Sugestões de novas categorias em livrarias
Geralmente as livrarias catalogam seus livros distribuindo por categorias como “romance”, “ficção”, “biografia”, “não-ficção”, “religião”, “gastronomia”, entre outros. Percebo que alguns leitores – porque antes de tudo um escritor é um grande leitor – ainda não conseguem localizar seus livros nas prateleiras só com essas categorias. Dessa forma, propus novas categorias para organização de livros.
Livros juvenis para pessoas com mais de 30 anos:
Há um número relevante de pessoas acima dos 30 anos realizando uma busca nostálgica de ficção, em especial. O mesmo movimento é visto, por exemplo, no relançamento de filmes clássicos da Disney em novas versões em pleno 2019. A Bela e a Fera, em 2018, já retratou o público em questão: crianças da década de 90 que hoje já são pais.
Livros infantis para adultos:
Essa categoria não pode ser confundida com a anterior. O livro “A Parque Que Falta”, de Shel Silverstein, é filosófico e existencial. Apesar de ser ilustrado e voltado para o público infanto-juvenil, é mais indicado para adultos que ainda não encontraram seu lugar no mundo. Além desse exemplo, notei vários livros com a mesma estética e temática. Crianças podem não se entusiasmar, mas adultos, sim.
Livro para amigo oculto para pessoas que não tem ideia do gosto de quem tirou:
A prática do amigo oculto, ou amigo secreto, tão comum nos finais de ano, parece mais um carma que uma dádiva. Livreiros relatam a quantidade de pessoas que levam dor de cabeça, às vezes desaforo, para livrarias pela simples busca de um livro para dar de presente para quem as pessoas não fazem ideia do gosto. Uma categoria para auxiliar cairia muito bem.
Livros para pais que não leem, mas querem que os filhos sejam leitores:
Impressiona o número de pais, mães e outros responsáveis pela educação de crianças que buscam livros para estes menores como forma de incentivo à leitura. Por outro lado, a maioria não possui o hábito da leitura e sequer se importa com o tipo de livro que se encaixa na personalidade do filho e, ainda mais importante, não se importa com se o livro estimulará a criatividade e as potencialidades da criança.
Livros com selo do The New York Times:
Para alguns leitores o estímulo para a compra de um livro vem de listas compiladas por jornais e revistas. Muitas edições de livros já acrescentam na capa o selo de “mais vendidos do The New York Times”. Em todos os casos, o selo é uma anomalia em capas com belos designers. Se os livros são bons, aí é outra coisa e vai de cada um. Como diria Jorge Ben, “deu no New York Times: a feira de Acari é um sucesso”.
Livros com selo de adaptação Netflix (e outras plataformas de streaming de audiovisual):
Outra anomalia presente em capas de livros é o selo de “adaptado para série da Netflix”, a gigante do streaming. Não é um livro bom ou ruim, mas tá na Netflix. Serve para Amazon, HBO, GloboPlay e outros.
Livros que já viraram filmes:
Os únicos filmes que vi que, se não são melhores que os livros estão quase lá, são o Conde de Monte Cristo e O Poderoso Chefão. De resto, há aquela máxima de “o livro é melhor que o filme”. Se souber de outro filme melhor que o livro, nos contem. São linguagens diferentes, com profundidades muito distintas. Essa categoria é para aqueles que não se contentam em acreditar que um livro bom pode ter resultado em um filme tão questionável.
Livros que só a capa vale alguma coisa:
Aquele livro que compraremos pela capa, abriremos duas ou três vezes, insistiremos uma quarta e quinta vez até entendermos que só a capa é o que vale mesmo.
Livros de não-ficção, mas que são ficção sim:
Esse, amigos, nós já sabemos quais são. Os devaneios travestidos de relatos científicos, manuais ligeiros da história para quem não gosta de ler, entre outros.
Se faltou alguma categoria, estamos sempre abertos a sugestões.
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