…), a literatura/leitura tem uma tarefa fundamental a desempenhar…” (COELHO, 2007, grifo no original). Em certo sentido, podemos relacionar esse raciocínio com aquilo que Gumbrecht afirma sobre o stimmung (ainda mais se considerarmos o sugestivo subtítulo da obra dele: “sobre um potencial oculto da literatura”), afinal a literatura rompe as barreiras de tempo e espaço, propiciando o que autor considera uma complexificação da imersão e da presença. Portanto, o deslocamento simbólico do leitor ativa a imaginação e oferece novas e diferentes perspectivas (GUMBRECHT, 2014b, p. 92-93).

Por fim, nesse caminho de retomadas, para tentar redefinir os rumos de minha própria atividade crítica, voltei às palavras imorredouras de Antonio Candido:

A literatura desenvolve em nós a quota de humanidade na medida em que nos torna mais compreensivos e abertos para a natureza, a sociedade, o semelhante.

Ora, se ninguém pode passar vinte e quatro horas sem mergulhar no universo da ficção e da poesia, a literatura concebida no sentido amplo a que me referi parece corresponder a uma necessidade universal, que precisa ser satisfeita e cuja satisfação constitui um direito. (CANDIDO, 2019, grifo nosso)

Talvez alguns leitores possam pensar no contrassenso deste texto que escrevo, já que, apesar de concordar com a não aplicação da teoria proposta por Gumbrecht (2019a; 2019b), não abri mão de citar diversos textos e autores de renome, na minha área de atuação. Entretanto, esse traço pode ser justificado de várias formas afinal: 1) meu texto foi uma reavaliação de minha atividade como crítica e isso me obrigou a revisitar autores e concepções que fizeram parte de minha formação acadêmica; 2) nessa formação, os princípios tradicionais sobrevivem, hoje, tanto no Ensino Superior quanto nos cursos de Pós-Graduação (isso significa que o texto acadêmico não prescinde dessa alternância, entre a voz do autor do artigo e as demais vozes, dos autores de base, que integram o chamado referencial teórico); 3) além disso, acredito que, para criarmos algo, precisamos experimentar todos os estágios anteriores, desde o conhecimento, passando pela aplicação, até chegarmos, enfim, à tão almejada criação. Portanto, a partir desta resenha do minicurso ministrado por Hans Gumbrecht, espero ter alcançado o objetivo que me motivou a escrever e a publicar este texto: incentivar a revisão da crítica (seja ela especializada ou não), para que possamos realçar, a um só tempo, a interação do público com as obras analisadas e nossa inegável capacidade de ir além, como criadores de conceitos e teorias, e não como meros repetidores.

Por fim, depois de muito pensar, discordei de Gumbrecht em um ponto apenas: acredito que a crítica especializada não vai morrer. Na primeira versão deste texto, afirmei que, enquanto existirem profissionais pesquisadores, sempre haverá reflexão e produção científica especializadas, convivendo em paz com a crítica não profissional, afinal o contraste e a diferença são essenciais para nos lembrar do equilíbrio necessário nessa atividade de mediação intelectual e cultural. Entretanto, Gumbrecht, depois de ter lido minha resenha, fez um comentário sobre isso, o qual traduzo aqui: “[…] em geral, os humanistas não têm pensado o suficiente sobre as funções que seu trabalho pode e deve cumprir fora das universidades. Uma mudança de atitude parece urgente aqui” (GUMBRECHT, 2019c, tradução nossa). Sob esse ponto de vista, concordo com o autor. Aliás, revisitei alguns textos dele (Fig. 2) sobre as Humanidades e os profissionais dessa área, depois que percebi que esse detalhe pontuado por Gumbrecht serviria para fechar meu texto de modo cíclico.

Breve diálogo com Hans Gumbrecht 2
Algumas obras recentes de Hans Gumbrecht. (Imagens: Reprodução/Internet)

Assim, neste final, permito-me voltar ao começo, quando refleti sobre a produção dos teóricos, que devem criar mais e reproduzir menos. A “mudança de atitude” a que Gumbrecht se refere diz respeito a esse protagonismo, que deve substituir a passividade. Com base em Humboldt, Gumbrecht menciona que: “As pessoas, nas universidades, devem produzir novas perguntas e mais problemas” (GUMBRECHT, 2014a, p. 123, tradução nossa). Mais adiante, no mesmo texto, o autor completa essa ideia, ressaltando que o “pensamento de risco” (GUMBRECHT, 2014a, p. 126-127, tradução nossa) é indispensável ao profissional da área de Humanas, pois só dessa forma podemos trabalhar “contra o esclerosamento das sociedades” (GUMBRECHT, 2014a, p. 128, tradução nossa). A partir desses aspectos, fica claro que não é necessária apenas uma mudança de postura do profissional de Humanas. Mais do que isso: é fundamental que o contexto sociopolítico seja adequado, desenvolvendo-se em sintonia com essa significativa alteração e garantindo a liberdade de pensamento e de criação.

No feedback que recebi de Hans Gumbrecht, várias coisas me chamaram a atenção: as respostas imediatas e sempre em tom acolhedor; a abertura ao diálogo, sempre com respeito maior às ideias do outro, e não às dele mesmo; o apoio dele para que eu publicasse o texto; e, claro, as três observações que ele fez sobre minha resenha. A primeira dizia respeito às Humanidades, tal como expliquei acima. A segunda pedia mais detalhes sobre a atividade crítica dos fãs de literatura, ao que respondi, aqui, com a inclusão de algumas linhas sobre as fanfictions e sobre o perfil do prossumidor. Quanto ao terceiro item, achei que não cabia uma revisão propriamente dita, mas, sim, um registro, para dar espaço e voz ao autor, como retribuição à gentileza e à generosidade que ele dedicou a mim e ao meu trabalho, em nossa breve correspondência. Em um diálogo normal, já é comum entendermos as informações de um modo diferente, o qual, às vezes, não corresponde à intenção do autor. Porém, neste texto, a conversa não se fez ao vivo, pois trabalhei com as ideias de Gumbrecht a posteriori, com base na presença que a lembrança das palavras do autor me propiciava. Apenas no fim do processo eu compartilhei meu texto com ele. Por isso, achei importante transcrever a ressalva feita por Gumbrecht à questão da aplicação. Relendo esta resenha, percebi que a única relativização que fiz a esse tema apareceu neste trecho: “[…] os pesquisadores e críticos não devem se restringir a aplicar teorias”. Como leitor do relato de suas próprias palavras, Gumbrecht fez um comentário que resolvi transcrever aqui, como continuidade da reflexão: “[…], pareço ser mais cético do que você em relação à utilidade das teorias de ‘aplicação’ na crítica literária. Pelo contrário, acredito que elas têm seu próprio direito — muitas vezes levando a questões filosóficas interessantes” (GUMBRECHT, 2019c, grifo no original, tradução nossa). Dessa forma, Gumbrecht afirma a viabilidade e a importância de utilizarmos algumas aplicações, simultaneamente à criação de conceitos. Entretanto, para nossa cultura, tão afeita a reproduções e empréstimos, penso que é fundamental insistirmos na superação, que só é possível a partir de uma postura permanentemente questionadora e criativa, mas resultante de duas etapas primordias: a contemplação e a crítica.

REFERÊNCIAS

ANDERSON, L. W. et al. A taxonomy for learning, teaching and assessing: a revision of Bloom’s Taxonomy of Educational Objectives. Nova York: Addison Wesley Longman, 2001.

BLOOM, B. S. et al. Taxonomy of educational objectives. Vol. 1. New York: David Mckay, 1956.

CALVINO, I. Por que ler os clássicos? São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

CANDIDO, A. Direitos humanos e literatura. Disponível em:

<https://bibliaspa.org/wp-content/uploads/2014/09/direitos-humanos-e-literatura-por-antonio-candido.pdf>. Acesso em: 9 out. 2019.

CHIAPPINI, L.; FLEISCHMANN, U. Entrevista com Alfredo Bosi. Iberoamericana, v. III, n. 10, 2003, p. 155-170.

COELHO, N. N. Literatura: um olhar aberto para o mundo. Disponível em: <http://www.collconsultoria.com/artigo7.htm>. Acesso em: 2 jun. 2007.

DIAS, S. Crítica e arte: a função da crítica. Disponível em: <www.ciberkiosk.pt/ARTES/sousadias.htm>. Acesso em: 5 out. 2004.

GUMBRECHT, H. U. Leitores não-profissionais de literatura e seus desafios. Minicurso ministrado noXI Seminário de Pesquisa do Mestrado em Teoria Literária da Uniandrade, Curitiba, 20 set. 2019a.

_____. [Sem título]. Reunião do Grupo de Pesquisa em Teoria Literária e Crítica Cultural (do Mestrado em Teoria Literária da Uniandrade) com Hans Ulrich Gumbrecht, Curitiba, 20 set. 2019b.

_____. [Sem título]. Comunicação via e-mail entre Hans Ulrich Gumbrecht e Verônica Daniel Kobs, no período de 14 a 30 out. 2019c.

_____. ¿Una universidad futura sin Humanidades? [Versión en castellano de Aldo Mazzucchelli. El discurso original integra la conferencia dictada en el Keio Research Center for the Liberal Arts, Japón, 2007.] Inmediaciones de la comunicación, v. 9, n. 9, Montevideo, 2014a, p. 117-141.

_____.  Atmosfera, ambiência, stimmung: sobre um potencial oculto da literatura. Rio de Janeiro: Contraponto; PUC-Rio, 2014b.

MATOS, M. R.; SILVA, D. C. S. e. Poesia e hipertexto em Arnaldo Antunes: reinventando a página poética. Ícone, São Luís de Montes Belos, v. 2, p. 211-227, jul. 2008.

PORTO, T. M. E. As tecnologias de comunicação e informação na escola. Relações possíveis… Relações construídas. Disponível em: <http://www.scielo.br/ pdf/rbedu/v11n31/a05v11n31.pdf>. Acesso em: 24 set. 2016.

*Hans Ulrich Gumbrecht: Escritor e crítico alemão. Professor de Literatura Comparada da Stanford University, em Palo Alto, Califórnia (EUA). Autor de obras traduzidas para mais de vinte idiomas. Doutor honoris causa em dez universidades, de diferentes países. No Brasil, algumas de suas publicações mais recentes são: Produção de presença: o que o sentido não consegue transmitir (2010), Graciosidade e estagnação: ensaios escolhidos (2012), Atmosfera, ambiência, stimmung: sobre um potencial oculto da literatura (2014) e Nosso amplo presente: o tempo e a cultura contemporânea (2015).

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